O CETICISMO INACABADO DE DESCARTES
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Educação e Filosofia |
Texto Completo: | https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/30013 |
Resumo: | * Este texto apresenta o resultado parcial de um trabalho realizado com o auxílio da Fapemig - Fundação de Apoio à Pesquisa de Minas Gerais. ** Professor Adjunto 4 do Instituto de Filosofia (IFILO) da Universidade Federal de Uberlândia. O ceticismo inacabado de Descartes Este texto pretende mostrar que, do ponto de vista das ciências empíricas, o projeto de demolição do ceticismo, conduzido por Descartes, perdura até a VI Meditação e nela não pode ser concluído. Se isto assim ocorre, é porque há dois modelos de superação do ceticismo em Descartes. O primeiro modelo diz respeito à superação da dúvida metafísica. Esse modelo alcança algum êxito já na II Meditação, na qual, por analogia com o procedimento matemático, a descoberta de uma evidência irrecusável conduz à primeira certeza, e esta se torna o ponto de partida para a obtenção de outras. O segundo modelo diz respeito à superação da dúvida sobre os conteúdos do mundo sensível. Embora pareça que a solução do segundo modelo decorra diretamente do êxito obtido no domínio do primeiro, isto não se dá, porque, conquanto Descartes construa os fundamentos matemáticos de uma teoria do extenso, nela não consegue resolver os problemas da Física entendida como uma teoria dos objetos empíricos. Palavras-chave: Descartes. Ceticismo. Dúvida. Física. Matemática. ABSTRACT The intention of this text is to show that from the point of view of the empirical sciences, the project of demolition of skepticism, conducted by Descartes, continues up to Meditation VI and may not be concluded in it. If this occurs, it is because there are two models of overcoming skepticism in Descartes. The first model is in regard to overcoming the metaphysical doubt. This model is already somewhat successful in Meditation II in which, by analogy with the mathematical procedure, the discovery of evidence that cannot be refused leads to the first certainty, and this becomes the point of departure for the obtaining of others. The second model is in regard to overcoming doubt about the content of the sensible world. Although it may seem that the solution of the second model comes to pass directly from the success obtained in the mastery of the first, this is not so, because although Descartes constructs the foundations of mathematics from a theory of extension, he is not able to resolve in it the problems of Physics understood as a theory of empirical objects. Keywords: Descartes. Skepticism. Doubt. Physics. Mathematics. REFERÊNCIAS BEYSSADE, Jean-Marie. A teoria cartesiana da substância. In: Analytica. Rio de Janeiro. v. 2. n. 2. p. 11-36, 1997. DESCARTES. Oeuvres de Descartes. Editadas por Charles Adam e Paul Tannery. Paris: Vrin, 1996. v. VII e IX. ______. Meditações sobre Filosofia Primeira. Edição bilíngue. Tradução e nota prévia de Fausto Castilho. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2004. GARBER, Daniel. Body: its existence and nature. In: ______. Descartes’ metaphysical physics. Chicago: The University of Chicago Press, 1992. p. 63-93. GLAUSER, Richard. Descartes et l.héritage cartésien. In: ______. Berkeley et les philosophes du XVIIe siècle. Perception et scepticisme. Liège: Pierre Mardaga Editeur, 1999. p. 33-100. GUEROULT, Martial. Descartes selon l’ordre des raisons. Paris: Aubier[1]Montaigne, 1968. 2 v. POIRIER, Jean-Louis. Commentaire. In: DESCARTES. Les Méditations Métaphysiques. Edição preparada por J.-L. Poirier. Paris: Bordas, 1987. p. 95-190. POPKIN, Richard H. Preface; Descartes: conqueror of skepticism (cap. IX); Descartes: sceptique malgré lui (cap. X). In: ______. The History of Scepticism from Erasmus to Spinoza. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1979. Preface, p. xiii-xxii; cap. IX, p. 172- 192; cap. X, p. 193-213. Data de registro: 18/07/2011 Data de aceite: 24/08/2011 |
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O CETICISMO INACABADO DE DESCARTESDescartes. Ceticismo. Dúvida. Física. Matemática.* Este texto apresenta o resultado parcial de um trabalho realizado com o auxílio da Fapemig - Fundação de Apoio à Pesquisa de Minas Gerais. ** Professor Adjunto 4 do Instituto de Filosofia (IFILO) da Universidade Federal de Uberlândia. O ceticismo inacabado de Descartes Este texto pretende mostrar que, do ponto de vista das ciências empíricas, o projeto de demolição do ceticismo, conduzido por Descartes, perdura até a VI Meditação e nela não pode ser concluído. Se isto assim ocorre, é porque há dois modelos de superação do ceticismo em Descartes. O primeiro modelo diz respeito à superação da dúvida metafísica. Esse modelo alcança algum êxito já na II Meditação, na qual, por analogia com o procedimento matemático, a descoberta de uma evidência irrecusável conduz à primeira certeza, e esta se torna o ponto de partida para a obtenção de outras. O segundo modelo diz respeito à superação da dúvida sobre os conteúdos do mundo sensível. Embora pareça que a solução do segundo modelo decorra diretamente do êxito obtido no domínio do primeiro, isto não se dá, porque, conquanto Descartes construa os fundamentos matemáticos de uma teoria do extenso, nela não consegue resolver os problemas da Física entendida como uma teoria dos objetos empíricos. Palavras-chave: Descartes. Ceticismo. Dúvida. Física. Matemática. ABSTRACT The intention of this text is to show that from the point of view of the empirical sciences, the project of demolition of skepticism, conducted by Descartes, continues up to Meditation VI and may not be concluded in it. If this occurs, it is because there are two models of overcoming skepticism in Descartes. The first model is in regard to overcoming the metaphysical doubt. This model is already somewhat successful in Meditation II in which, by analogy with the mathematical procedure, the discovery of evidence that cannot be refused leads to the first certainty, and this becomes the point of departure for the obtaining of others. The second model is in regard to overcoming doubt about the content of the sensible world. Although it may seem that the solution of the second model comes to pass directly from the success obtained in the mastery of the first, this is not so, because although Descartes constructs the foundations of mathematics from a theory of extension, he is not able to resolve in it the problems of Physics understood as a theory of empirical objects. Keywords: Descartes. Skepticism. Doubt. Physics. Mathematics. REFERÊNCIAS BEYSSADE, Jean-Marie. A teoria cartesiana da substância. In: Analytica. Rio de Janeiro. v. 2. n. 2. p. 11-36, 1997. DESCARTES. Oeuvres de Descartes. Editadas por Charles Adam e Paul Tannery. Paris: Vrin, 1996. v. VII e IX. ______. Meditações sobre Filosofia Primeira. Edição bilíngue. Tradução e nota prévia de Fausto Castilho. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2004. GARBER, Daniel. Body: its existence and nature. In: ______. Descartes’ metaphysical physics. Chicago: The University of Chicago Press, 1992. p. 63-93. GLAUSER, Richard. Descartes et l.héritage cartésien. In: ______. Berkeley et les philosophes du XVIIe siècle. Perception et scepticisme. Liège: Pierre Mardaga Editeur, 1999. p. 33-100. GUEROULT, Martial. Descartes selon l’ordre des raisons. Paris: Aubier[1]Montaigne, 1968. 2 v. POIRIER, Jean-Louis. Commentaire. In: DESCARTES. Les Méditations Métaphysiques. Edição preparada por J.-L. Poirier. Paris: Bordas, 1987. p. 95-190. POPKIN, Richard H. Preface; Descartes: conqueror of skepticism (cap. IX); Descartes: sceptique malgré lui (cap. X). In: ______. The History of Scepticism from Erasmus to Spinoza. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1979. Preface, p. xiii-xxii; cap. IX, p. 172- 192; cap. X, p. 193-213. Data de registro: 18/07/2011 Data de aceite: 24/08/2011EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia2015-04-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/3001310.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v25nEspeciala2011-10Educação e Filosofia; v. 25 n. n.ESP (2011): v.25 n. Especial 2011; 215-2381982-596X0102-6801reponame:Educação e Filosofiainstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUporhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/30013/38331https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/30013/38332Copyright (c) 2011 Marcos César Senedahttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessSeneda, Marcos César2024-03-04T18:04:11Zoai:ojs.www.seer.ufu.br:article/30013Revistahttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofiaPUBhttps://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/oai||revedfil@ufu.br1982-596X0102-6801opendoar:2024-03-04T18:04:11Educação e Filosofia - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false |
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