Impacto de deltametrina e piriproxifeno na sobrevivência e nas habilidades predatórias de percevejos aquáticos
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | LOCUS Repositório Institucional da UFV |
Texto Completo: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/26685 |
Resumo: | A contaminação dos ecossistemas por inseticidas tem suscitado o interesse na investigação do impacto destes compostos em organismos não-alvo. No entanto, em se tratando da entomofauna aquática ainda existe uma carência de informações sobre os efeitos desses poluentes ambientais. Os inseticidas utilizados no controle de larvas de mosquistos vetores e de pragas agrícolas tem relevante contribuição na contaminação de corpos d’água. Entre estes grupos de inseticidas, destacam-se o inseticida piretroide deltametrina e o regulador de crescimento de insetos piriproxifeno. Alguns grupos de insetos aquáticos não-alvo desses inseticidas são predadores de artróprodes vetores de doenças e são utilizados como organismos modelos para estudos de contaminação por inseticidas em ambientes aquáticos. Em vista disto, esta dissertação foi conduzida com objetivo de avaliar a toxicidade dos inseticidas deltametrina e piriproxifeno aos percevejos aquáticos Belostoma anurum (Hemiptera: Belostomatidae) e Buena amnigenus (Hemiptera: Notonectidae), bem como as alterações nas suas habilidades predatórias quando submetidos à exposição subletal destes inseticidas. A toxicidade destes compostos aos mosquitos foi avaliada em larvas de quarto ínstar (L4) de Ae. aegypti suscetíveis a inseticidas. A suscetibilidade de ninfas de barata d’água, Be. anurum, foi avaliada em exposição à concentrações crescentes de delta- metrina e as alterações nas habilidades predatórias foram avaliadas em exposição à concentração correspondente a CL10 (13 μg i.a./L). A suscetibilidade e a habilidade predatória de adultos do percevejo predador, Bu. amnigenus, e de ninfas de Be. anu- rum foram avaliadas em exposição às concentrações de piriproxifeno de 0,5 e 50 μg i.a./L, onde a maior dose equivale a recomendação para aplicação em campo. Ninfas de Be. anurum foram menos suscetíveis à deltametrina do que larvas de Ae. aegypti, com razão de seletividade (CL50 para Be. anurum/CL50 para Ae. aegypti) de 32,72 para o predador. Reduções significativas foram observadas nas sobrevivências de Ae. aegypti e Be. anurum, em concentrações de delatmetrina maiores que 1,0 e 9,0 μg i.a./L, respectivamente. As alterações nas habilidades predatórias de Be. anurum foram mais evidentes no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O tempo gasto por ninfas de Be. anurum para predar larvas de Ae. aegypti foi maior no primeiro dia de avaliação. O consumo médio diário e consumo total foram menores quando os insetos foram expostas à deltametrina. O piriproxifeno, por sua vez, reduziu a sobrevivência de larvas, porém, não apresentou segurança aos predadores Bu. amnigenus e Be. anurum nas concentrações avaliadas. Adultos de Bu. amnigenus foram altamente sensíveis ao piriproxifeno na concentração de 50 μg i.a./L, porém, a habilidade predatória não foi afetada quando expostos à 0,5 μg i.a./L. A redução da habilidade predatória de Be. anurum mediada por exposição ao piriproxifen foi mais evidente no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O consumo total de larvas de Ae. aegypti por ninfas de Be. anurum foi menor somente quando o predador foi exposto a 50 μg i.a./L. Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que deltametrina e piriproxifeno afetam a sobrevivência e habilidade predatória de percevejos aquáticos. Tal situação pode levar a alterações na comunidade de artrópodes presentes em ecossistemas aquáticos, até mesmo quando tais inseticidas encontram em concentrações não-letais. |
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Tomé, Hudson Vaner VenturaValbon, Wilson Rodrigueshttp://lattes.cnpq.br/5985637223804817Oliveira, Eugênio Eduardo de2019-08-26T17:35:28Z2019-08-26T17:35:28Z2016-07-25VALBON, Wilson Rodrigues. Impacto de deltametrina e piriproxifeno na sobrevivência e nas habilidades predatórias de percevejos aquáticos. 2016. 50 f. Dissertação(Mestrado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2016.https://locus.ufv.br//handle/123456789/26685A contaminação dos ecossistemas por inseticidas tem suscitado o interesse na investigação do impacto destes compostos em organismos não-alvo. No entanto, em se tratando da entomofauna aquática ainda existe uma carência de informações sobre os efeitos desses poluentes ambientais. Os inseticidas utilizados no controle de larvas de mosquistos vetores e de pragas agrícolas tem relevante contribuição na contaminação de corpos d’água. Entre estes grupos de inseticidas, destacam-se o inseticida piretroide deltametrina e o regulador de crescimento de insetos piriproxifeno. Alguns grupos de insetos aquáticos não-alvo desses inseticidas são predadores de artróprodes vetores de doenças e são utilizados como organismos modelos para estudos de contaminação por inseticidas em ambientes aquáticos. Em vista disto, esta dissertação foi conduzida com objetivo de avaliar a toxicidade dos inseticidas deltametrina e piriproxifeno aos percevejos aquáticos Belostoma anurum (Hemiptera: Belostomatidae) e Buena amnigenus (Hemiptera: Notonectidae), bem como as alterações nas suas habilidades predatórias quando submetidos à exposição subletal destes inseticidas. A toxicidade destes compostos aos mosquitos foi avaliada em larvas de quarto ínstar (L4) de Ae. aegypti suscetíveis a inseticidas. A suscetibilidade de ninfas de barata d’água, Be. anurum, foi avaliada em exposição à concentrações crescentes de delta- metrina e as alterações nas habilidades predatórias foram avaliadas em exposição à concentração correspondente a CL10 (13 μg i.a./L). A suscetibilidade e a habilidade predatória de adultos do percevejo predador, Bu. amnigenus, e de ninfas de Be. anu- rum foram avaliadas em exposição às concentrações de piriproxifeno de 0,5 e 50 μg i.a./L, onde a maior dose equivale a recomendação para aplicação em campo. Ninfas de Be. anurum foram menos suscetíveis à deltametrina do que larvas de Ae. aegypti, com razão de seletividade (CL50 para Be. anurum/CL50 para Ae. aegypti) de 32,72 para o predador. Reduções significativas foram observadas nas sobrevivências de Ae. aegypti e Be. anurum, em concentrações de delatmetrina maiores que 1,0 e 9,0 μg i.a./L, respectivamente. As alterações nas habilidades predatórias de Be. anurum foram mais evidentes no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O tempo gasto por ninfas de Be. anurum para predar larvas de Ae. aegypti foi maior no primeiro dia de avaliação. O consumo médio diário e consumo total foram menores quando os insetos foram expostas à deltametrina. O piriproxifeno, por sua vez, reduziu a sobrevivência de larvas, porém, não apresentou segurança aos predadores Bu. amnigenus e Be. anurum nas concentrações avaliadas. Adultos de Bu. amnigenus foram altamente sensíveis ao piriproxifeno na concentração de 50 μg i.a./L, porém, a habilidade predatória não foi afetada quando expostos à 0,5 μg i.a./L. A redução da habilidade predatória de Be. anurum mediada por exposição ao piriproxifen foi mais evidente no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O consumo total de larvas de Ae. aegypti por ninfas de Be. anurum foi menor somente quando o predador foi exposto a 50 μg i.a./L. Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que deltametrina e piriproxifeno afetam a sobrevivência e habilidade predatória de percevejos aquáticos. Tal situação pode levar a alterações na comunidade de artrópodes presentes em ecossistemas aquáticos, até mesmo quando tais inseticidas encontram em concentrações não-letais.Contamination of the ecosystem by insecticides has raised interest in investigating the impact of these compounds on non-target organisms. However, there is still a lack of information on the sublethal effects of these environmental pollutants to aquatic insect fauna. The insecticides commonly used to control mosquitoes vectors of diseases have significant contribution to the contamination of water bodies. Among these groups of insecticides, stands out the pyrethroid insecticide deltamethrin and the insect growth regulator pyriproxyfen, which are commonly used not only to control mosquitoes but also to control insect pests in agriculture, and hence, can also reach the aquatic ecosys- tem. Some groups of aquatic insects are predatory of various arthropods vectors of diseases and are used as model organisms for studies of insecticidal contamination in aquatic environments. In this way, this work was conducted to evaluate the toxicity of deltamethrin and pyriproxyfen to Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) as well as the changes in the predatory abilities of the true water bugs Belostoma anurum (Hemiptera: Belostomatidae) and Buenoa amnigenus (Hemiptera: Notonectidae) submitted to sub- lethal exposure of these insecticides. The toxicity of these compounds to mosquitoes was assessed on L4 Ae. aegypti larvae. Susceptibility of the water bug nymphs, Be. anurum, was evaluated in exposure to increasing concentrations of deltamethrin and the changes in predatory abilities were evaluated in an exposure concentration cor- responding to CL10 (13 μg a.i. L−1 ). Susceptibility and predatory capacity of, Bu. amnigenus adults and Be. anurum nymphs were evaluated using pyriproxyfen expo- sure to concentrations of 0.5 and 50 μg a.i. L−1 , being the higher dosage equivalent to field rate recomendatinon. Be. anurum nymphs were less susceptible to deltamethrin than Ae. aegypti with selectivity ratio (LC50 to Be. anurum/LC50 for Ae. aegypti) of 32.72 in favor of the predator. Significant reductions were observed in the survival of Ae. aegypti and Be. anurum in deltamethrin concentrations higher than 1.0 and 9.0 μg a.i. L−1 , respectively. Changes in predatory abilities of Be. anurum were more evident on the first day of evaluation, after 24 h of exposure. The time spent by Be. anurum nymphs to capture Ae. aegypti was higher in the first day of evaluation. The average daily consumption and total consumption were lower when the insects were exposed to the pyrethroid insecticide. The insecticide pyriproxyfen, in turn, was effective in controlling Ae. aegypti, with a significant reduction in the larvae survival, but it did not provide security to the predators Bu. amnigenus and Be. anurum in the evaluated concentrations. Bu. amnigenus adults were highly sensitive to pyriproxyfen in a con- centration of 50 μg a.i. L−1 , but its predatory capacity was not affected when exposed to 0.5 μg a.i. L−1 . The reduction of predatory ability to Be. anurum mediated by the exposure to pyriproxyfen was most evident in the first day of evaluation after 24 h of exposure. Total consumption of Ae. aegypti larvae by Be. anurum nymphs was lower only when the predator was exposed to 50 μg a.i. L−1 . Thus, the results of this study suggest that deltamethrin and pyriproxyfen are efficient in controlling Ae. aegypti. Moreover, these compounds affect the survival and predatory ability of true water bugs. Such a situation may result in changes in the arthropod community present in aquatic ecosystems, even when pesticides are present at low concentrations.porUniversidade Federal de ViçosaInseticida - ToxicologiaBelostoma anurumBuenoa amnigenusEcologia aquáticaEntomologia AgrícolaImpacto de deltametrina e piriproxifeno na sobrevivência e nas habilidades predatórias de percevejos aquáticosImpact of deltamethrin and pyriproxyfen on the predatory abilities of true water bugsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal de ViçosaDepartamento de EntomologiaMestre em EntomologiaViçosa - MG2016-07-25Mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:LOCUS Repositório Institucional da UFVinstname:Universidade Federal de Viçosa (UFV)instacron:UFVORIGINALtexto completo.pdftexto completo.pdftexto completoapplication/pdf1089824https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/26685/1/texto%20completo.pdf176963e5e748a9025bc93898a2cfa0bfMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/26685/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52123456789/266852022-06-28 15:07:21.623oai:locus.ufv.br:123456789/26685Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.locus.ufv.br/oai/requestfabiojreis@ufv.bropendoar:21452022-06-28T18:07:21LOCUS Repositório Institucional da UFV - Universidade Federal de Viçosa (UFV)false |
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A contaminação dos ecossistemas por inseticidas tem suscitado o interesse na investigação do impacto destes compostos em organismos não-alvo. No entanto, em se tratando da entomofauna aquática ainda existe uma carência de informações sobre os efeitos desses poluentes ambientais. Os inseticidas utilizados no controle de larvas de mosquistos vetores e de pragas agrícolas tem relevante contribuição na contaminação de corpos d’água. Entre estes grupos de inseticidas, destacam-se o inseticida piretroide deltametrina e o regulador de crescimento de insetos piriproxifeno. Alguns grupos de insetos aquáticos não-alvo desses inseticidas são predadores de artróprodes vetores de doenças e são utilizados como organismos modelos para estudos de contaminação por inseticidas em ambientes aquáticos. Em vista disto, esta dissertação foi conduzida com objetivo de avaliar a toxicidade dos inseticidas deltametrina e piriproxifeno aos percevejos aquáticos Belostoma anurum (Hemiptera: Belostomatidae) e Buena amnigenus (Hemiptera: Notonectidae), bem como as alterações nas suas habilidades predatórias quando submetidos à exposição subletal destes inseticidas. A toxicidade destes compostos aos mosquitos foi avaliada em larvas de quarto ínstar (L4) de Ae. aegypti suscetíveis a inseticidas. A suscetibilidade de ninfas de barata d’água, Be. anurum, foi avaliada em exposição à concentrações crescentes de delta- metrina e as alterações nas habilidades predatórias foram avaliadas em exposição à concentração correspondente a CL10 (13 μg i.a./L). A suscetibilidade e a habilidade predatória de adultos do percevejo predador, Bu. amnigenus, e de ninfas de Be. anu- rum foram avaliadas em exposição às concentrações de piriproxifeno de 0,5 e 50 μg i.a./L, onde a maior dose equivale a recomendação para aplicação em campo. Ninfas de Be. anurum foram menos suscetíveis à deltametrina do que larvas de Ae. aegypti, com razão de seletividade (CL50 para Be. anurum/CL50 para Ae. aegypti) de 32,72 para o predador. Reduções significativas foram observadas nas sobrevivências de Ae. aegypti e Be. anurum, em concentrações de delatmetrina maiores que 1,0 e 9,0 μg i.a./L, respectivamente. As alterações nas habilidades predatórias de Be. anurum foram mais evidentes no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O tempo gasto por ninfas de Be. anurum para predar larvas de Ae. aegypti foi maior no primeiro dia de avaliação. O consumo médio diário e consumo total foram menores quando os insetos foram expostas à deltametrina. O piriproxifeno, por sua vez, reduziu a sobrevivência de larvas, porém, não apresentou segurança aos predadores Bu. amnigenus e Be. anurum nas concentrações avaliadas. Adultos de Bu. amnigenus foram altamente sensíveis ao piriproxifeno na concentração de 50 μg i.a./L, porém, a habilidade predatória não foi afetada quando expostos à 0,5 μg i.a./L. A redução da habilidade predatória de Be. anurum mediada por exposição ao piriproxifen foi mais evidente no primeiro dia de avaliação, após 24 h de exposição. O consumo total de larvas de Ae. aegypti por ninfas de Be. anurum foi menor somente quando o predador foi exposto a 50 μg i.a./L. Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que deltametrina e piriproxifeno afetam a sobrevivência e habilidade predatória de percevejos aquáticos. Tal situação pode levar a alterações na comunidade de artrópodes presentes em ecossistemas aquáticos, até mesmo quando tais inseticidas encontram em concentrações não-letais. |
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