Geologia e geomorfologia da estação ecológica Serra Geral do Tocantins

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Villela, Fernando Nadal Junqueira
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Nogueira, Cristiano de Campos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/28210
https://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032011000100023
Resumo: Este trabalho trata de descrição básica da paisagem existente na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, localizada na porção oriental do Estado do Tocantins e extremo oeste do Estado da Bahia, Brasil Central. Dois fatores do meio físico são abordados: a geologia, composta por litotipos sedimentares, e as formas de relevo, dada a predominância de chapadões e morros testemunhos na região, famosa pela presença das Dunas do Jalapão ao norte. Tal interação, esculturada sob clima típico de savana, produziu uma série de mosaicos com imensas peculiaridades paisagísticas. A Serra Geral do Tocantins é um planalto sedimentar esculpido na Bacia Sedimentar do Parnaíba. A área da Estação é caracterizada por pacotes de sedimentos predominantemente continentais, posteriores ao derrame basáltico ocorrido durante a Reativação Wealdeniana Juro-Cretácea. São arenitos de colorações brancas a vermelhas, extremamente friáveis, oriundos das acumulações de paleoclimas secos (áridos a semi-áridos) do Mesozóico, possivelmente contemporâneos ao Deserto Botucatu existente na Bacia do Paraná, embora as camadas mais superiores possam estar associadas a ambiente flúvio-lacustre. As formas de relevo envolvem uma seqüência de chapadas e patamares caracterizando formas estruturais com rebordos festonados e rampas escalonadas em formas erosivas. As chapadas são constituídas por sedimentos cretáceos e configuram grandes unidades de relevo em mesa penetradas por vales pedimentados, com bordas escarpadas e anfiteatros largos, que atacados por ciclos de erosão pós-cretáceos resultaram em patamares escalonados e arrasados em pediplanos que descem rumo ao curso do Rio Tocantins. A presença de inúmeros relevos residuais colabora nos contrastes geomorfológicos. Os processos morfogenéticos predominantemente mecânicos podem ser divididos em quatro fases de esculturação que resultaram na dissecação diferenciada. A compartimentação do relevo permite apontar algumas considerações sobre a distribuição geográfica da fauna na área da Estação Ecológica e seu entorno, pois em parte esta relação pode ser determinada pelos escalonamentos topográficos decorrentes do aparecimento das unidades geomorfológicas. A maior barreira geográfica foi criada durante o Neoproterozóico, separando as formas de relevo dos patamares escalonados; os basculamentos mesozóicos produziram os chapadões que, pela erosão mecânica, formaram pedimentos que foram aos poucos coalescidos durante o Cretáceo Superior até o Terciário Superior; tal processo resultou nos relevos residuais que, juntamente com a reativação de falhas antigas, favoreceu o isolamento entre os compartimentos biológicos; este processo continuou durante o Quaternário em razão das alternâncias climáticas de períodos semi-áridos a úmidos, promovendo a retomada da erosão mecânica e a formação de planícies fluviais.
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A área da Estação é caracterizada por pacotes de sedimentos predominantemente continentais, posteriores ao derrame basáltico ocorrido durante a Reativação Wealdeniana Juro-Cretácea. São arenitos de colorações brancas a vermelhas, extremamente friáveis, oriundos das acumulações de paleoclimas secos (áridos a semi-áridos) do Mesozóico, possivelmente contemporâneos ao Deserto Botucatu existente na Bacia do Paraná, embora as camadas mais superiores possam estar associadas a ambiente flúvio-lacustre. As formas de relevo envolvem uma seqüência de chapadas e patamares caracterizando formas estruturais com rebordos festonados e rampas escalonadas em formas erosivas. As chapadas são constituídas por sedimentos cretáceos e configuram grandes unidades de relevo em mesa penetradas por vales pedimentados, com bordas escarpadas e anfiteatros largos, que atacados por ciclos de erosão pós-cretáceos resultaram em patamares escalonados e arrasados em pediplanos que descem rumo ao curso do Rio Tocantins. A presença de inúmeros relevos residuais colabora nos contrastes geomorfológicos. Os processos morfogenéticos predominantemente mecânicos podem ser divididos em quatro fases de esculturação que resultaram na dissecação diferenciada. A compartimentação do relevo permite apontar algumas considerações sobre a distribuição geográfica da fauna na área da Estação Ecológica e seu entorno, pois em parte esta relação pode ser determinada pelos escalonamentos topográficos decorrentes do aparecimento das unidades geomorfológicas. A maior barreira geográfica foi criada durante o Neoproterozóico, separando as formas de relevo dos patamares escalonados; os basculamentos mesozóicos produziram os chapadões que, pela erosão mecânica, formaram pedimentos que foram aos poucos coalescidos durante o Cretáceo Superior até o Terciário Superior; tal processo resultou nos relevos residuais que, juntamente com a reativação de falhas antigas, favoreceu o isolamento entre os compartimentos biológicos; este processo continuou durante o Quaternário em razão das alternâncias climáticas de períodos semi-áridos a úmidos, promovendo a retomada da erosão mecânica e a formação de planícies fluviais.This work presents a basic description of Serra Geral do Tocantins Ecological Station, located in the eastern part of Tocantins State and western part of Bahia State, Central Brazil. Two main factors of physical environment are treated: geology, composed by sedimentary litotypes, and the relief forms, due to predominance of mesetas and inselbergs in the region, famous for Jalapão Dunes in the north. This interaction, sculpted under typical savanna climate, has turned out into a mosaic series with immense landscape peculiarities. Serra Geral do Tocantins is a sedimentary plateau sculpted at Sedimentary Basin of Parnaiba. The Ecological Station's area is featured by sedimentary packs mainly continental, subsequent from basaltic extrusion that occurred during Wealdenian Reactivation in the Jura-Cretaceous period. It is composed by sandstones whose colors changes from pale to red ones, extremely friable, originated from dry paleoclimate accumulations (arid to semi-arid ones) of Mesozoic. It is possible to be related to contemporary dry Mesozoic period of Parana's Basin (Botucatu Desert), though upper layers can be from fluvial-lake environment. The relief forms involve mesetas and level sequences characterized by structural features with retreated edges and step levels into erosive forms. The mesetas are filled with cretaceous sediments and configure great plateau relief units penetrated by pedimented valleys, with scarped edges and large amphitheatres. Its attack by post-cretaceous erosion resulted into step levels whose softened surface produced pediplains that run to Tocantins River course. The very existence of considerable numbers of residual landforms contributes to the geomorphologic contrast. The predominance of the mechanical morphogenetic process can be divided into four sculptural phases resulting in differential dissection. Based on relief compartments it is possible to point out some considerations about the geographical distribution of the fauna in the Ecological Station's area and its surroundings, because at least part of it can be related to the topographic step-levels forms originated from geomorphological units. The biggest geographical barrier was created during Neoproterozoic, dividing the step-levels relief forms; the Mesozoic tilting produced the mesetas which by mechanical erosion formed pediments that suffered coalescence from Upper Cretaceous to Upper Tertiary. This process resulted into residual landforms, whose action in combination with ancient faults reactivations helped the isolation of biological compartments; continuing during Quaternary due to alternations of semi-arid to humid periods, mechanical erosion was initiated again and fluvial plains were formed.Instituto Virtual da Biodiversidade | BIOTA - FAPESP2017-12-07T04:57:22Z2017-12-07T04:57:22Z2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfVILLELA, Fernando Nadal Junqueira; NOGUEIRA, Cristiano. Geologia e geomorfologia da estação ecológica Serra Geral do Tocantins. Biota Neotropica, v. 11, n. 1, p. 217-229, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1676-06032011000100023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bn/a/Xrtv6rYfHg8B9BygMh65YyF/?lang=pt#. Acesso em: 10 ago. 2021.http://repositorio.unb.br/handle/10482/28210https://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032011000100023Biota Neotropica - This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License (CC BY NC). Fonte: https://www.scielo.br/j/bn/a/Xrtv6rYfHg8B9BygMh65YyF/?lang=pt#. Acesso em: 10 ago. 2021.info:eu-repo/semantics/openAccessVillela, Fernando Nadal JunqueiraNogueira, Cristiano de Camposporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-05-24T23:53:25Zoai:repositorio.unb.br:10482/28210Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-05-24T23:53:25Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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