A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fausto, Carlos
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Anuário Antropológico (Online)
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382
Resumo: Shamanism, Colonialism and the Wild Man de Michael Taussig (1986) é antes de tudo um belo livro e deve ser lido como tal. O leitor seduzido saberá percorrer com alguma destreza os tortuosos caminhos discursivos que Taussig trilha na rota do terror e da cura xamânica no sudeste colombiano. Ao contrário, o leitor que, como Ulisses, resistir ao canto das sereias, arrisca a perder-se no meio do caminho. O autor nos convida a um duplo mergulho - mergulho na lama da floresta e nas visões produzidas sob o efeito alucinógeno do yagé. Duas rotas alternativas, embora complementares, que constituem partes distintas do livro - este mosaico inacabado onde os pedaços e fragmentos dialogam entre si numa polifonia generalizada. Dupla linguagem também: o discurso brutal do terror e o discurso finamente nuançado do xamanismo. No meio deles e por meio deles, o discurso do antropólogo busca uma forma de existir na própria impossibilidade de atingir plenamente seu objeto: “um modo de explanação que solapa seu ponto de partida, enquanto o ponto de partida leva inelutavelmente a seu solapamento” (:465). Para compor esta colagem épica que é Shamanism, Colonialism, and the Wild Man, Taussig recusa a preeminência da mão direita; é com a mão esquerda que ele recorta os pedaços e fragmentos para montar urna das mais bem-sucedidas monografias no conjunto das experiências renovadoras que vem caracterizando certa antropologia americana.
id UNB-23_8ee237ed98b4e13d1af2bf62bff6c5fa
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6382
network_acronym_str UNB-23
network_name_str Anuário Antropológico (Online)
repository_id_str
spelling A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografiaAntropologiaCríticaShamanism, Colonialism and the Wild Man de Michael Taussig (1986) é antes de tudo um belo livro e deve ser lido como tal. O leitor seduzido saberá percorrer com alguma destreza os tortuosos caminhos discursivos que Taussig trilha na rota do terror e da cura xamânica no sudeste colombiano. Ao contrário, o leitor que, como Ulisses, resistir ao canto das sereias, arrisca a perder-se no meio do caminho. O autor nos convida a um duplo mergulho - mergulho na lama da floresta e nas visões produzidas sob o efeito alucinógeno do yagé. Duas rotas alternativas, embora complementares, que constituem partes distintas do livro - este mosaico inacabado onde os pedaços e fragmentos dialogam entre si numa polifonia generalizada. Dupla linguagem também: o discurso brutal do terror e o discurso finamente nuançado do xamanismo. No meio deles e por meio deles, o discurso do antropólogo busca uma forma de existir na própria impossibilidade de atingir plenamente seu objeto: “um modo de explanação que solapa seu ponto de partida, enquanto o ponto de partida leva inelutavelmente a seu solapamento” (:465). Para compor esta colagem épica que é Shamanism, Colonialism, and the Wild Man, Taussig recusa a preeminência da mão direita; é com a mão esquerda que ele recorta os pedaços e fragmentos para montar urna das mais bem-sucedidas monografias no conjunto das experiências renovadoras que vem caracterizando certa antropologia americana.Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia2018-01-25info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382Anuário Antropológico; Vol. 11 No. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198Anuário Antropológico; Vol. 11 Núm. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198Anuário Antropológico; Vol. 11 No. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198Anuário Antropológico; v. 11 n. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-1982357-738X0102-4302reponame:Anuário Antropológico (Online)instname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNBporhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382/7663Copyright (c) 1987 Anuário Antropológicohttps://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessFausto, Carlos2023-06-14T17:49:30Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6382Revistahttps://journals.openedition.org/aa/PUBhttps://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/oairevista.anuario.antropologico@gmail.com || Revista.anuario.antropologico@gmail.com2357-738X0102-4302opendoar:2023-06-14T17:49:30Anuário Antropológico (Online) - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
title A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
spellingShingle A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
Fausto, Carlos
Antropologia
Crítica
title_short A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
title_full A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
title_fullStr A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
title_full_unstemmed A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
title_sort A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia
author Fausto, Carlos
author_facet Fausto, Carlos
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Fausto, Carlos
dc.subject.por.fl_str_mv Antropologia
Crítica
topic Antropologia
Crítica
description Shamanism, Colonialism and the Wild Man de Michael Taussig (1986) é antes de tudo um belo livro e deve ser lido como tal. O leitor seduzido saberá percorrer com alguma destreza os tortuosos caminhos discursivos que Taussig trilha na rota do terror e da cura xamânica no sudeste colombiano. Ao contrário, o leitor que, como Ulisses, resistir ao canto das sereias, arrisca a perder-se no meio do caminho. O autor nos convida a um duplo mergulho - mergulho na lama da floresta e nas visões produzidas sob o efeito alucinógeno do yagé. Duas rotas alternativas, embora complementares, que constituem partes distintas do livro - este mosaico inacabado onde os pedaços e fragmentos dialogam entre si numa polifonia generalizada. Dupla linguagem também: o discurso brutal do terror e o discurso finamente nuançado do xamanismo. No meio deles e por meio deles, o discurso do antropólogo busca uma forma de existir na própria impossibilidade de atingir plenamente seu objeto: “um modo de explanação que solapa seu ponto de partida, enquanto o ponto de partida leva inelutavelmente a seu solapamento” (:465). Para compor esta colagem épica que é Shamanism, Colonialism, and the Wild Man, Taussig recusa a preeminência da mão direita; é com a mão esquerda que ele recorta os pedaços e fragmentos para montar urna das mais bem-sucedidas monografias no conjunto das experiências renovadoras que vem caracterizando certa antropologia americana.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-01-25
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382
url https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6382/7663
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 1987 Anuário Antropológico
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 1987 Anuário Antropológico
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia
publisher.none.fl_str_mv Brasília DF: Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais Departamento de Antropologia
dc.source.none.fl_str_mv Anuário Antropológico; Vol. 11 No. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198
Anuário Antropológico; Vol. 11 Núm. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198
Anuário Antropológico; Vol. 11 No. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198
Anuário Antropológico; v. 11 n. 1 (1987): Anuário Antropológico; 183-198
2357-738X
0102-4302
reponame:Anuário Antropológico (Online)
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Anuário Antropológico (Online)
collection Anuário Antropológico (Online)
repository.name.fl_str_mv Anuário Antropológico (Online) - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv revista.anuario.antropologico@gmail.com || Revista.anuario.antropologico@gmail.com
_version_ 1797225472036175872