Clínica extensa e função terapêutica: rupturas de campos em uma Oficina de Música

• Autor(a) principal: Soares, Camila Alves Araújo
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/32131; http://doi.org/10.14393/ufu.di.2020.799
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; Oficina de Música; Music Workshop; Psicanálise; Psychoanalysis; Teoria dos Campos; Multiple Fields Theory; Função Terapêutica; Therapeutic Function; Clínica Extensa; Extensive Clinic; Interpretação por Ruptura de Campos; Interpretation by Rupture of Fields; Psicologia; Psicologia

Esta pesquisa, intitulada “Clínica Extensa e Função Terapêutica: rupturas de campos em uma Oficina de Música”, teve como objetivo investigar e analisar se é possível ocorrer a Função Terapêutica, sob a ótica da Teoria dos Campos de Fabio Herrmann, em uma Oficina de Música que acontece em um Centro de Convivência e Cultura pertencente à rede de Saúde Mental de um município do Estado de Minas Gerais. Buscou-se identificar se é possível utilizar o método psicanalítico por ruptura de campos durante as Oficinas, ou seja, nas atividades cotidianas de escolhas de repertórios, diálogos, ensaios e apresentações. Para tanto, utilizou-se o método psicanalítico de investigação e pesquisa, sendo que os dados qualitativos foram obtidos por meio de observações e gravações de áudios das atividades realizadas pela Oficina de Música no período de outubro de 2019 a março de 2020. Os relatos das observações e as transcrições dos áudios foram analisados por meio de quatro níveis de análise, utilizando-se as técnicas de atenção flutuante e associação livre, isto é, os conteúdos foram trabalhados de forma clínica, tendo como referencial teórico a Psicanálise e, em especial, a Teoria dos Campos de Fabio Herrmann, com ênfase nos conceitos de Função Terapêutica, Clínica Extensa e Interpretação por Ruptura de Campos. Ao final destas análises, verificou-se elos comuns e, como nomenclatura para esses fios condutores, escolheu-se a expressão “campos de sentidos” utilizada por Herrmann (1993), o qual explica que o diálogo analítico corre sobre campos de sentidos, ainda que seu objetivo seja promover ruptura desses campos, para estudar sua constituição. Cada campo de sentido evidencia o inconsciente relativo que predominava em algumas situações e diálogos. Dessa maneira, a análise e a discussão dos dados foram feitas a partir da construção de cinco campos de sentidos, a saber: A saga do radinho; Sintonizando: a Oficina de Música e sua constituição grupal; O medo e o prazer de subir ao palco; A escolha de um repertório pode ser reveladora; Nossa estranha loucura. Tendo por base estas análises, percebe-se que o método psicanalítico por ruptura de campos pôde ser utilizado em vários momentos durante a realização das Oficinas e, por isso, considera-se que a Função Terapêutica no âmbito da chamada Clínica Extensa ocorreu. Além disso, ao ser realizada a articulação entre interpretação psicanalítica e interpretação musical, tanto a Psicanálise quanto a música possibilitaram a produção de linguagem, subjetividade, o trânsito por novas representações de realidade e identidade, o desenvolvimento de vínculos afetivos e sociais, bem como novos sentidos para a vida dos participantes da Oficina. Por fim, observa-se também que os rompimentos de campos e as experiências vividas nas e com as Oficinas puderam gerar ressonâncias importantes na vida dos usuários, em termos de fortalecimento do processo de socialização, autonomia, cidadania, vínculos afetivos e relações interpessoais e grupais.