Platão como artista
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Archai (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8405 |
Resumo: | Tendo em vista a postura crítica de Platão relativamenteà arte “mimética”, pode causar surpresa que quase todos osdiálogos dele se apresentem, não obstante a riqueza e a variedade do seu conteúdo doutrinal, também como criações literárias de caráter eminentemente artístico, ou seja, como produtos poeticamente bem organizados, e, enquanto tais, pertencentes exatamente à quela arte “mimética” que ele, Platão, considera tão nociva e perigosa que até recomenda proibir e bani-la da cidade. O que pode explicar essa aparente contradição é o fato de a crítica platônica visar nãosimplesmente qualquer forma de produção artística, mas, em primeiro lugar, o ofício duvidoso daquele tipo de artista que, por não ter acesso à esfera da verdade, trabalha como ilusionista e criador de meros fantasmas e, praticando esta “arte”, pretende fazer se passar por sábio e educador competente do povo. Para quem conseguiu, no entanto, diferentemente de tal “imitador de sombras”, deixar paratrás o mundo da ilusão e encontrar, ou, como o filósofo, construir o caminho para o verdadeiro saber, a arte mimética representa um recurso absolutamente legítimo, já que ela, neste caso, não se realiza mais em forma de uma “imitação” enganadora de determinados objetos, mas como reprodução dos mesmos de forma mais “correta” e mais fiel possível, constituindo, assim, um importante recurso para preparar e familiarizar o leitor com um modo particular de pensamentofilosófico, o que significa em Platão: demonstrar que, para ele, um dos motivos mais importantes consistiu em mostrar que Filosofia não se reduz ao mero conhecimento de certas doutrinas filosóficas, mas significa, em primeiro lugar, aprender filosofar. |
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