Dieta e sobreposição de nicho de aves insetívoras de sub-bosque no sudeste do Brasil

• Autor(a) principal: Lima, Ana Luísa de Carvalho
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/34989; http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2019.1255
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIA; Aves insetívoras; Sobreposição de nicho; Dieta; Preferência alimentar; Mata Atlântica; insectivorous birds; niche overlap; diet; food preference; Atlantic Rain Forest; Ecologia; Nicho (Ecologia); Ave - Alimento; Dietas

Investigou-se a dieta e as relações de nicho alimentar entre aves insetívoras de sub-bosque, em diferentes micro-habitats, com base nos dados da sua dieta (amostras fecais), morfologia (massa corporal e comprimento do bico) e disponibilidade dos recursos que elas exploram em uma área florestal no sudeste do Brasil. Com relação à dieta, investigou-se a preferência alimentar de M. leucoblephara para táxons e tamanhos de presas (Capítulo I – publicado na revista Studies on Neotropical Fauna and Environment). Os estudos de sobreposição de nicho ocorreram dentro de três diferentes grupos, conforme a exploração de micro-habitats, insetívoros de folhagem (IF), insetívoros de chão (IC) e insetívoros de tronco (IT), sendo incluídas nas análises somente as espécies cujo número de amostras fecais foi ≥ 10. Para os estudos das relações de nicho entre espécies insetívoras de folhagem, foram investigadas quatro espécies, Basileuterus culicivorus, Dysithamnus mentalis, Hemitriccus diops e Platyrinchus mystaceus (Capítulo II). Para os insetívoros de chão, Conopophaga lineata, Myiothlypis leucoblephara e Pyriglena leucoptera (Capítulo III) e para os insetívoros de tronco, duas espécies de arapaçus, Sittasomus griseicapillus e Xiphorhynchus fuscus (Capítulo IV). O estudo foi realizado entre os anos de 2013 e 2016 em um fragmento de floresta estacional semidecidual, na Fazenda Bom Jardim, município de São Vicente de Minas, sul de Minas Gerais. Foram estabelecidas cinco linhas amostrais e as aves foram capturadas com redes ornitológicas (10 em cada linha), sendo os invertebrados coletados no chão (serrapilheira) e na folhagem (“branch-clipping”). Foram realizadas 3000 h/r, totalizando 714 capturas de 586 indivíduos componentes de 48 espécies, sendo 27 espécies insetívoras. A composição da dieta em termos de táxons não foi suficiente para definir padrões de segregação de nicho dentro dos grupos investigados, posto que houve alta sobreposição de nicho e nenhuma diferenciação das amplitudes de nicho entre as espécies de cada micro-habitat. O consumo diferencial de presas com relação a tamanho é apontado aqui como um dos fatores responsáveis por mediar a coexistência de espécies entre os IF, todavia, esse mesmo padrão não fora observado entre o IT, cujas diferenças morfológicas não influenciaram o tamanho dos invertebrados consumidos. Os IC, por sua vez, apresentaram uma relação positiva entre os dados de massa corporal e tamanho de suas presas, onde aves maiores consumiram também os maiores invertebrados. Embora os 2 resultados tenham apontado segregação de nicho alimentar, com relação à tamanho de presas, entre M. leucoblephara e as outras duas espécies de IC, não houve segregação de nicho entre C. lineata e P. leucoptera, espécies mais próximas morfologicamente. Conforme os resultados deste estudo, a composição da dieta, em termos de táxons, não foi capaz de definir padrões de segregação de nicho dentro dos grupos de aves insetívoras aqui estudados, o que parece ser melhor explicado pelo consumo diferencial do tamanho de presas. Não obstante, o estudo sugere que a associação das informações aqui obtidas a dados comportamentais das aves, especialmente aqueles relacionados à exploração diferencial no espaço-tempo, pode fornecer uma melhor compreensão das relações de nicho trófico estabelecidas entre essas espécies dentro de cada micro-habitat.