Hemoparasitismo e razão heterófilo/linfócito no biomonitoramento de aves do Cerrado

• Autor(a) principal: Ribeiro, Paulo Vitor Alves
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/35273; http://doi.org/10.14393/ufu.te.2022.260
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIA::ECOLOGIA APLICADA; CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::PARASITOLOGIA::PROTOZOOLOGIA DE PARASITOS; urbanização; poluição; estresse; leucócitos; malária aviária; urbanization; pollution; stress; leukocytes; avian malaria; Ecologia; Ecologia dos cerrados; Recuperação ecológica; Parasitologia

Organismos que vivenciam fatores estressores e sofrem alterações morfofisiológicas e comportamentais são denominados biomonitores. As aves são organismos modelos para estudos de biomonitoramento por serem sensíveis às alterações ambientais. Neste estudo, foram utilizadas a razão heterófilo/linfócito (H/L - indicativo de estresse crônico), prevalência e parasitemia de hemoparasitos como ferramentas de biomonitoramento em aves do Cerrado. O objetivo foi comparar a razão H/L e o hemoparasitismo de aves entre áreas com diferentes níveis de urbanização e condições ambientais. Foram capturadas 1288 aves (41 espécies) em seis fragmentos florestais de Cerrado, entre 2013-2019, para confecção e análise de extensões sanguíneas. Os fragmentos florestais foram classificados em: rurais, periurbanos, e urbanos, e em cada fragmento foi mensurado os níveis de poluentes sonoros (ruídos antrópicos) e atmosféricos (monóxido de carbono), e foi calculada a área ocupada por recursos hídricos em um raio de 1 km². Verificou-se maior razão H/L em aves capturadas em áreas urbanas e periurbanas e com níveis elevados de poluentes sonoros e atmosféricos, e menor razão H/L nos indivíduos de áreas rurais e com baixos níveis de poluentes. Ao todo, 519 (40,2%) indivíduos apresentaram-se infectados por hemosporídeos, sendo 516 (40%) por Plasmodium spp. e 13 (1,0%) por Haemoproteus spp. A parasitemia não se associou ao nível de urbanização, porém diferiu entre os seis fragmentos florestais, sendo maior naqueles onde há maior quantidade de recursos hídricos. Também foram realizados testes experimentais com canários-belga (Serinus canaria). Os canários foram divididos em dois grupos; um mantido em um centro urbano (n=20), e outro em uma área rural e distante da urbanização (n=20). Em ambas as localidades foram mensurados os níveis de poluentes atmosféricos; monóxido de carbono e material particulado. O experimento durou 120 dias e a cada 15 dias foram feitas coletas e extensões sanguíneas. A razão H/L foi maior nos canários da área urbana e mais poluída, e aumentou com tempo de experimento. As infecções por hemosporídeos (Plasmodium spp.) foram maiores nos canários do ambiente rural, com prevalência média de 57,1% nos canários rurais e 1,11% nos urbanos. A parasitemia correlacionou negativamente com a razão H/L tanto nas aves nativas quanto nos canários, sugerindo que os indivíduos podem estar imunologicamente ativos. O estudo mostrou que as aves que vivem em áreas urbanizadas e poluídas apresentam maiores indicativos de estresse (razão H/L), e que os parasitos hemosporídeos são favorecidos em áreas que podem oferecer mais recursos para a reprodução e desenvolvimento dos vetores. Esses resultados sugerem que a razão H/L e os parasitos hemosporídeos podem ser utilizados como ferramentas de biomonitoramento ambiental e como parâmetros para avaliar as condições das aves de ambientes degradados.