Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Magalhães, Albino Verçosa de
Data de Publicação: 1986
Outros Autores: Moraes, Mario Augusto Pinto de, Raick, Alberto N., Llanos Cuentas, Alejandro, Costa, Jackson Mauricio Lopes, Cuba, César Augusto Cuba, Marsden, Philip Davis
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/20277
http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004
Resumo: Os A.A. analisam as alterações histopatológicas observadas em 378 casos de Leishmaniose Tegumentar da localidade de Três Braços Estado da Bahia, dos quais 307 eram de portadores de lesões exclusivamente cutâneas, 54 de portadores de lesões exclusivamnte mucosas e 17 de portadores de lesões cutâneo-mucosas. A infiltração histiolinfoplasmocitária, na maioria dos casos, parece desempenhar o papel de resposta celular inespecífica à presença de um irritante tecidual, porém, nos casos de forma mucosa, não se pode afastar a possibilidade de que esse infiltrado esteja participando de uma reação de tipo autoagressivo. O plasmócito constitui um elemento quase constante nas lesões desenvolvidas, mas não tem sido observado nas lesões residuais, quer em via de cura ou já cicatrizadas; sua presença nestes casos denota, quase sempre, tendência à recidiva. Os mastdcitos foram observados em lesões tanto da forma cutânea como da forma mucosa, mas predominavam nas primeiras. Seu número foi significantemente maior no padrão de Reação Exsudativa e Neerótico Granulomatosa, onde os fenômenos necróticos são bem desenvolvidos. Os eosinófilos apresentaram associação significativa com os mastócitos, confirmando a existência de um eixo bidirecional entre estás duas células, o qual deve participar da modulação inflamatória, na Leishmaniose Tegumentar. Dois tipos de reação granulomatosa foram observados: um desorganizado, em relação, muitas vezes, com a necrose tissular, e outro organizado, mais raro, do tipo tuberculóide. O primeiro foi interpretado como de origem pós-necrótica, surgindo com a redução da carga parasitária, propiciada pelos fenômenos necróticos: eliminado o antígeno e mantidos os níveis de anticorpos, surgem as condições necessárias ao estabelecimento do granuloma, semelhante àquele observado nas lesões por imunocomplexo em excesso de anticorpos. O outro tipo de reação foi o granuloma de células epiteliódes, que surgiu em dois grupos de pacientes. Nos pacientes jovens, com doença de curto tempo de evolução e intradermorreação não exacerbada, este tipo de granuloma talvez seja a expressão da Hipersensibilidade Granulomatosa Específica, descrita por EPSTEIN (1977). No outro grupo de pacientes, havia em todos intradermorreação exacerbada. Nestes casos a hipersensibilidade granulomatosa, associando-se ã hipersensibilidade mediada por células agora ampliada pelo seqüestro do antígeno , reforçaria o processo granulomatoso, através da reverberação do estímulo antígênico; isso tornaria o tratamento mais difícil e pior o prognóstico para o caso.
id UNB_73d50660285d56d54b8eba67593f0012
oai_identifier_str oai:repositorio.unb.br:10482/20277
network_acronym_str UNB
network_name_str Repositório Institucional da UnB
repository_id_str
spelling Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidosHistopathology of mucocutaneous leishmaniasis caused by Leishmania braziliensis brasiliensis. 3. Cellular reactionLeishmaniose cutâneaLeishmaniaHistopatologiaOs A.A. analisam as alterações histopatológicas observadas em 378 casos de Leishmaniose Tegumentar da localidade de Três Braços Estado da Bahia, dos quais 307 eram de portadores de lesões exclusivamente cutâneas, 54 de portadores de lesões exclusivamnte mucosas e 17 de portadores de lesões cutâneo-mucosas. A infiltração histiolinfoplasmocitária, na maioria dos casos, parece desempenhar o papel de resposta celular inespecífica à presença de um irritante tecidual, porém, nos casos de forma mucosa, não se pode afastar a possibilidade de que esse infiltrado esteja participando de uma reação de tipo autoagressivo. O plasmócito constitui um elemento quase constante nas lesões desenvolvidas, mas não tem sido observado nas lesões residuais, quer em via de cura ou já cicatrizadas; sua presença nestes casos denota, quase sempre, tendência à recidiva. Os mastdcitos foram observados em lesões tanto da forma cutânea como da forma mucosa, mas predominavam nas primeiras. Seu número foi significantemente maior no padrão de Reação Exsudativa e Neerótico Granulomatosa, onde os fenômenos necróticos são bem desenvolvidos. Os eosinófilos apresentaram associação significativa com os mastócitos, confirmando a existência de um eixo bidirecional entre estás duas células, o qual deve participar da modulação inflamatória, na Leishmaniose Tegumentar. Dois tipos de reação granulomatosa foram observados: um desorganizado, em relação, muitas vezes, com a necrose tissular, e outro organizado, mais raro, do tipo tuberculóide. O primeiro foi interpretado como de origem pós-necrótica, surgindo com a redução da carga parasitária, propiciada pelos fenômenos necróticos: eliminado o antígeno e mantidos os níveis de anticorpos, surgem as condições necessárias ao estabelecimento do granuloma, semelhante àquele observado nas lesões por imunocomplexo em excesso de anticorpos. O outro tipo de reação foi o granuloma de células epiteliódes, que surgiu em dois grupos de pacientes. Nos pacientes jovens, com doença de curto tempo de evolução e intradermorreação não exacerbada, este tipo de granuloma talvez seja a expressão da Hipersensibilidade Granulomatosa Específica, descrita por EPSTEIN (1977). No outro grupo de pacientes, havia em todos intradermorreação exacerbada. Nestes casos a hipersensibilidade granulomatosa, associando-se ã hipersensibilidade mediada por células agora ampliada pelo seqüestro do antígeno , reforçaria o processo granulomatoso, através da reverberação do estímulo antígênico; isso tornaria o tratamento mais difícil e pior o prognóstico para o caso.The Authors analyse the histopathological alterations observed in 378 cases of Mucocutaneous Leishmaniasis from Três Braços, Bahia, of whom 307 (81,4%) were only cutaneous, 54 (14,2%) only mucosae and in 17 (4,4%) both integuments were involved simultaneously. A cellular infiltration of lymphocytes and plasma cells was invariably present in all forms and during healing. In mucosal cases, this reaction may have an important role in maintaining an auto agression in the presence of few or no parasites. The plasma cell is a constant ele-ment in well developed lesions but not present in healing lesions. Its presence almost always denotes a tendancy to relapse. Mast cells were observed in both cutaneous and mucosal lesions but predominate in the former. Its number was significantly greater in those with an exudative and necrotic granulomatous reaction where necrotic phenomena are marked. Eosinophils were significantly associated with mast cells suggesting the existence of association between these cells in the modulation of the inflammatory response. Two types of granulomatous reaction were observed: a disorganized one, often related to tissue necrosis, and an organized, tuberculoid type granuloma. The first type is interpreted as of post necrotic origin resulting in a reduction in antigenic load with maintenance of antibody levels, creating the conditions to establish a granuloma similar to that observed in immunocomplex lesions with excess of antibody. The other type of rection was the granuloma of epithelioid cells, which tend to arise in two groups of patients. In young patients, with short time cutaneous lesions and normal positive leishmanin skin tests, this type of granuloma perhaps similar to the specific hypersensibility granuloma described by EPSTEIN (1977). In the other group of patients, the leishmanin skin test was always exaggerated. In these cases the hypersensitive granuloma is associated with a cellular hypersensivity, perhaps amplified by sequestration of antigen, reforcing the antigenic stimulus of the granuloma. As a result, treat- ment of this group is more difficult and the prognosis worse in consequence.Faculdade de Medicina (FMD)Instituto de Medicina Tropical2016-05-17T14:05:47Z2016-05-17T14:05:47Z1986-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfMAGALHAES, Albino Verçosa de et al. Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. Reação celular nos tecidos. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 5, p. 300-311, set./out. 1986. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46651986000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 maio 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004.http://repositorio.unb.br/handle/10482/20277http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo - All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons (Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)). Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46651986000500004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 18 abr. 2016.info:eu-repo/semantics/openAccessMagalhães, Albino Verçosa deMoraes, Mario Augusto Pinto deRaick, Alberto N.Llanos Cuentas, AlejandroCosta, Jackson Mauricio LopesCuba, César Augusto CubaMarsden, Philip Davisporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-08-25T03:03:11Zoai:repositorio.unb.br:10482/20277Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-08-25T03:03:11Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
Histopathology of mucocutaneous leishmaniasis caused by Leishmania braziliensis brasiliensis. 3. Cellular reaction
title Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
spellingShingle Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
Magalhães, Albino Verçosa de
Leishmaniose cutânea
Leishmania
Histopatologia
title_short Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
title_full Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
title_fullStr Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
title_full_unstemmed Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
title_sort Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. reação celular nos tecidos
author Magalhães, Albino Verçosa de
author_facet Magalhães, Albino Verçosa de
Moraes, Mario Augusto Pinto de
Raick, Alberto N.
Llanos Cuentas, Alejandro
Costa, Jackson Mauricio Lopes
Cuba, César Augusto Cuba
Marsden, Philip Davis
author_role author
author2 Moraes, Mario Augusto Pinto de
Raick, Alberto N.
Llanos Cuentas, Alejandro
Costa, Jackson Mauricio Lopes
Cuba, César Augusto Cuba
Marsden, Philip Davis
author2_role author
author
author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Magalhães, Albino Verçosa de
Moraes, Mario Augusto Pinto de
Raick, Alberto N.
Llanos Cuentas, Alejandro
Costa, Jackson Mauricio Lopes
Cuba, César Augusto Cuba
Marsden, Philip Davis
dc.subject.por.fl_str_mv Leishmaniose cutânea
Leishmania
Histopatologia
topic Leishmaniose cutânea
Leishmania
Histopatologia
description Os A.A. analisam as alterações histopatológicas observadas em 378 casos de Leishmaniose Tegumentar da localidade de Três Braços Estado da Bahia, dos quais 307 eram de portadores de lesões exclusivamente cutâneas, 54 de portadores de lesões exclusivamnte mucosas e 17 de portadores de lesões cutâneo-mucosas. A infiltração histiolinfoplasmocitária, na maioria dos casos, parece desempenhar o papel de resposta celular inespecífica à presença de um irritante tecidual, porém, nos casos de forma mucosa, não se pode afastar a possibilidade de que esse infiltrado esteja participando de uma reação de tipo autoagressivo. O plasmócito constitui um elemento quase constante nas lesões desenvolvidas, mas não tem sido observado nas lesões residuais, quer em via de cura ou já cicatrizadas; sua presença nestes casos denota, quase sempre, tendência à recidiva. Os mastdcitos foram observados em lesões tanto da forma cutânea como da forma mucosa, mas predominavam nas primeiras. Seu número foi significantemente maior no padrão de Reação Exsudativa e Neerótico Granulomatosa, onde os fenômenos necróticos são bem desenvolvidos. Os eosinófilos apresentaram associação significativa com os mastócitos, confirmando a existência de um eixo bidirecional entre estás duas células, o qual deve participar da modulação inflamatória, na Leishmaniose Tegumentar. Dois tipos de reação granulomatosa foram observados: um desorganizado, em relação, muitas vezes, com a necrose tissular, e outro organizado, mais raro, do tipo tuberculóide. O primeiro foi interpretado como de origem pós-necrótica, surgindo com a redução da carga parasitária, propiciada pelos fenômenos necróticos: eliminado o antígeno e mantidos os níveis de anticorpos, surgem as condições necessárias ao estabelecimento do granuloma, semelhante àquele observado nas lesões por imunocomplexo em excesso de anticorpos. O outro tipo de reação foi o granuloma de células epiteliódes, que surgiu em dois grupos de pacientes. Nos pacientes jovens, com doença de curto tempo de evolução e intradermorreação não exacerbada, este tipo de granuloma talvez seja a expressão da Hipersensibilidade Granulomatosa Específica, descrita por EPSTEIN (1977). No outro grupo de pacientes, havia em todos intradermorreação exacerbada. Nestes casos a hipersensibilidade granulomatosa, associando-se ã hipersensibilidade mediada por células agora ampliada pelo seqüestro do antígeno , reforçaria o processo granulomatoso, através da reverberação do estímulo antígênico; isso tornaria o tratamento mais difícil e pior o prognóstico para o caso.
publishDate 1986
dc.date.none.fl_str_mv 1986-09
2016-05-17T14:05:47Z
2016-05-17T14:05:47Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv MAGALHAES, Albino Verçosa de et al. Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. Reação celular nos tecidos. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 5, p. 300-311, set./out. 1986. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46651986000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 maio 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004.
http://repositorio.unb.br/handle/10482/20277
http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004
identifier_str_mv MAGALHAES, Albino Verçosa de et al. Histopatologia da leishmaniose tegumentar por Leishmania braziliensis braziliensis. 3. Reação celular nos tecidos. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 5, p. 300-311, set./out. 1986. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46651986000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 maio 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004.
url http://repositorio.unb.br/handle/10482/20277
http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46651986000500004
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto de Medicina Tropical
publisher.none.fl_str_mv Instituto de Medicina Tropical
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UnB
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Repositório Institucional da UnB
collection Repositório Institucional da UnB
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@unb.br
_version_ 1814508197419941888