Os ethé discursivos da cena enunciativa jurídica cível: uma análise da petição inicial, da contestação e da sentença no processo civil

• Autor(a) principal: Souza, Fernando Leandro De [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=10810704; https://repositorio.unifesp.br/xmlui/handle/11600/64887
• topic: Ethos Discursivo; Linguística; Análise De Discurso; Campo Jurídico; Discursive Ethos; Linguistics; Discourse Analysis; Legal Field

O presente trabalho tem como objetivo analisar a constituição do ethos discursivo, como concebido por Maingueneau (2008, 2013, 2015, 2018), na cena enunciativa jurídica cível. Ele se insere na linha de pesquisa “Linguagem em novos contextos” do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de São Paulo e agrega aos estudos linguísticos a análise de discurso do campo jurídico. Para tanto, realiza uma análise qualitativa de uma petição inicial, de uma contestação e de uma sentença, que compõem um mesmo processo na área cível, dentro de um procedimento ordinário. Esses três documentos constituem o corpus de pesquisa. Por meio da intersecção dos pensamentos de teóricos da Análise de Discurso, em especial dos de linha francesa, busca-se analisar os recursos linguístico-discursivos utilizados para a constituição do ethos discursivo do enunciador nos três gêneros de discurso mencionados e o grau de interferência que esses recursos exercem na adesão dos destinatários. Parte-se das hipóteses de que os enunciadores trabalham para transmitir uma boa imagem de si, em busca de um objetivo específico, e de que alguns indivíduos que assumem certos papéis discursivos veem como uma obrigação a necessidade de transmitir uma imagem distinta de si, como aqueles pertencentes aos campos discursivos do Direito. Aliado ao estudo do ethos, pretende-se investigar sobre as cenas de enunciação, teorizadas por Maingueneau (2015), a saber: a cena englobante, a cena genérica e a cenografia, a fim situar os gêneros eleitos dentro do universo discursivo a que pertencem, assim como estudar a polifonia, sob a visão do mesmo autor, para compreender o recurso ao argumento de autoridade, e discorrer dobre o ethos institucional, para compreender a relação de trocas simbólicas entre os indivíduos que assumem os papéis discursivos que circundam os gêneros eleitos e as suas respectivas instituições. Os resultados alcançados apontam para uma preferência pelos ethé erudito, solene, eloquente e combativo, pertencentes aos estereótipos de juiz e de advogado, marcados pelos recursos linguísticos argumentativos, pelo abuso de pronomes de tratamento, pelo apreço à linguagem pomposa, pelo recurso polifônico a vozes de autoridades externas aos enunciados, e pelo linguajar deliberativo.