A expressão mulher-macho: história e disputas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Letícia
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/61866
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar os sentidos do uso da expressão mulher-macho em objetos culturais no Brasil do século XX. Selecionamos a obra literária Luzia Homem (1903) de Domingos Olímpio, a letra da música Paraíba cuja autoria é de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, gravada primeiramente na voz de Emilinha Borba em 1946 e depois por Gonzaga em 1952 e a radionovela Jerônimo, o Herói do Sertão criada por Moysés Weltman para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1953. A pesquisa surgiu de inquietações sobre a expressão mulher-macho frequentemente mobilizada pela minha família e nas produções culturais do país, expressões como esta e cabra-macho ou cabra da peste são utilizadas ao se falar em Nordeste e/ou de “nordestinos”. Nordeste e/ou os nordestinos que foram / são historicamente atravessados por imagens ligadas à violência e virilidade, utilizadas enquanto categorias identitárias para se referir às pessoas da região. Para a análise busquei saber em quais momentos a expressão apareceu e como ganhou projeção também nos jornais de cada contexto abordado. Considera-se aqui a influência que tais linguagens culturais tiveram na elaboração da representação do sertanejo e da sertaneja, e posteriormente, na emergência da expressão mulher-macho para designar as mulheres do Nordeste, sobretudo, do sertão. Não se trata de buscar a origem da expressão, ou designar qual seria a original, mas analisar discursos que vão influenciar na construção de uma referência identitária, de maneira que as particularizam em detrimento de mulheres de outras regiões. A expressão não tem um significado intrínseco, mas sentidos construídos social e historicamente, desse modo, este trabalho metodologicamente pretende analisar o discurso presente na linguagem literária, musical e no gênero da radionovela, considerando sua produção, circulação e recepção, em três períodos da história.
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