Uma análise foucaultiana do currículo de Filosofia do proeja no IFTO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Morais, Sônia Eduardo de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFT
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11612/2365
Resumo: : Atualmente, os currículos escolares estão passando por mudanças profundas para atender ao previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que tange à formação de habilidades e competências específicas em cada modalidade de ensino, influenciando todo o processo de ensino e aprendizagem. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO/Campus Araguaína), local onde ocorreu a pesquisa, está diante desse contexto de modificação curricular e necessita que a implementação de conteúdos esteja contextualizada com a realidade social dos alunos. No caso, a pesquisa foi realizada no curso de Formação Inicial e Continuada em Operador de Computadores, na modalidade PROEJA, com os alunos da 1ª e 2ª séries do Ensino Médio, que são trabalhadores que não tiveram oportunidade de se inserir na educação formal em idade própria e que buscam na escola, hoje, suprir as necessidades exigidas pelo mundo do trabalho. O PROEJA é uma modalidade de ensino com especificidades como, por exemplo, a distorção idade-série, visível em sala de aula, que conta com alunos(as) com idades que variam de 18 a 60 anos e que, portanto, possuem uma experiência de vida que precisa ser considerada no processo de ensino e aprendizagem. A modificação curricular nos conteúdos de Ciências Humanas, que abrange o Ensino de Filosofia, precisou ser adaptado para esta realidade. Para proceder à reformulação curricular do Ensino de Filosofia observamos os conteúdos que estavam sendo aplicados, conforme a ementa, e vimos que estavam desarticulados da realidade sociocultural dos alunos e, portanto, das diretrizes curriculares do PROEJA. Tais diretrizes valorizam questões relacionadas com a vida dos alunos, como o trabalho, a cultura, a diversidade, gênero, a etnia, entre outros, com a finalidade de auxiliar na formação e na constituição de novos saberes e que estejam alinhadas com essa perspectiva. O problema de pesquisa teve como fulcro a reelaboração dos conteúdos curriculares da disciplina de Filosofia. Para tanto, aplicamos um conteúdo curricular a título de sequência didática experimental, pensando numa proposta de ementa articulada com as demandas sociais trazidas pelos alunos. Os produtos gerados pela pesquisa são uma ementa para o curso e uma sequência didática experimentada. O problema de pesquisa perpassou o processo de ensino e aprendizagem, onde constatamos, também, a necessidade de compreender como o ensino produz discursos que afetam a aprendizagem, ou seja, precisávamos compreender como os alunos estavam sendo afetados pelo que chamamos de “efeitos discursivos” próprios da educação formal e verificar como eles estavam atribuindo um significado próprio ao conteúdo que, muitas vezes, transbordava o esperado, o que chamamos de “ efeitos de sentido” – a forma como o aluno ressignifica o conteúdo e a partir dele expressa resistência, tomando como pressuposto fundamental a ideia do filósofo francês Michel Foucault de que onde há poder há resistência. A vontade de poder do professor é que o aluno aprenda o conteúdo curricular, mas qualquer exercício de poder produz resistência, tendo em vista que o próprio conteúdo já vem tangenciado por relações de poder-saber – a seleção de saberes predeterminada pela ementa, conforme a BNCC, dos saberes escolhidos pelos professores visando formar as habilidades e competências previstas. Todo o debate da dissertação está articulado com o pensamento foucaultiano de poder-saber, com vistas a proceder numa análise crítica do currículo de Filosofia vigente, do Documento Base do PROEJA (2007) e do material produzido pelos alunos, durante o ano letivo de 2019. Quais os efeitos da relação poder-saber sobre os modos de aprender dos alunos do PROEJA? Em que medida os enunciados filosóficos, considerando as implicações conceituais, sobretudo a relação de poder-saber, produzem resistências engendradas pelo próprio discurso formal escolar? São questões que procuramos responder ao longo do texto e orientaram a pesquisa. Num primeiro momento, buscamos analisar se os conteúdos previstos para estudos filosóficos, com base na ementa do Projeto Pedagógico de Curso (PPC), apresentava a relação necessária com os saberes e o modo de vida dos alunos. A pesquisa prática, por sua vez, foi realizada em 2019, com duas turmas de 1ª e 2ª série do PROEJA, e 25 alunos participaram, num contexto de uma aula semanal com cinquenta minutos cada. A partir dos dados coletados nas atividades pedagógicas realizadas pelos alunos, buscou-se, num segundo momento, verificar se com elas havia a possibilidade deles realizarem um revezamento discursivo de um saber a outro, no caso, de realizarem a passagem do senso comum para o senso crítico – reclamado pela Filosofia como reflexão e posicionamento crítico diante dos problemas filosóficos. Dessa forma ficou a dúvida, em que medida os saberes filosóficos críticos conduzem os alunos a um revezamento discursivo? A ideia de revezamento discursivo aparece num texto com diálogos entre Foucault e Deleuze, intitulado “Os intelectuais e o poder”, no livro Microfísica do poder, onde fica explícita a ideia de que as massas falam por elas mesmas sem precisar dos intelectuais, que podemos estender para a sala de aula, pressupondo que os alunos do PROEJA trazem um saber e um discurso que precisa ser considerado, que expressa por si mesmo uma resistência ao formal. Isso implica em dizer que não existe um saber melhor do que o outro, mas que existem saberes diferentes adaptados à realidade dos indivíduos. Em termos metodológicos, a pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa com fundo exploratório-descritiva, tendo a pesquisadora como observadora participante, fator que permitiu desvelar e evidenciar o modo como o discurso educacional expressa um poder-saber no PROEJA e como os alunos são afetados pelos discursos e, ao mesmo tempo, resistem a eles. A análise e a interpretação dos dados trouxeram indicativos relevantes para pensar que é preciso considerar os alunos para reelaborar a ementa da disciplina de Filosofia e adaptar os saberes filosóficos aos saberes da vida.
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spelling Morais, Sônia Eduardo deSoares , Paulo Sérgio GomesLeite, João de Deus2021-03-05T13:45:50Z2021-03-05T13:45:50Z2020-04-08MORAIS, Sônia Eduardo de. Uma análise foucaultiana do currículo de Filosofia do proeja no IFTO.2020.123f. Dissertação (Mestrado Profissional em Filosofia) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Palmas, 2020.http://hdl.handle.net/11612/2365: Atualmente, os currículos escolares estão passando por mudanças profundas para atender ao previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que tange à formação de habilidades e competências específicas em cada modalidade de ensino, influenciando todo o processo de ensino e aprendizagem. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO/Campus Araguaína), local onde ocorreu a pesquisa, está diante desse contexto de modificação curricular e necessita que a implementação de conteúdos esteja contextualizada com a realidade social dos alunos. No caso, a pesquisa foi realizada no curso de Formação Inicial e Continuada em Operador de Computadores, na modalidade PROEJA, com os alunos da 1ª e 2ª séries do Ensino Médio, que são trabalhadores que não tiveram oportunidade de se inserir na educação formal em idade própria e que buscam na escola, hoje, suprir as necessidades exigidas pelo mundo do trabalho. O PROEJA é uma modalidade de ensino com especificidades como, por exemplo, a distorção idade-série, visível em sala de aula, que conta com alunos(as) com idades que variam de 18 a 60 anos e que, portanto, possuem uma experiência de vida que precisa ser considerada no processo de ensino e aprendizagem. A modificação curricular nos conteúdos de Ciências Humanas, que abrange o Ensino de Filosofia, precisou ser adaptado para esta realidade. Para proceder à reformulação curricular do Ensino de Filosofia observamos os conteúdos que estavam sendo aplicados, conforme a ementa, e vimos que estavam desarticulados da realidade sociocultural dos alunos e, portanto, das diretrizes curriculares do PROEJA. Tais diretrizes valorizam questões relacionadas com a vida dos alunos, como o trabalho, a cultura, a diversidade, gênero, a etnia, entre outros, com a finalidade de auxiliar na formação e na constituição de novos saberes e que estejam alinhadas com essa perspectiva. O problema de pesquisa teve como fulcro a reelaboração dos conteúdos curriculares da disciplina de Filosofia. Para tanto, aplicamos um conteúdo curricular a título de sequência didática experimental, pensando numa proposta de ementa articulada com as demandas sociais trazidas pelos alunos. Os produtos gerados pela pesquisa são uma ementa para o curso e uma sequência didática experimentada. O problema de pesquisa perpassou o processo de ensino e aprendizagem, onde constatamos, também, a necessidade de compreender como o ensino produz discursos que afetam a aprendizagem, ou seja, precisávamos compreender como os alunos estavam sendo afetados pelo que chamamos de “efeitos discursivos” próprios da educação formal e verificar como eles estavam atribuindo um significado próprio ao conteúdo que, muitas vezes, transbordava o esperado, o que chamamos de “ efeitos de sentido” – a forma como o aluno ressignifica o conteúdo e a partir dele expressa resistência, tomando como pressuposto fundamental a ideia do filósofo francês Michel Foucault de que onde há poder há resistência. A vontade de poder do professor é que o aluno aprenda o conteúdo curricular, mas qualquer exercício de poder produz resistência, tendo em vista que o próprio conteúdo já vem tangenciado por relações de poder-saber – a seleção de saberes predeterminada pela ementa, conforme a BNCC, dos saberes escolhidos pelos professores visando formar as habilidades e competências previstas. Todo o debate da dissertação está articulado com o pensamento foucaultiano de poder-saber, com vistas a proceder numa análise crítica do currículo de Filosofia vigente, do Documento Base do PROEJA (2007) e do material produzido pelos alunos, durante o ano letivo de 2019. Quais os efeitos da relação poder-saber sobre os modos de aprender dos alunos do PROEJA? Em que medida os enunciados filosóficos, considerando as implicações conceituais, sobretudo a relação de poder-saber, produzem resistências engendradas pelo próprio discurso formal escolar? São questões que procuramos responder ao longo do texto e orientaram a pesquisa. Num primeiro momento, buscamos analisar se os conteúdos previstos para estudos filosóficos, com base na ementa do Projeto Pedagógico de Curso (PPC), apresentava a relação necessária com os saberes e o modo de vida dos alunos. A pesquisa prática, por sua vez, foi realizada em 2019, com duas turmas de 1ª e 2ª série do PROEJA, e 25 alunos participaram, num contexto de uma aula semanal com cinquenta minutos cada. A partir dos dados coletados nas atividades pedagógicas realizadas pelos alunos, buscou-se, num segundo momento, verificar se com elas havia a possibilidade deles realizarem um revezamento discursivo de um saber a outro, no caso, de realizarem a passagem do senso comum para o senso crítico – reclamado pela Filosofia como reflexão e posicionamento crítico diante dos problemas filosóficos. Dessa forma ficou a dúvida, em que medida os saberes filosóficos críticos conduzem os alunos a um revezamento discursivo? A ideia de revezamento discursivo aparece num texto com diálogos entre Foucault e Deleuze, intitulado “Os intelectuais e o poder”, no livro Microfísica do poder, onde fica explícita a ideia de que as massas falam por elas mesmas sem precisar dos intelectuais, que podemos estender para a sala de aula, pressupondo que os alunos do PROEJA trazem um saber e um discurso que precisa ser considerado, que expressa por si mesmo uma resistência ao formal. Isso implica em dizer que não existe um saber melhor do que o outro, mas que existem saberes diferentes adaptados à realidade dos indivíduos. Em termos metodológicos, a pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa com fundo exploratório-descritiva, tendo a pesquisadora como observadora participante, fator que permitiu desvelar e evidenciar o modo como o discurso educacional expressa um poder-saber no PROEJA e como os alunos são afetados pelos discursos e, ao mesmo tempo, resistem a eles. A análise e a interpretação dos dados trouxeram indicativos relevantes para pensar que é preciso considerar os alunos para reelaborar a ementa da disciplina de Filosofia e adaptar os saberes filosóficos aos saberes da vida.Currently, school curricula are undergoing profound changes to meet the requirements of the National Common Curricular Base (BNCC) with regard to the formation of specific skills and competences in each teaching modality, influencing the entire teaching and learning process. The Federal Institute of Education, Science and Technology of Tocantins (IFTO / Campus Araguaína), where the research took place, is facing this context of curricular modification and needs that the implementation of content be contextualized with the social reality of the students. In this case, the research was carried out in the course of Initial and Continuous Training in Computer Operator, in the PROEJA modality, with students from the 1st and 2nd grades of High School, who are workers who did not have the opportunity to enter formal education at an age that seek in school today to meet the needs demanded by the world of work. PROEJA is a teaching modality with specificities such as, for example, the age-grade distortion, visible in the classroom, which has students aged between 18 and 60 and who therefore have experience of life that needs to be considered in the teaching and learning process. The curricular modification in the contents of Human Sciences, which covers the Teaching of Philosophy, had to be adapted to this reality. To proceed with the curricular reformulation of Philosophy Teaching, we observed the contents that were being applied, according to the menu, and we saw that they were disconnected from the students' sociocultural reality and, therefore, from the PROEJA curriculum guidelines. Such guidelines value issues related to the students' lives, such as work, culture, diversity, gender, ethnicity, among others, in order to assist in the formation and constitution of new knowledge and that are aligned with this perspective. The research problem was focused on the re-elaboration of the curricular contents of the Philosophy discipline. To this end, we apply curricular content as an experimental didactic sequence, thinking of a menu proposal articulated with the social demands brought by the students. The products generated by the research are a menu for the course and an experienced teaching sequence. The research problem ran through the teaching and learning process, where we also noticed the need to understand how teaching produces discourses that affect learning, that is, we needed to understand how students were being affected by what we call “discursive effects” typical of formal education and to verify how they were giving their own meaning to the content, which often overflowed what was expected, what we call “sense effects” - the way the student refreshes the content and expresses resistance from it, taking as a fundamental assumption the idea of the French philosopher Michel Foucault that where there is power there is resistance. The teacher's desire for power is that the student learns the curricular content, but any exercise of power produces resistance, considering that the content itself is already tangent by power-knowledge relations - the selection of knowledge predetermined by the menu, according to the BNCC, of the knowledge chosen by the teachers in order to form the expected skills and competences. The entire dissertation debate is articulated with the Foucauldian thought of power-knowledge, with a view to proceeding with a critical analysis of the current Philosophy curriculum, the Base Document of PROEJA (2007) and the material produced by the students, during the academic year of 2019 What are the effects of the power-to-know relationship on PROEJA students' ways of learning? To what extent do philosophical statements, considering the conceptual implications, especially the relation of power-knowledge, produce resistance engendered by the formal school discourse itself? These are questions that we seek to answer throughout the text and guided the research. At first, we sought to analyze whether the content provided for philosophical studies, based on the menu of the Pedagogical Course Project (PPC), presented the necessary relationship with the students' knowledge and way of life. The practical research, in turn, was carried out in 2019, with two classes of 1st and 2nd grade of PROEJA, and 25 students participated, in the context of a weekly class with fifty minutes each. From the data collected in the pedagogical activities carried out by the students, it was sought, in a second moment, to verify if with them there was the possibility for them to perform a discursive rotation from one knowledge to another, in this case, to carry out the transition from common sense to critical sense - claimed by Philosophy as reflection and critical positioning in the face of philosophical problems. Thus, the question remained, to what extent the critical philosophical knowledge leads students to a discursive relay? The idea of discursive relay appears in a text with dialogues between Foucault and Deleuze, entitled “The intellectuals and the power”, in the book Microphysics of power, where it is explicit the idea that the masses speak for themselves without needing the intellectuals, that we can extend to the classroom, assuming that PROEJA students bring knowledge and a discourse that needs to be considered, which expresses resistance to the formal itself. This implies saying that there is no better knowledge than the other, but that there are different types of knowledge adapted to the reality of individuals. In methodological terms, the research followed a qualitative approach with an exploratory-descriptive background, with the researcher as a participating observer, a factor that allowed to unveil and highlight the way in which educational discourse expresses a power-knowledge in PROEJA and how students are affected by discourses. and, at the same time, resist them. The analysis and interpretation of the data brought relevant indications to think that it is necessary to consider the students to rework the menu of the discipline of Philosophy and adapt the philosophical knowledge to the knowledge of life.Universidade Federal do TocantinsPalmasPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaBrasilCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIAEnsino de Filosofia; Currículo; Poder-saber; Revezamento discursivo; Teaching Philosophy; Curriculum; Power-to-know; Discursive relayUma análise foucaultiana do currículo de Filosofia do proeja no IFTOinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFTinstname:Universidade Federal do Tocantins (UFT)instacron:UFTORIGINALSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdfSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdfapplication/pdf5628005http://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/2365/1/S%c3%b4nia%20Eduardo%20de%20Morais%20-%20Disserta%c3%a7%c3%a3o.pdf7995d5b1879376c217aa262d1e4c43e5MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748http://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/2365/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdf.txtSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdf.txtExtracted texttext/plain295218http://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/2365/3/S%c3%b4nia%20Eduardo%20de%20Morais%20-%20Disserta%c3%a7%c3%a3o.pdf.txt9136186d7aa5de0a870850d5341cbc1fMD53THUMBNAILSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdf.jpgSônia Eduardo de Morais - Dissertação.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1219http://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/2365/4/S%c3%b4nia%20Eduardo%20de%20Morais%20-%20Disserta%c3%a7%c3%a3o.pdf.jpgd4bd4fc0beafb52df32320d4495e008cMD5411612/23652021-03-06 03:01:30.922oai:repositorio.uft.edu.br:11612/2365Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.uft.edu.br/oai/requestbiblioarraias@uft.edu.br || bibliogpi@uft.edu.br || bibliomira@uft.edu.br || bibliopalmas@uft.edu.br || biblioporto@uft.edu.br || biblioarag@uft.edu.br || dirbib@ufnt.edu.br || bibliocca@uft.edu.br || bibliotoc@uft.edu.bropendoar:2021-03-06T06:01:30Repositório Institucional da UFT - Universidade Federal do Tocantins (UFT)false
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O problema de pesquisa teve como fulcro a reelaboração dos conteúdos curriculares da disciplina de Filosofia. Para tanto, aplicamos um conteúdo curricular a título de sequência didática experimental, pensando numa proposta de ementa articulada com as demandas sociais trazidas pelos alunos. Os produtos gerados pela pesquisa são uma ementa para o curso e uma sequência didática experimentada. O problema de pesquisa perpassou o processo de ensino e aprendizagem, onde constatamos, também, a necessidade de compreender como o ensino produz discursos que afetam a aprendizagem, ou seja, precisávamos compreender como os alunos estavam sendo afetados pelo que chamamos de “efeitos discursivos” próprios da educação formal e verificar como eles estavam atribuindo um significado próprio ao conteúdo que, muitas vezes, transbordava o esperado, o que chamamos de “ efeitos de sentido” – a forma como o aluno ressignifica o conteúdo e a partir dele expressa resistência, tomando como pressuposto fundamental a ideia do filósofo francês Michel Foucault de que onde há poder há resistência. A vontade de poder do professor é que o aluno aprenda o conteúdo curricular, mas qualquer exercício de poder produz resistência, tendo em vista que o próprio conteúdo já vem tangenciado por relações de poder-saber – a seleção de saberes predeterminada pela ementa, conforme a BNCC, dos saberes escolhidos pelos professores visando formar as habilidades e competências previstas. Todo o debate da dissertação está articulado com o pensamento foucaultiano de poder-saber, com vistas a proceder numa análise crítica do currículo de Filosofia vigente, do Documento Base do PROEJA (2007) e do material produzido pelos alunos, durante o ano letivo de 2019. Quais os efeitos da relação poder-saber sobre os modos de aprender dos alunos do PROEJA? Em que medida os enunciados filosóficos, considerando as implicações conceituais, sobretudo a relação de poder-saber, produzem resistências engendradas pelo próprio discurso formal escolar? São questões que procuramos responder ao longo do texto e orientaram a pesquisa. Num primeiro momento, buscamos analisar se os conteúdos previstos para estudos filosóficos, com base na ementa do Projeto Pedagógico de Curso (PPC), apresentava a relação necessária com os saberes e o modo de vida dos alunos. A pesquisa prática, por sua vez, foi realizada em 2019, com duas turmas de 1ª e 2ª série do PROEJA, e 25 alunos participaram, num contexto de uma aula semanal com cinquenta minutos cada. A partir dos dados coletados nas atividades pedagógicas realizadas pelos alunos, buscou-se, num segundo momento, verificar se com elas havia a possibilidade deles realizarem um revezamento discursivo de um saber a outro, no caso, de realizarem a passagem do senso comum para o senso crítico – reclamado pela Filosofia como reflexão e posicionamento crítico diante dos problemas filosóficos. Dessa forma ficou a dúvida, em que medida os saberes filosóficos críticos conduzem os alunos a um revezamento discursivo? A ideia de revezamento discursivo aparece num texto com diálogos entre Foucault e Deleuze, intitulado “Os intelectuais e o poder”, no livro Microfísica do poder, onde fica explícita a ideia de que as massas falam por elas mesmas sem precisar dos intelectuais, que podemos estender para a sala de aula, pressupondo que os alunos do PROEJA trazem um saber e um discurso que precisa ser considerado, que expressa por si mesmo uma resistência ao formal. Isso implica em dizer que não existe um saber melhor do que o outro, mas que existem saberes diferentes adaptados à realidade dos indivíduos. Em termos metodológicos, a pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa com fundo exploratório-descritiva, tendo a pesquisadora como observadora participante, fator que permitiu desvelar e evidenciar o modo como o discurso educacional expressa um poder-saber no PROEJA e como os alunos são afetados pelos discursos e, ao mesmo tempo, resistem a eles. A análise e a interpretação dos dados trouxeram indicativos relevantes para pensar que é preciso considerar os alunos para reelaborar a ementa da disciplina de Filosofia e adaptar os saberes filosóficos aos saberes da vida.
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