Os Avá-Canoeiro do Araguaia e o tempo do cativeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Patrícia de Mendonça
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Anuário Antropológico (Online)
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6875
Resumo: Depois de décadas de massacres e fuga dos colonizadores em condições desumanas, um grupo de dez sobreviventes dos Avá-Canoeiro do Araguaia foi capturado por uma violenta Frente de Atração da FUNAI em 1973 e 1974. Dois anos depois, com o grupo reduzido à metade, os Avá-Canoeiro foram transferidos compulsoriamente para a aldeia Canoanã, dos Javaé, com quem disputaram um mesmo território por mais de cem anos, em um contexto de enfrentamentos e inúmeras mortes recíprocas. Embora tenham sido aprisionados por agentes do Estado, os Avá-Canoeiro foram recebidos por seus antigos adversários como perdedores de guerra e incorporados a uma posição subalterna de inferioridade social, sofrendo desde então severa marginalização socioeconômica, política e cultural nas aldeias javaé. Depois de 40 anos do traumático evento da captura, os atuais 21 Avá-Canoeiro ainda residem na “aldeia dos inimigos” como cativos de guerra, à espera do retorno a uma terra própria. A precipitada ação estatal beneficiou unicamente o interesse dos grandes grupos econômicos que se instalaram nas terras ocupadas tradicionalmente pelos dois grupos indígenas. Apesar de todo o histórico de opressão, os Avá-Canoeiro têm demonstrado uma extraordinária capacidade de resiliência física e cultural.
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