Violência urbana no Distrito Federal : histórias de vida de vítimas indiretas e seus trabalhos de luto
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | http://repositorio.unb.br/handle/10482/22115 http://dx.doi.org/10.26512/2016.09.T.22115 |
Resumo: | Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, 2016. |
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Violência urbana no Distrito Federal : histórias de vida de vítimas indiretas e seus trabalhos de lutoViolência urbana - Distrito Federal (DF)ResiliênciaLutoEnfrentamentoTese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, 2016.Introdução: O medo de sofrer um crime violento não é novidade na cultura brasileira, mas se tornou rotineiro e mais intenso nas últimas décadas, sobretudo nas metrópoles. A questão central da pesquisa, realizada no Distrito Federal, foi responder por que algumas vítimas indiretas da violência urbana conseguem elaborar o luto e “seguir com a vida”, enquanto outras ficam estagnadas em um processo de luto “complicado”, “mal elaborado” ou “patológico”. Por acreditar que Freud é um autor fundamental no campo dessas reflexões, realizo um diálogo constante com a psicanálise, explorando e articulando os conceitos de trauma, resiliência e luto. O objetivo geral foi investigar, por meio do uso do método psicanalítico em uma situação de pesquisa, os mecanismos de reparação/ressignificação das experiências vividas por vítimas indiretas da violência urbana no Distrito Federal. Método: O principal instrumento utilizado para obtenção de dados foi a entrevista aberta e em profundidade, para coleta de História de vida. As entrevistas ocorreram livremente. “Gostaria que me contasse a história da sua vida, da forma como o senhor (a) quiser” foi, inicialmente, à única instrução dada aos participantes, que somaram 13. Detalho os critérios de seleção dos participantes, o desenrolar do trabalho de campo, como efetuei a categorização dos dados, os recursos que utilizei para apresentar estes dados e, por fim, as técnicas de análise. Sobre a etapa de categorização, destaquei a extração de um conjunto de oito instituições, a saber: família, igreja, trabalho, apoio social, ativismo, Terapia, medicação (psicotrópica) e drogas Ilícitas, todas associadas às principais possibilidades de enfrentamento - ou ressignificação - das experiências violentas que afetaram os participantes. Resultados: De maneira geral, os participantes que “ficaram bem” apresentam relações muito fortes e estáveis com as instituições tradicionais e seus projetos de futuro estão relacionados com estas instituições. A família foi a principal instituição tradicional a quem os participantes recorreram para passar pelo luto e seguir com suas vidas. Para o grupo que “ficou mal”, a saúde foi bastante afetada e a ideação suicida é comum em seus discursos, além de um sentimento de culpa constante. Neste subgrupo, houve perda do sentido de viver. Foram participantes que desenvolveram mais sintomas psiquiátricos, não buscaram ajuda e não cuidaram de si. Conclusões: Os processos de luto diante da perda de pessoas próximas por causas violentas foram bem sucedidos para a maior parte dos participantes. A análise conjunta dos dados, articulado com a literatura especializada, aponta que “ficar bem” ou “ficar mal” após sofrer experiências de perda extremamente dolorosas está diretamente relacionado com a saída ou elaboração (suficiente, precária ou inexistente) do trabalho de luto. E esta saída do luto também está relacionada com as instituições que ajudaram a “segurar a barra” de passar por uma experiência potencialmente traumática, além de ter relação também com o potencial de resiliência de cada sujeito. O processo interior de criação do relato autobiográfico possibilitou dar algum sentido para o que pode ser inominável, traumático ou insuportável.Introduction: The fear of suffering a violent crime is not new in Brazilian culture, but it has become routine and more intense in recent decades, especially in cities. The central question of the survey, conducted in the Federal District, was to answer why some indirect victims of urban violence can elaborate mourning and 'get on with life', while others get stuck in a grieving process "complicated," "poorly prepared" or "pathologic". Believing that Freud is a key author in the field of these reflections, I realize a constant dialogue with psychoanalysis, exploring and articulating the concepts of trauma, resilience and mourning. The overall objective was to investigate, through the use of the psychoanalytic method in a research situation, the mechanisms of repair / reframing the experiences of indirect victims of urban violence in the Federal District. Method: The main instrument used for data collection was open and in-depth interview to collect life history. The interviews took place freely: "tell me the story of your life the way you want" was initially the only instruction given to participants, which was a total of 13. I detailed the criteria for selection of participants, how I carried on the field work, how I did the categorization of the data, the resources I used to present these data and, finally, the analysis techniques. On the stage of categorization, highlighted the extraction of a set of eight institutions, namely: Family, Church, Work, Social Support, Activism, Therapy, Psychotropic Medication and Illicit Drugs, all associated with major coping possibilities - or reframing - violent experiences that affected the participants. Results: In general, participants who "went well" have very strong and stable relations with the traditional institutions and their future projects are related to these institutions. The family was the main traditional institution which participants resorted to go through the grief and move on with their lives. For the group that "was bad," health was greatly affected and suicidal ideation is common in his speeches, and a feeling of constant guilt. In this subgroup, there was loss of the sense of living. They were the participants who developed more psychiatric symptoms, have not sought help and did not care of itself. Conclusion: The grief process at the loss of close people from violent causes have been successful for most participants. The analysis of the data, in conjunction with the literature, points out that "look good" or "get ill" after suffering extremely painful experiences of loss is directly related to the output or preparation (enough, poor or non-existent) the work of mourning. And this mourning output is also related to the institutions that helped to “segurar a barra” to go through a potentially traumatic experience, and having regard also to the potential resilience of each person. The inner process of creating autobiographical account possible give some sense to what can be unspeakable, traumatic or unbearable.Introducción: El miedo de sufrir un crimen violento no es novedad en la cultura brasileña, pero se convirtió rutinero y más intenso en las últimas décadas, principalmente en las grandes ciudades. La cuestión central de esta investigación, hecha en el Districto Federal, fue contestar por qué algunas víctimas indirectas de la violencia urbana consiguen elaborar el luto y “seguir con la vida”, mientras otras se quedan estancadas en un proceso de luto “complicado”, “mal hecho” o “patológico”. Por creer que Freud es un autor fundamental en el campo de estas reflexiones, realicé un diálogo constante con el psicoanálisis, explorando y articulando los conceptos de trauma, resiliencia y luto. El objetivo general fue conocer, por medio del método psicoanalítico en una situación de investigación, los mecanismos de reparación/resignificación de las experiencias vividas por los participantes. Método: El principal instrumento utilizado para la obtención de datos fue la entrevista abierta y en profundidad, para coger Historias de Vida. Las entrevistas ocurrieron libremente. “Gustaría que me contase la historia de su vida, de la manera como el señor(a) quiera”, fue, inicialmente, la única instrucción dada a los participantes, que sumaron 13. Detallé los criterios de selección, el desarrollo del trabajo de campo, como hice la categorización de datos, los recursos que utilicé para presentar estos datos y, por fin, las técnicas de análisis. Con respecto a la etapa de categorización, destaqué la extracción de un conjunto de ocho instituciones, a saber: Familia, Iglesia, Trabajo, Apoyo social, Activismo, psicoterapia, medicación (psicotrópica) y drogas Ilícitas, todas asociadas a las principales posibilidades de enfrentamiento - o resignificación – de las experiencias violentas que afectaron a los participantes. Resultados: De manera general, los participantes que se “quedaron bien” presentaron relaciones muy fuertes y estables con las instituciones tradicionales y sus proyectos de futuro están relacionados con dichas instituciones. La familia fue la principal institución a quien los participantes recurrieron para pasar por el luto y seguir con sus vidas. Para el grupo que “se quedó mal”, la salud fue bastante afectada y la ideación suicida fue común en sus discursos, además de un sentimiento de culpa constante. En esto grupo, hubo pérdida del sentido de la vida. Fueron los participantes que desarrollaron más síntomas psiquiátricos, no buscaron ayuda y no cuidaron de sí mismos. Conclusiones: Los procesos de luto delante de la pérdida de personas próximas por causas violentas fueron exitosos para la mayoría de los participantes. El análisis conjunto de los datos, articulado con la literatura especializada, apuntan que “quedarse bien” o “quedarse mal” después de sufrir experiencias de pérdida extremadamente dolorosas está directamente relacionado con la salida o elaboración (suficiente, precaria o inexistente) del trabajo de luto. Y la salida del luto también está relacionada con las instituciones que ayudaron a “sostener la barra” y pasar por una experiencia potencialmente traumática, además de tener relación con el potencial de resiliencia de cada sujeto. El proceso interior de creación del relato autobiográfico posibilita dar algún sentido para lo que puede ser innominable, traumático o insoportable.Introduction: La peur de la souffrance d'un crime violent n’est pas nouvelle dans la culture brésilienne, mais, elle est devenue courante et plus intense pendant des dernières décennies, plutôt aux grandes villes. La question centrale de cette recherche, faite à Distrito Federal, a été de répondre pourquoi certaines victimes indirectes de la violence urbaine réussissent à l’élaboration du deuil et à "continuer à vivre", tandis que d'autres se sont coincées dans un processus de deuil "compliqué", "mal élaboré" ou "pathologique". Assurée de l’importance fondamental de Freud au domaine de ces réflexions, je sutiens un dialogue constant avec la psychanalyse, en explorant et en articulant les concepts de traumatisme, de résilience et de deuil. L'objectif général a été d’enquêter, à travers l'usage de la méthode psychanalytique dans une situation de recherche, les mécanismes de réparation/resignification des expériences vécues par des victimes indirectes de la violence urbaine à Distrito Federal. Méthode: Le principal instrument utilisé pour l’obtention de données a été l’entrevue ouverte et en profondeur pour recueillir l'Histoire de vie. Les entrevues ont eu lieu librement. "Je voudrais que vous me disiez l'histoire de votre vie, comme vous voulez" a été d'abord la seule instruction donnée aux participants, qui ont totalisé 13. Je détaille les critères de sélection des participants, le cours de l’étude de champ, la procédure de catégorisation des données, les ressources lesquels j'ai utilisé pour présenter ces données et, enfin, les techniques d'analyse. À propos de l'étape de la catégorisation, je relève l’extraction d'un ensemble de huit institutions, à savoir: Famille, Église, Travail, Soutien Social, Activisme, Thérapie, Médication (psychotropique) et Drogues Illicites, tous celles associées aux principales stratégies de faire face – ou de resignification – des expériences violentes qui ont affecté les participants. Résultats: D’une façon générale, les participants qui "vont bien" ont des relations très fortes et stables avec les institutions traditionnelles et leurs projets futurs sont liés à ces institutions. La famille a été la principale institution traditionnelle dont les participants ont fait appel pour passer par le deuil et suivre leurs vies. Pour le groupe qui "a été mauvais", la santé a été grandement affectée et l’idéation suicidaire est courante dans ses discours, ainsi q’un sentiment de culpabilité souvent. Dans ce sous-groupe, il y a eu de la perte du sens de la vie. Les participants qui ont développé plus des symptômes psychiatriques n'ont pas demandé de l'aide et n’ont pas pris soin d'eux-mêmes. Conclusions: Le processus de deuil face à la perte de personnes proches par des causes violentes a réussit pour la plupart des participants. L'analyse de toutes les données, par rapport à la littérature, souligne que "aller bien" ou "aller mal" après avoir subi des expériences de perte extrêmement douloureuses est directement liée à la sortie ou à l’élaboration (assez, pauvre ou inexistant) du travail de deuil. Et cette sortie du deuil est également liée à des institutions qui ont aidé à "prendre en charge" pour passer à travers une expérience potentiellement traumatique, ainsi que par rapport au potentiel de résilience de chaque sujet. Le processus interne de création du récit autobiographique permet de donner un sens à ce qui peut être indicible, traumatique ou insupportable.Instituto de Psicologia (IP)Departamento de Psicologia Clínica (IP PCL)Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e CulturaViana, Terezinha de CamargoSonoda, Katerine da Cruz Leal2017-01-09T13:21:33Z2017-01-09T13:21:33Z2017-01-092016-09-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSONODA, Katerine da Cruz Leal. Violência urbana no Distrito Federal: histórias de vida de vítimas indiretas e seus trabalhos de luto. 2016. xxvii, 354 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016.http://repositorio.unb.br/handle/10482/22115http://dx.doi.org/10.26512/2016.09.T.22115A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2024-03-13T14:53:09Zoai:repositorio.unb.br:10482/22115Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2024-03-13T14:53:09Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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