Escritos sobre a velhice feminina em contos de Clarice Lispector: uma análise semiótica.

• Autor(a) principal: Matos, Priscila Mikaeli Tavares
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFT
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11612/4654
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LINGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS; Velhice feminina.; Clarice Lispector.; Literatura.; Semiótica discursiva.

Este artigo analisa quatro contos de Clarice Lispector, nos quais a autora tematiza a velhice feminina. Os contos selecionados foram “Feliz Aniversário”, publicado na antologia Laços de família; “A procura de uma dignidade” e “A partida do trem”, no livro Onde estiveste de noite e “O grande passeio”, publicado em Felicidade clandestina. Pelas recorrências, partimos do pressuposto de que Clarice dá lugar de destaque a essa temática, considerando ainda a especificidade que confere à mulher, na condição de idosa. Na sociedade brasileira, marcadamente capitalista, a figura do idoso é vista disforicamente. Sua aparente inutilidade, seu “lazer permanente”, como ouvimos na voz de uma das personagens, parecem traduzir sua falta de sentido da continuidade de sua presença no mundo. A morte anunciada, mais do que a de todos os outros, é o que se parece esperar para quem vive mais do que devia. Nos contos, as mulheres sofrem com demência, em diferentes estágios, com a fragilidade física, com o abandono. Neles, buscamos identificar que temas se fazem presentes na figurativização da velhice. Para essa análise, mobilizamos categorias da semiótica discursiva, mais explicitamente relativas à semântica discursiva, levando em conta os processos de tematização e figurativização. Como se trata do gênero conto, são textos predominantemente figurativos, nos quais os temas são implícitos, a serem depreendidos pelo esforço de análise. Ali estão presentes a decadência física e mental, a pobreza, o alheamento, a morte, a figura do idoso como a de um estorvo. A despeito disso, ainda há lugar para o afeto e, mesmo, a sensualidade.