O papel da determinação descendente no julgamento moral ou regulação top-down das emoções morais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFU |
Texto Completo: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/27035 http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.2290 |
Resumo: | O debate sobre a moralidade humana sempre despertou grande interesse na filosofia. Desde as mais antigas e clássicas discussões promovidas por Platão, Aristótoles e os filósofos helenistas, a história do pensamento jamais conheceu período em que os debates sobre ética e moralidade tenham sido negligenciados. Um exemplo disso é o uso das mais diversas terminologias para designar um sem número de correntes téoricas na contemporaneidade, tais como contratualismo, utilitarismo, deontologia e metaética. Grande parte do conteúdo filosófico que permeia esse debate envolve um conjunto de teses normativas e prescritivas, as quais, em comum, se propõem discutir normas ou sentenças morais, mobilizando-se, para tanto, na análise de fatos morais e na discriminação de diretrizes para acessar possíveis soluções para problemas envolvendo questões e/ou dilemas morais. Sem desconsiderar a importância do conhecimento filosófico possuído pelos pesquisadores de Ética, o atual trabalho se situa em um outro paradigma conceitual, metodológico e estrutural, e está menos preocupado com prescrições e normatizações do que na análise filosófica de conhecimentos, fatos e ilações sobre a estrutura, a origem e as limitações dos nossos pensamentos cognitivos morais. Nesse contexto paradigmático, colocamos o foco teórico e estrutural no processo de tomada de decisão humana (decision-making), analisando, assim, os aspectos centrais da cognição moral na perspectiva da filosofia da mente com a colaboração interdisciplinar da biologia, física, psicologia etc. e principalmente os estudos empíricos da neurociência. A pesquisa aqui delineada defende a tese de que o conjunto de princípios morais humanos deriva de processos cognitivos que emergiram do mundo físico, da evolução biológica humana e da evolução cultural da nossa sociedade, o que compromete a pesquisa com um modelo filosófico empírico e naturalista. Com base nesse quadro teórico, conceitual, estrutural e metodológica, a abordagem que professamos se opõe a algumas outras abordagens teóricas, notoriamente o dualismo cartesiano e o reducionismo fisicalista. O primeiro deles — o dualismo cartesiano — se opõe frontalmente à principal perspectiva teórica que defenderemos nessa dissertação, o emergentismo filosófico, já que os emergentistas defendem a tese de que tudo que existe na natureza — substâncias, organismos, organizações etc. — são compostos por substâncias essencialmente físicas. A segunda abordagem que consideremos distante da nossa, a professada pelos reducionistas, normalmente exclui o diálogo entre filosofia e ciência, reduzindo estados mentais a tipos de estados neurais, ou ainda eventos mentais a eventos físicos, de onde se segue a tese de que estados mentais são redutíveis a estados neurais. Considerando esses fatores fundamentais, a dissertação é sustentada por três pilares básicos, quais sejam: (a) há fatores biológicos naturais da moralidade que condicionam a cognição moral a uma explicação naturalista e evolucionista; (b) há um papel predominante das emoções morais no condicionamento das reações automáticas e instintivas do comportamento humano; (c) há um papel da determinação descendente ou da regulação top-down das emoções morais, na capacidade de restringir e reprimir os comportamentos automáticos da tomada de decisão moral. A partir desses três princípios que norteiam nossa Dissertação, consideramos plausível sustentar que a cognição moral pode ser entendida como um conjunto de mecanismos cognitivos que emergem de processos neurofisiológicos prioritariamente compostos por comportamentos automáticos, subsidiados por reações instintivas não-conscientes, e com possibilidade de serem operados de forma consciente por meio de processo de determinação descendente/ regulação top-down. Esses mecanismos cognitivos, cremos, visam à sobrevivência humana, seja no nível individual ou de um determinado grupo de indivíduos. Dessa definição conceitual chegamos à tese central do trabalho, de que os mecanismos que subsidiam as decisões deliberadas e conscientes são capazes de promover a determinação descendente ou regulação top-down das emoções morais. Essa dinâmica estrutural possibilita aos seres humanos, diferentemente dos seres vivos de níveis de desenvolvimento inferiores, a produção de comportamentos mais complexos e evoluídos capazes de controlar os reflexos mais básicos de autopreservação deliberadamente, a partir da reflexão racional por meio de mecanismos e processos mentais conscientes |
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2019-09-25T13:57:49Z2019-09-25T13:57:49Z2019-02-26RAMOS, Marlos Vinícius Oliveira. O PAPEL DA DETERMINAÇÃO DESCENDENTE NO JULGAMENTO MORAL OU REGULAÇÃO TOP-DOWN DAS EMOÇÕES MORAIS. 2019. 111 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.2290https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/27035http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.2290O debate sobre a moralidade humana sempre despertou grande interesse na filosofia. Desde as mais antigas e clássicas discussões promovidas por Platão, Aristótoles e os filósofos helenistas, a história do pensamento jamais conheceu período em que os debates sobre ética e moralidade tenham sido negligenciados. Um exemplo disso é o uso das mais diversas terminologias para designar um sem número de correntes téoricas na contemporaneidade, tais como contratualismo, utilitarismo, deontologia e metaética. Grande parte do conteúdo filosófico que permeia esse debate envolve um conjunto de teses normativas e prescritivas, as quais, em comum, se propõem discutir normas ou sentenças morais, mobilizando-se, para tanto, na análise de fatos morais e na discriminação de diretrizes para acessar possíveis soluções para problemas envolvendo questões e/ou dilemas morais. Sem desconsiderar a importância do conhecimento filosófico possuído pelos pesquisadores de Ética, o atual trabalho se situa em um outro paradigma conceitual, metodológico e estrutural, e está menos preocupado com prescrições e normatizações do que na análise filosófica de conhecimentos, fatos e ilações sobre a estrutura, a origem e as limitações dos nossos pensamentos cognitivos morais. Nesse contexto paradigmático, colocamos o foco teórico e estrutural no processo de tomada de decisão humana (decision-making), analisando, assim, os aspectos centrais da cognição moral na perspectiva da filosofia da mente com a colaboração interdisciplinar da biologia, física, psicologia etc. e principalmente os estudos empíricos da neurociência. A pesquisa aqui delineada defende a tese de que o conjunto de princípios morais humanos deriva de processos cognitivos que emergiram do mundo físico, da evolução biológica humana e da evolução cultural da nossa sociedade, o que compromete a pesquisa com um modelo filosófico empírico e naturalista. Com base nesse quadro teórico, conceitual, estrutural e metodológica, a abordagem que professamos se opõe a algumas outras abordagens teóricas, notoriamente o dualismo cartesiano e o reducionismo fisicalista. O primeiro deles — o dualismo cartesiano — se opõe frontalmente à principal perspectiva teórica que defenderemos nessa dissertação, o emergentismo filosófico, já que os emergentistas defendem a tese de que tudo que existe na natureza — substâncias, organismos, organizações etc. — são compostos por substâncias essencialmente físicas. A segunda abordagem que consideremos distante da nossa, a professada pelos reducionistas, normalmente exclui o diálogo entre filosofia e ciência, reduzindo estados mentais a tipos de estados neurais, ou ainda eventos mentais a eventos físicos, de onde se segue a tese de que estados mentais são redutíveis a estados neurais. Considerando esses fatores fundamentais, a dissertação é sustentada por três pilares básicos, quais sejam: (a) há fatores biológicos naturais da moralidade que condicionam a cognição moral a uma explicação naturalista e evolucionista; (b) há um papel predominante das emoções morais no condicionamento das reações automáticas e instintivas do comportamento humano; (c) há um papel da determinação descendente ou da regulação top-down das emoções morais, na capacidade de restringir e reprimir os comportamentos automáticos da tomada de decisão moral. A partir desses três princípios que norteiam nossa Dissertação, consideramos plausível sustentar que a cognição moral pode ser entendida como um conjunto de mecanismos cognitivos que emergem de processos neurofisiológicos prioritariamente compostos por comportamentos automáticos, subsidiados por reações instintivas não-conscientes, e com possibilidade de serem operados de forma consciente por meio de processo de determinação descendente/ regulação top-down. Esses mecanismos cognitivos, cremos, visam à sobrevivência humana, seja no nível individual ou de um determinado grupo de indivíduos. Dessa definição conceitual chegamos à tese central do trabalho, de que os mecanismos que subsidiam as decisões deliberadas e conscientes são capazes de promover a determinação descendente ou regulação top-down das emoções morais. Essa dinâmica estrutural possibilita aos seres humanos, diferentemente dos seres vivos de níveis de desenvolvimento inferiores, a produção de comportamentos mais complexos e evoluídos capazes de controlar os reflexos mais básicos de autopreservação deliberadamente, a partir da reflexão racional por meio de mecanismos e processos mentais conscientesThe debate concerning human morality has always awoken great interest in the area of philosophy. From the most ancient and classical discussions put forward by Plato, Aristotle and the Hellenist philosophers, the history of philosophical thought has never known a period in which the debates concerning ethics and morality have not been part of their innermost circle. An example of such is the use of the most diverse terminologies for the designation of the innumerous current theories in contemporaneity, such as contractualism, utilitarianism, deontology and metaethics. A large part of philosophical content that permeates through this debate involves a set of normative and prescriptive theses, which as a common theme, propose the discussion of norms or moral judgments, and assembled for the analysis of moral facts and the discrimination of guidelines to access possible solutions to problems involving moral questions and/or dilemmas. Without disregarding the importance of the philosophical knowledge possessed by the researchers of ethics, the present work is situated in another conceptual, methodological and structural paradigm, where it places less concern on prescriptions and norms and more on the philosophical analysis of knowledge, facts and conclusions about the structure, origin and limitations of our moral cognitive thoughts. In this paradigmatic context, we place the theoretical and structural focus on the human decision-making process, and as such analyze the central aspects of moral cognition in the perspective of the philosophy of the mind with the interdisciplinary collaboration of biology, physics, psychology, etc. and in particular the empirical studies of neuroscience. The study outlined herein defends the thesis that the set of human moral principles is derived from cognitive processes that emerge from the physical world, human evolutionary biology and the cultural evolution of our society, which compromises research with an empirical and naturalistic philosophical model. Based upon this theoretical, conceptual, structural and methodological framework, the approach we profess is opposed to some other theoretical approaches, notably Cartesian dualism and physicalism reductionism. The first of these, Cartesian dualism, is opposed to the main theoretical perspective that we will defend in this dissertation, philosophical emergentism, since the emergentist defends the thesis that everything that exists in nature, substances, organisms, organizations, etc. are composed of essentially physical substances. The second approach that we consider distant from ours, is that professed by reductionists, this usually excludes the dialogue between philosophy and science, reducing mental states to types of neural states, or even mental events to physical events, and from which the thesis that mental states can be reduced to neural states is rendered. By taking into consideration these fundamental factors, this dissertation is supported on three basic pillars, namely: (a) there are natural biological factors of morality that condition moral cognition to a naturalistic and evolutionary explanation; (b) there is a predominant role of moral emotions in conditioning the automatic and instinctive reactions of human behavior; (c) there is a role of descending determination or top-down regulation of moral emotions, in the ability to restrain and repress automatic behaviors of moral decision-making. From these three principles that guide our Dissertation, we consider it plausible to maintain that moral cognition can be understood as a set of cognitive mechanisms that emerge from neurophysiological processes primarily composed of automatic behaviors, supported by nonconscious instinctive reactions, and which are capable of being consciously operated by means of a descending / top-down regulation process. The authors of this paper believe that these cognitive mechanisms have human survival as their main goal, be that on an individual level or of a particular group of individuals. From this conceptual definition we arrive at the central thesis of this study, which is that the mechanisms that support deliberate and conscious decisions are capable of promoting the descending determination or top-down regulation of moral emotions. This structural dynamic enables human beings, unlike beings of lower levels of development, to produce more complex and evolved behaviors capable of controlling the most basic reflexes of self-preservation in a deliberate manner from rational reflection, through conscious mental mechanisms and processes.FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas GeraisDissertação (Mestrado)porUniversidade Federal de UberlândiaPrograma de Pós-graduação em FilosofiaBrasilhttp://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS HUMANASTomada de decisãoMoralEvolucionismoEmergentismoDeterminação descendenteEmoçõesDecision-makingDownward determinationTop-down regulationEvolutionary biologyO papel da determinação descendente no julgamento moral ou regulação top-down das emoções moraisThe role of downward determination in moral judgment or top-down regulation of moral emotionsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisAlmada, Leonardo Ferreirahttp://lattes.cnpq.br/4014427698799350Meurer, César Fernandohttp://lattes.cnpq.br/1092880964040421Pereira Júnior, Alfredottp://lattes.cnpq.br/9680963769307908http://lattes.cnpq.br/1752608117454384Ramos, Marlos Vinícius Oliveira11162181126reponame:Repositório Institucional da UFUinstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUORIGINALO Papel da Determinação Descendente.pdfO Papel da Determinação Descendente.pdfapplication/pdf1611763https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27035/8/O%20Papel%20da%20Determina%c3%a7%c3%a3o%20Descendente.pdff38e297251685a49671f3183d1de70e8MD58TEXTO Papel da Determinação Descendente.pdf.txtO Papel da Determinação Descendente.pdf.txtExtracted texttext/plain313608https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27035/9/O%20Papel%20da%20Determina%c3%a7%c3%a3o%20Descendente.pdf.txt3f134fb60112a315913c7c8eb18eb113MD59THUMBNAILO Papel da Determinação Descendente.pdf.jpgO Papel da Determinação Descendente.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1394https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27035/10/O%20Papel%20da%20Determina%c3%a7%c3%a3o%20Descendente.pdf.jpg8deb900a1a2638bd5c0dd89b0f2e2893MD510CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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