Polinização por engano e poliembrionia no complexo Zygopetalum maculatum (Orchidaceae)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campacci, Thiago Vinicius Silva [UNIFESP]
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=151592
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48099
Resumo: As orquídeas representam uma das maiores famílias de angiospermas com extraordinária diversidade floral e mecanismos de polinização. O complexo ‘Zygopetalum maculatum’ inclui espécies morfologicamente e ecologicamente semelhantes, sendo de difícil e controversa delimitação. Apesar de apresentar ampla distribuição, flores grandes e vistosas e possuir um potencial ornamental, não existem estudos sobre polinização e biologia reprodutiva no gênero. Além disso, estudos embriológicos sugerem a ocorrência de sementes poliembriônicas para uma espécie. O objetivo deste estudo foi descrever a polinização e o sistema reprodutivo do complexo ‘Z. maculatum’ para verificar se este grupo é polinizado por engodo alimentar, conforme sugerido pela presença de características reprodutivas, e compreender padões de ocorrência e extensão geográfica da poliembrionia. Para tal foram coletados dados fenológicos mensais de 50 indivíduos em uma população. Para o sistema reprodutivo foram consideradas seis populações e realizados os tratamentos de emasculação, autopolinização e polinizações cruzadas (intra e interpopulacionais), além da observação de flores intocadas. O número de frutos desenvolvidos até a maturação e de sementes viáveis e poliembriônicas foram coletados principalmente a partir de indivíduos cultivados, mas também em campo. ‘Z. maculatum’ é polinizado por abelhas Bombus atratus. A polinização ocorre por engodo alimentar conforme sugerido pela floração gregária e em épocas distintas, pela presença de inflorescências e flores de longa duração, pela baixa freqüência de visitação e hábito de forrageamento do polinizador, e pela baixa freqüência de remoção de polinários. A maior limitação para o sucesso reprodutivo parece ser consequência da ausência de polinizadores. Neste grupo, a polinização é necessária para formação dos frutos, embora eventos raros de autopolinização espontânea tenham sido observados em campo. Todas as populações estudadas também mostraram-se autocompatíveis, apresentando elevados valores de frutificação e viabilidade de sementes. O sucesso reprodutivo (frutificação e viabilidade de sementes) por fecundação cruzada também foi alto para todas as populações. Entretanto, não observamos diferença entre os tratamentos de autopolinização, polinização cruzada intra e interpopulacional. A proporção das sementes viáveis e poliembriônicas não mostrou variação entre os diferentes tipos de cruzamentos, sendo estimada em 1/3. A constante e alta proporção de poliembrionia a partir de tratamentos distintos pode refletir padrões de diversidade genética homogêneos, possivelmente resultantes de um longo período de reprodução assexuada. Padrões de diversidade genética homogêneos dentro e entre populações também são sugeridos para o complexo pela ausência de diferenças no sucesso reprodutivo entre fecundações cruzadas dentro e entre populações. De fato, a alta proporção de frutos produzidos e sementes viáveis estimada não sugerem ocorrência de endogamia e indica elevada conectividade entre populações, conforme previsto para orquídeas polinizadas por engodo alimentar. Estudos complementares são necessários para compreensão dos processos evolutivos atuantes no complexo ‘Z. maculatum’.
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