Democracia, comunidade e cuidado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brenner, Johanna
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Ciência Política (Online)
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/2346
Resumo: Resumo O texto analisa os limites de qualquer forma privatizada familiar de organização da vida ”“ e não apenas daquelas formadas por casais heterossexuais com filhos ”“ para a democracia. A partir dessa análise, discute a reconfiguração das estruturas de autoridade como necessária à recriação de formas coletivas de responsabilização pela vida cotidiana. Nas sociedades contemporâneas (e o texto tem o foco sobretudo nos Estados Unidos), a precarização do suporte para o cuidado das crianças, dos idosos, mas também do cuidado recíproco entre adultos, tem levado a políticas conservadoras de exaltação da família. Isso corresponde, no entanto, a uma sobrecarga de funções, em que especialmente mulheres e trabalhadores se veem pressionados a assumir ocupações que permitiriam prover a família e, embora as primeiras deixem pouco tempo para isso, a fornecer, no domínio privado familiar restrito, todo o trabalho e o suporte necessários ao cuidado e à reprodução cotidiana da vida. Ao mesmo tempo, as políticas do Estado de bem-estar social significaram formas não democráticas de controle, especialmente sobre as mulheres que não atendiam aos padrões convencionais, como as mães solteiras. Formas coletivas e democráticas de compartilhamento do cuidado, estimuladas por políticas e recursos públicos, permitiriam mais suporte aos indivíduos, formas mais solidárias de convivência e relações mais igualitárias. Palavras-chave: cuidado, família, democracia, trabalho, responsabilidade coletiva.   Abstract The paper analyzes the limits of any privatized family form of organizing life ”“ not just those formed by heterosexual couples with children ”“ for democracy. Based on this analysis, it discusses the reconfiguration of authority structures as necessary to re-create collective forms of accountability in everyday life. In contemporary societies (the text is focused on the US), precarization of support to care for children and the elderly, but also mutual care among adults, have led to conservative policies exalting the family. This corresponds, however, to an overload of functions where women and workers are especially under pressure to take occupations that would allow providing for their families and, although little time is left for that, to provide for all the work and support needed for care and everyday reproduction of life in the strict family private domain. At the same time, Welfare State policies meant undemocratic forms of control, especially on women who did not meet conventional standards, such as single mothers. Democratic collective forms of care sharing, encouraged by public policies and resources, would enable more support to individuals, more solidary forms of coexistence and more egalitarian relations. Keywords: Care; family; democracy; labor; collective responsibility
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