Arquitetura e criação artística : o erro da verdade-certeza em Descartes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | https://repositorio.unb.br/handle/10482/38146 |
Resumo: | O progressivo avanço das tecnologias de processamento de dados tem colocado nos ateliês de criação, ferramentas de projeto com capacidade de armazenar e combinar quantidades quase infinitas de projetos. Como resultado, esses mesmos softwares de começam a “sugerir” aos arquitetos ideias de projetos que parecem originais, mas que não ultrapassam as vivências estéticas já vividas pela humanidade. Diante desse contexto, a presente pesquisa resgata o elemento primordial da geometria, o Plano Cartesiano, utilizado tanto pelos softwares quanto nas pranchetas, e discute os seus fundamentos filosóficos para, a partir de seus elementos constitutivos analisar como se situa o salto da criação, ilustrado pelo salto do zero ao um. Recuperou-se os fundamentos da filosofia de René Descartes, da construção de seu método e sua aplicação no espaço por meio da obra Géométrie, na qual aparece pela primeira vez o Plano Cartesiano. Dessa análise, observou-se que a origem no sistema de Descartes era a unidade e não o zero, o que levou a consideração de que a utilização do zero na origem do sistema de coordenadas possui um valor de ente ausente e controlador do sistema. Nessa configuração, a criação artística pela matemática não se sustenta, e a proposta de controle que o método apresentava ao mundo e sobre o qual reivindicava a exclusividade da verdade foi sendo desconstruída pelas críticas de Nietzsche e de Heidegger. Analisou-se, então, as consequências que as propostas que fundamentam a verdade da essência humana no nada, propostas por Heidegger, acarretam para a criação artística. Observou-se que, se por um lado essa nova proposta filosófica reinseria o homem no sistema evidenciando sua verdade enquanto ser do mundo, paradoxalmente também fundamentava o zero como elemento de verdade em si. Dessa forma, os elementos tecnológicos baseados na matemática passaram a ter fundamento filosófico para reivindicarem a possibilidade de criarem arte. Contudo pensamos que a verdade da essência humana precisa abarcar tanto a razão quanto a emoção e por isso propusemos como alternativa a recuperação das propostas de Blaise Pascal. Analisou-se suas ideias que reconheciam o valor fundamental da razão na construção da certeza, e ao mesmo tempo, sua limitação para acessar os valores essenciais da verdade, alcançáveis apenas pela emoção. Por fim, propõe-se que os processos de criação nos ateliês de arquitetura tenham seus pressupostos repensados para conseguirem abarcar a técnica após a vivência da emoção do amor altruísta, que define a essência humana e sua verdade. |
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Arquitetura e criação artística : o erro da verdade-certeza em DescartesArquiteturaEstéticaDescartes, René, 1596-1650O progressivo avanço das tecnologias de processamento de dados tem colocado nos ateliês de criação, ferramentas de projeto com capacidade de armazenar e combinar quantidades quase infinitas de projetos. Como resultado, esses mesmos softwares de começam a “sugerir” aos arquitetos ideias de projetos que parecem originais, mas que não ultrapassam as vivências estéticas já vividas pela humanidade. Diante desse contexto, a presente pesquisa resgata o elemento primordial da geometria, o Plano Cartesiano, utilizado tanto pelos softwares quanto nas pranchetas, e discute os seus fundamentos filosóficos para, a partir de seus elementos constitutivos analisar como se situa o salto da criação, ilustrado pelo salto do zero ao um. Recuperou-se os fundamentos da filosofia de René Descartes, da construção de seu método e sua aplicação no espaço por meio da obra Géométrie, na qual aparece pela primeira vez o Plano Cartesiano. Dessa análise, observou-se que a origem no sistema de Descartes era a unidade e não o zero, o que levou a consideração de que a utilização do zero na origem do sistema de coordenadas possui um valor de ente ausente e controlador do sistema. Nessa configuração, a criação artística pela matemática não se sustenta, e a proposta de controle que o método apresentava ao mundo e sobre o qual reivindicava a exclusividade da verdade foi sendo desconstruída pelas críticas de Nietzsche e de Heidegger. Analisou-se, então, as consequências que as propostas que fundamentam a verdade da essência humana no nada, propostas por Heidegger, acarretam para a criação artística. Observou-se que, se por um lado essa nova proposta filosófica reinseria o homem no sistema evidenciando sua verdade enquanto ser do mundo, paradoxalmente também fundamentava o zero como elemento de verdade em si. Dessa forma, os elementos tecnológicos baseados na matemática passaram a ter fundamento filosófico para reivindicarem a possibilidade de criarem arte. Contudo pensamos que a verdade da essência humana precisa abarcar tanto a razão quanto a emoção e por isso propusemos como alternativa a recuperação das propostas de Blaise Pascal. Analisou-se suas ideias que reconheciam o valor fundamental da razão na construção da certeza, e ao mesmo tempo, sua limitação para acessar os valores essenciais da verdade, alcançáveis apenas pela emoção. Por fim, propõe-se que os processos de criação nos ateliês de arquitetura tenham seus pressupostos repensados para conseguirem abarcar a técnica após a vivência da emoção do amor altruísta, que define a essência humana e sua verdade.The progressive advancement of data processing technologies has placed in the creation workshops, design tools with the capacity to store and combine almost endless amounts of projects. As a result, this same design software begins to "suggest" to architects ideas for projects, which seem original but do not go beyond the aesthetic experiences already lived by humanity. Given this context, the present research rescues the primordial element of geometry, the Cartesian Plane used in projects both by the softwares as well as the drawing boards and discusses its philosophical foundations in order to starting from its constituent elements analyze how the creative jump takes place illustrated by the jump from zero to one. The foundations of the philosophy of Rene Descartes, the construction of its method and its application in space are recovered through the work Géométrie, in which the Cartesian Plane appears for the first time. From this analysis it is observed that the origin in Descartes’s system was the unit and not the zero; which led to the consideration that the use of zero in the origin of the system of coordinates has a value of absent entity and system controller. In this configuration, artistic creation through mathematics does not support itself, but the proposal of control that the method presented to the world and on which it claimed the exclusivity of the truth was deconstructed by the criticisms of Nietzsche and Heidegger. The consequences that the proposals that base the truth of the human essence on nothing, proposed by Heidegger, entail for the artistic creation were therefore analyzed. It was observed that if on the one hand this new philosophical proposal reinserted the man in the system evidencing its truth as being of the world, paradoxically also it grounded zero as element of truth in itself. In this way the technological elements based on mathematics have a philosophical foundation to claim the possibility of creating art. We think that the truth of the human essence must encompass both reason and emotion, and that is why we proposed as an alternative through the recovery of Blaise Pascal's proposals. His ideas that recognized the fundamental value of reason in the construction of certainty and at the same time recognized its limitation to reach the essential values of truth, achievable only by emotion, were analyzed. It is concluded therefore in the form of a proposal that the creation processes in architecture workshops should have their presupposition, at least reimagined, to be able to embrace the technique after experiencing the emotion of altruistic love, which defines the human essence and its truth.Coutinho, Carlos Luciano SilvaAfonso, Cláudia2020-06-25T12:02:21Z2020-06-25T12:02:21Z2019-08-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfAFONSO, Cláudia. Arquitetura e criação artística: o erro da verdade-certeza em Descartes . 2019.179 fl. 179. il. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.https://repositorio.unb.br/handle/10482/38146A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-07-12T20:07:56Zoai:repositorio.unb.br:10482/38146Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-07-12T20:07:56Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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