Entre embaraços, performances e resistências: a construção da queixa de violência doméstica de mulheres em uma delegacia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Ana Pereira dos
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: LOCUS Repositório Institucional da UFV
Texto Completo: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/6798
Resumo: A partir de uma etnografia na Delegacia de Polícia Civil da Cidade de Viçosa – MG pretendeu-se fazer um estudo sobre a construção da queixa de violência doméstica de mulheres à luz das novas normativas de proteção que tencionam o momento presente. Entre elas, destacamos a Lei Maria da Penha e suas inovações no enquadramento deste tipo específico de crime.A organização de políticas públicas de atenção à violência contra a mulher tem seu início na década de 1980 com a constituição dos SOS Mulher, seguida da proposição da construção das Delegacias Especializadas de Atendimento a este público em específico. No entanto, atualmente, cidades com menos de cem mil habitantes, como é o caso de Viçosa, recebem de forma restrita as políticas especializadas de atendimento a grupos vulneráveis. Tal realidade faz com que a especialização do atendimento aos casos de violência seja um grande desafio para as cidades do interior, fazendo com que a atenção a estas situações se transformem em um movimento inventivo, atravessado por crenças e saberes que fazem eco com poderes hegemônicos, realidades culturais e questões subjetivas. Michel de Certeau, Michel Foucault e Judith Butler são alguns dos autores que nos possibilitam compreender o momento de construção da queixa de violência doméstica de mulheres adultas como um dispositivo de produção de subjetividades, momento que masculinidades e feminilidades são remodeladas, refeitas, tensionadas e assumem variadas performances. Apesar da Lei Maria da Penha e do Projeto Casa das Mulheres proporcionarem condições de emergência de novas formas de “ser mulher”, lidar com a violência e com a própria queixa, para as mulheres, em sua maioria, é transitar pelos mesmos marcadores de gênero que há tanto as controlam. No entanto, quando se arriscam a assumir a performance do feminino que está prevista na Lei Maria da Penha, precisam lançar mão da astúcia e de uma atenta e firme posição de decisão para conseguirem negociar e burlar o poder policial. Dessa forma, constituem, conforme problematiza Foucault, resistênciasque não pretendem confrontar o poder, mas negociar seus interesses levando em consideração a lógica masculinista e o esforço de onipotência e controle que marcam a atuação da segurança pública brasileira. Os policiais demonstram, de várias formas, o desafio de construírem outros arranjos subjetivos e saberes da prática que questionem o já consolidado aprendizado advindo da Academia de Polícia e do lugar social que ocupam. O cotidiano vivenciado com as mulheres causa questionamentos, embaraços e podem, como mostra a pesquisa, lançar futuras tensões que promovam a crise de compreensão tão necessária para o efetivo entendimento da violência contra a mulher.
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Entre elas, destacamos a Lei Maria da Penha e suas inovações no enquadramento deste tipo específico de crime.A organização de políticas públicas de atenção à violência contra a mulher tem seu início na década de 1980 com a constituição dos SOS Mulher, seguida da proposição da construção das Delegacias Especializadas de Atendimento a este público em específico. No entanto, atualmente, cidades com menos de cem mil habitantes, como é o caso de Viçosa, recebem de forma restrita as políticas especializadas de atendimento a grupos vulneráveis. Tal realidade faz com que a especialização do atendimento aos casos de violência seja um grande desafio para as cidades do interior, fazendo com que a atenção a estas situações se transformem em um movimento inventivo, atravessado por crenças e saberes que fazem eco com poderes hegemônicos, realidades culturais e questões subjetivas. Michel de Certeau, Michel Foucault e Judith Butler são alguns dos autores que nos possibilitam compreender o momento de construção da queixa de violência doméstica de mulheres adultas como um dispositivo de produção de subjetividades, momento que masculinidades e feminilidades são remodeladas, refeitas, tensionadas e assumem variadas performances. Apesar da Lei Maria da Penha e do Projeto Casa das Mulheres proporcionarem condições de emergência de novas formas de “ser mulher”, lidar com a violência e com a própria queixa, para as mulheres, em sua maioria, é transitar pelos mesmos marcadores de gênero que há tanto as controlam. No entanto, quando se arriscam a assumir a performance do feminino que está prevista na Lei Maria da Penha, precisam lançar mão da astúcia e de uma atenta e firme posição de decisão para conseguirem negociar e burlar o poder policial. Dessa forma, constituem, conforme problematiza Foucault, resistênciasque não pretendem confrontar o poder, mas negociar seus interesses levando em consideração a lógica masculinista e o esforço de onipotência e controle que marcam a atuação da segurança pública brasileira. Os policiais demonstram, de várias formas, o desafio de construírem outros arranjos subjetivos e saberes da prática que questionem o já consolidado aprendizado advindo da Academia de Polícia e do lugar social que ocupam. O cotidiano vivenciado com as mulheres causa questionamentos, embaraços e podem, como mostra a pesquisa, lançar futuras tensões que promovam a crise de compreensão tão necessária para o efetivo entendimento da violência contra a mulher.From an ethnography in the Civil Police of the City of Viçosa - MG was intended to do a study on the construction of the complaint of domestic violence of women in the light of new protection laws working at the present. Among them, we highlight the Maria da Penha Law and innovations in the frame of this particular type of crime. The organization of public policies that address violence against women begins in the 1980s with the establishment of SOS woman, then the proposition of construction of the Specialized Police Stations this audience in particular. However, currently, cities with less than one hundred thousand inhabitants, as is the case of Viçosa, receive narrowly specialized care policies for vulnerable groups. This reality makes the specialization of care in cases of violence is a major challenge for the inner cities , causing attention to these situations from becoming an inventive movement, crossed by beliefs and knowledge that echo with hegemonic powers , cultural realities and subjective questions. Certeaul Michel, Michel Foucault and Judith Butler are some of the authors that enable us to understand the timing of construction of domestic violence abuse of adult women as a device for the production of subjectivities , now that masculinity and femininity are remodeled , redone , tensioned and assume varied performances . Despite the Maria da Penha Law and the Draft House Women provide conditions for the emergence of new forms of "being a woman", dealing with violence and the abuse itself, women, mostly danced by the same gender markers there both the control. However, when you venture to take the performance of the feminine which is expected in the Maria da Penha Law, must resort to cunning and careful position and firm decision to negotiate and manage to evade the police power. As such, are, as Foucault discusses, resistances that do not intended to confront power, but negotiate their interests considering the men logic and of omnipotence and control effort that mark the work of the Brazilian public safety. The cops show in many ways, the challenge of building arrangements and other subjective knowledge of the practice to question the already consolidated learning arising from the police academy and the social position they occupy. The daily life experienced with women concerned questions, hitches and can, as shown in research, launch future tensions that promote understanding of crisis as necessary for effective understanding of violence against women.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de ViçosaViolência contra as mulheresDireitos das mulheresDelegacia de políciaViçosaEducaçãoEntre embaraços, performances e resistências: a construção da queixa de violência doméstica de mulheres em uma delegaciaAmong hitches, performances and resistances: construction of domestic violence abuse of women in a police stationinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal de ViçosaDepartamento de EducaçãoMestre em EducaçãoViçosa - MG2014-03-24Mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:LOCUS Repositório Institucional da UFVinstname:Universidade Federal de Viçosa (UFV)instacron:UFVORIGINALtexto completo.pdftexto completo.pdftexto completoapplication/pdf2352255https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/6798/1/texto%20completo.pdf01512af4d969d24d2ac284ec00bda5b3MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/6798/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTtexto completo.pdf.txttexto completo.pdf.txtExtracted texttext/plain342688https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/6798/3/texto%20completo.pdf.txt88b7a8b6558cdf5d11a736169b37c4cfMD53THUMBNAILtexto completo.pdf.jpgtexto completo.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg3557https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/6798/4/texto%20completo.pdf.jpgf8e47c4fc53acec89c08df54716baa45MD54123456789/67982016-04-11 23:20:03.993oai:locus.ufv.br:123456789/6798Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.locus.ufv.br/oai/requestfabiojreis@ufv.bropendoar:21452016-04-12T02:20:03LOCUS Repositório Institucional da UFV - Universidade Federal de Viçosa (UFV)false
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