Incorporando o conhecimento ecológico local na conservação dos lagartos da serra do Ouro Branco, Minas Gerais, Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Bioscience journal (Online) |
Texto Completo: | https://seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/23532 |
Resumo: | Até o momento quinze espécies de lagartos foram registradas para a Serra do Ouro Branco, que corresponde a porção sul da Cadeia do Espinhaço, local onde a diversidade e o estado de conservação desse grupo zoológico são pouco conhecidos. Nesta Serra estão inseridos o Parque Estadual da Serra do Ouro Branco e o Monumento Natural Estadual de Itatiaia, unidades de conservação recentemente criadas. Para o êxito dos planos de conservação e manejo de unidades de conservação é fundamental o envolvimento da população local ao longo de todo processo desde a criação, implementação até a manutenção. Neste sentido, foi investigado, sob uma perspectiva etnozoológica, o conhecimento local relativo aos lagartos da Serra do Ouro Branco. Participaram desse estudo 107 moradores de três povoados localizados no entorno das duas unidades de conservação. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, lista livre e testes projetivos com fotografias. Foram reconhecidas oito espécies por seis nomes populares. Estas incluem formas semifossoriais e de difícil visualização, como Heterodactylus imbricatus e Ophiodes striatus. As espécies do gênero Enyalius foram conhecidas por "cambaleão". Tropidurus torquatus e Tropidurus itambere foram denominados "calango". A lagartixa de parede, designada por "briba" (Hemidactylus mabouia), foi associada à transmissão de doença de pele, ou "cobreiro". Heterodactylus imbricatus e Ophiodes striatus, reconhecidas como "cobra de patas" e "cobra de vidro", respectivamente, são consideradas serpentes e, em geral, são mortas quando avistadas. O teiú (Salvator merianae) abrangeu a maior frequência de relatos, tendo sido capturado no passado, tanto para fins alimentares, quanto medicinais. Em função de relações conflituosas, ligadas à predação de animais de criação, os teiús, acabam sendo mortos. O acesso ao atendimento médico junto às mudanças sociais das comunidades parece ter contribuído para a redução do uso de animais com fins medicinais e alimentares, resultando em uma diminuição ou perda de práticas locais de usos de lagartos nessas comunidades. Os entrevistados reconheceram aproximadamente 50% dos lagartos registrados para a região da Serra do Ouro Branco. Estratégias de conservação, elaboradas de forma participativa, serão fundamentais no sentido de reforçar a importância desta fauna para a manutenção dos processos ecológicos da Serra do Ouro Branco, além de possibilitar o envolvimento dos moradores locais em iniciativas de conservação. |
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