A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Holston, James
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Anuário Antropológico (Online)
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140
Resumo: Num dos capítulos de O Corcunda de Nôtre Dame, intitulado “Isto Matará Aquilo” , Victor Hugo diz que ‘isto’, a imprensa, mata ‘aquilo’, a arquitetura. Talvez com uma visão dirigida a seus próprios interesses, ele propõe a idéia de que a escrita em papel substituirá a escrita em pedra como o registro predominante da civilização. Argumenta que o papel, que é menos duradouro, paradoxalmente, terá vida mais longa que a pedra, porque a forma de sua produção mecânica assegura a sua reprodução infinita. Até a invenção da imprensa, a arquitetura fornecia uma forma singularmente monumental de transmitir tradições culturais e realizações históricas. Basta pensar na catedral medieval como um ícone da Bíblia, verdadeira enciclopédia em pedra de seu capítulo e versos, para nos darmos conta de que os edifícios podem ser “lidos como livros”. Desta maneira, a catedral servia como uma espécie de catecismo onipresente para as massas analfabetas, como instrução por representação dos ensinamentos da Igreja. De modo semelhante, arcos triunfais, prédios cívicos e, para os leitores mais perspicazes, até mesmo as habitações cotidianas, aparecem como formas pedagógicas. As convenções dessa instrução representativa tinham profundas raízes na tradição cláss’ca, como elementos formadores tanto do legado oficial, como do conhecimento popular. Embora o público pré- -modemo fosse incapaz de ler livros, ele era bem mais instruído na leitura da arquitetura.
id UNB-23_129275552410b8bc10f6c8846a71c11c
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6140
network_acronym_str UNB-23
network_name_str Anuário Antropológico (Online)
repository_id_str
spelling A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismoAntropologia urbanaNum dos capítulos de O Corcunda de Nôtre Dame, intitulado “Isto Matará Aquilo” , Victor Hugo diz que ‘isto’, a imprensa, mata ‘aquilo’, a arquitetura. Talvez com uma visão dirigida a seus próprios interesses, ele propõe a idéia de que a escrita em papel substituirá a escrita em pedra como o registro predominante da civilização. Argumenta que o papel, que é menos duradouro, paradoxalmente, terá vida mais longa que a pedra, porque a forma de sua produção mecânica assegura a sua reprodução infinita. Até a invenção da imprensa, a arquitetura fornecia uma forma singularmente monumental de transmitir tradições culturais e realizações históricas. Basta pensar na catedral medieval como um ícone da Bíblia, verdadeira enciclopédia em pedra de seu capítulo e versos, para nos darmos conta de que os edifícios podem ser “lidos como livros”. Desta maneira, a catedral servia como uma espécie de catecismo onipresente para as massas analfabetas, como instrução por representação dos ensinamentos da Igreja. De modo semelhante, arcos triunfais, prédios cívicos e, para os leitores mais perspicazes, até mesmo as habitações cotidianas, aparecem como formas pedagógicas. As convenções dessa instrução representativa tinham profundas raízes na tradição cláss’ca, como elementos formadores tanto do legado oficial, como do conhecimento popular. Embora o público pré- -modemo fosse incapaz de ler livros, ele era bem mais instruído na leitura da arquitetura.Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia2018-01-16info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140Anuário Antropológico; Vol. 5 No. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183Anuário Antropológico; Vol. 5 Núm. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183Anuário Antropológico; Vol. 5 No. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183Anuário Antropológico; v. 5 n. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-1832357-738X0102-4302reponame:Anuário Antropológico (Online)instname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNBporhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140/7832Copyright (c) 1981 Anuário Antropológicohttps://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessHolston, James2023-06-14T17:49:01Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6140Revistahttps://journals.openedition.org/aa/PUBhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/oairevista.anuario.antropologico@gmail.com || Revista.anuario.antropologico@gmail.com2357-738X0102-4302opendoar:2023-06-14T17:49:01Anuário Antropológico (Online) - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
title A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
spellingShingle A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
Holston, James
Antropologia urbana
title_short A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
title_full A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
title_fullStr A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
title_full_unstemmed A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
title_sort A linguagem das ruas: o discurso político em dois Modelos de urbanismo
author Holston, James
author_facet Holston, James
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Holston, James
dc.subject.por.fl_str_mv Antropologia urbana
topic Antropologia urbana
description Num dos capítulos de O Corcunda de Nôtre Dame, intitulado “Isto Matará Aquilo” , Victor Hugo diz que ‘isto’, a imprensa, mata ‘aquilo’, a arquitetura. Talvez com uma visão dirigida a seus próprios interesses, ele propõe a idéia de que a escrita em papel substituirá a escrita em pedra como o registro predominante da civilização. Argumenta que o papel, que é menos duradouro, paradoxalmente, terá vida mais longa que a pedra, porque a forma de sua produção mecânica assegura a sua reprodução infinita. Até a invenção da imprensa, a arquitetura fornecia uma forma singularmente monumental de transmitir tradições culturais e realizações históricas. Basta pensar na catedral medieval como um ícone da Bíblia, verdadeira enciclopédia em pedra de seu capítulo e versos, para nos darmos conta de que os edifícios podem ser “lidos como livros”. Desta maneira, a catedral servia como uma espécie de catecismo onipresente para as massas analfabetas, como instrução por representação dos ensinamentos da Igreja. De modo semelhante, arcos triunfais, prédios cívicos e, para os leitores mais perspicazes, até mesmo as habitações cotidianas, aparecem como formas pedagógicas. As convenções dessa instrução representativa tinham profundas raízes na tradição cláss’ca, como elementos formadores tanto do legado oficial, como do conhecimento popular. Embora o público pré- -modemo fosse incapaz de ler livros, ele era bem mais instruído na leitura da arquitetura.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-01-16
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140
url https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6140/7832
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 1981 Anuário Antropológico
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 1981 Anuário Antropológico
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia
publisher.none.fl_str_mv Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia
dc.source.none.fl_str_mv Anuário Antropológico; Vol. 5 No. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183
Anuário Antropológico; Vol. 5 Núm. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183
Anuário Antropológico; Vol. 5 No. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183
Anuário Antropológico; v. 5 n. 1 (1981): Anuário Antropológico; 151-183
2357-738X
0102-4302
reponame:Anuário Antropológico (Online)
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Anuário Antropológico (Online)
collection Anuário Antropológico (Online)
repository.name.fl_str_mv Anuário Antropológico (Online) - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv revista.anuario.antropologico@gmail.com || Revista.anuario.antropologico@gmail.com
_version_ 1797225471217238016