Carolina Maria de Jesus e a autorrepresentação literária da exclusão social na América Latina:: olhares reversos aos de Eduardo Galeano e Octavio Paz

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tirloni, Larissa Paula
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Marinho, Marcelo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9992
Resumo: A literatura comparada dedica-se ao estudo das questões identitárias e das representações literárias interétnicas ou intersociais pelo viés privilegiado das relações interculturais. Em razão de seu amplo espectro de possibilidades de interpretação literária e cultural, a literatura comparada torna-se uma producente ferramenta para a análise dos diálogos transculturais em que se manifestam a aceitação ou a recusa das diferenças. Nessa perspectiva, o presente trabalho resulta de um estudo comparativo acerca da imagem literária da exclusão social, tendo como foco precípuo o relato autobiográfico da brasileira Carolina Maria de Jesus, em sua intersecção socialmente assimétrica com a escrita do mexicano Octavio Paz e do uruguaio Eduardo Galeano. No que se refere à subjetividade autoral, a brasileira lança mão de um poder expressivo que alcança significados para além da mera representação, pois seu testemunho parte de um lugar de enunciação que é aquele do próprio excluído: o conhecimento empírico da existência de uma catadora de papel, mulher, negra, migrante, mãe, descendente de escravos no Brasil, migrante sem perspectivas de vida, chefe solitária de família, moradora em favela, ser humano privado de cidadania. Nas páginas desse diário de desventuras, o testemunho existencial de Carolina traz à luz representações literárias e imagens simbólicas sobre uma importante parcela da sociedade que se encontra à margem, invisível aos demais segmentos da população. Essa parcela invisível da sociedade corresponde àqueles que Octavio Paz batiza como “ninguneados”, àqueles que Eduardo Galeano homenageia com seu poema “Los nadies”: seres humanos cuja existência é voluntariamente apagada ou ignorada nas manifestações culturais e nas relações sociais que conformam as hierarquias cotidianas e os modos de experiência de vida. Em próprio conhecimento de causa, Carolina corporifica uma voz autoral poeticamente expressiva que traz a lume a vida e a história silenciadas dos que se encontram à margem, por mais que sejam parte integrante da história de seu povo e do conjunto da humanidade.
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