Frugivoria e potencial dispersão de sementes pelo marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) em áreas de Cerrado no Brasil central
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Data de Publicação: | 2011 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | http://repositorio.unb.br/handle/10482/28035 https://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062011000300018 |
Resumo: | No presente estudo, investigamos o consumo de frutos e viabilidade de sementes consumidas pelo marsupial Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) em quatro áreas de cerradão do Brasil central. Análises fecais indicaram que este mamífero se alimenta de plantas pioneiras da família Melastomataceae (Miconia albicans (Sw.) Triana, M. cuspidata Naudin, M. ferruginata DC., M. pepericarpa DC., M. pohliana Cogn. e Ossaea congestiflora (Naudin) Cogn.), Solanaceae (uma espécie não identificada) e Viscaceae (Phoradendron perrottetii (DC.) Eichler, erva-de-passarinho). Detectamos o maior índice de consumo de frutos já registrado para o gênero Gracilinanus, com cerca de 45% das fezes contendo sementes e 86% contendo itens derivados de frutos (N=422). Com exceção de O. congestiflora, o restante das sementes das espécies testadas não sofreram efeitos negativos na germinabilidade ao passarem pelo trato digestório deste marsupial. A avaliação da variação intraspecífica no número de sementes encontradas nas fezes indicou que fêmeas de G. agilis defecam maior quantidade de sementes de Miconia (média±EP = 21,7±3,8) em comparação com os machos (14,4±3,0) (F=26,32; P<0,0001). O fator estação do ano também foi significativo (F=452,22; P<0,0001) e existiu interação entre sexo e estação do ano (F=30,10; P<0,0001). Tanto fêmeas como machos aumentaram o consumo de frutos com sementes na época seca, contudo fêmeas apresentaram mais sementes nas fezes do que machos na estação chuvosa. Nessa estação, observamos um maior número de sementes de espécies de Miconia defecadas por fêmeas reprodutivas (24,7±6,6) em relação a fêmeas não reprodutivas (12,9±2,8) (P=0,031). Nossos dados indicaram que G. agilis selecionou positivamente espécies da família Melastomataceae, sugerindo um papel relevante dessas plantas na dieta desse marsupial, relacionado ao suprimento da demanda energética e de água, principalmente na época seca. |
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Frugivoria e potencial dispersão de sementes pelo marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) em áreas de Cerrado no Brasil centralFrugivory and potential seed dispersal by the marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) in areas of Cerrado in central BrazilCerradosFrutosGerminaçãoMarsupialMelastomataceaeNo presente estudo, investigamos o consumo de frutos e viabilidade de sementes consumidas pelo marsupial Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) em quatro áreas de cerradão do Brasil central. Análises fecais indicaram que este mamífero se alimenta de plantas pioneiras da família Melastomataceae (Miconia albicans (Sw.) Triana, M. cuspidata Naudin, M. ferruginata DC., M. pepericarpa DC., M. pohliana Cogn. e Ossaea congestiflora (Naudin) Cogn.), Solanaceae (uma espécie não identificada) e Viscaceae (Phoradendron perrottetii (DC.) Eichler, erva-de-passarinho). Detectamos o maior índice de consumo de frutos já registrado para o gênero Gracilinanus, com cerca de 45% das fezes contendo sementes e 86% contendo itens derivados de frutos (N=422). Com exceção de O. congestiflora, o restante das sementes das espécies testadas não sofreram efeitos negativos na germinabilidade ao passarem pelo trato digestório deste marsupial. A avaliação da variação intraspecífica no número de sementes encontradas nas fezes indicou que fêmeas de G. agilis defecam maior quantidade de sementes de Miconia (média±EP = 21,7±3,8) em comparação com os machos (14,4±3,0) (F=26,32; P<0,0001). O fator estação do ano também foi significativo (F=452,22; P<0,0001) e existiu interação entre sexo e estação do ano (F=30,10; P<0,0001). Tanto fêmeas como machos aumentaram o consumo de frutos com sementes na época seca, contudo fêmeas apresentaram mais sementes nas fezes do que machos na estação chuvosa. Nessa estação, observamos um maior número de sementes de espécies de Miconia defecadas por fêmeas reprodutivas (24,7±6,6) em relação a fêmeas não reprodutivas (12,9±2,8) (P=0,031). Nossos dados indicaram que G. agilis selecionou positivamente espécies da família Melastomataceae, sugerindo um papel relevante dessas plantas na dieta desse marsupial, relacionado ao suprimento da demanda energética e de água, principalmente na época seca.In the present study, we investigated patterns of fruit consumption and viability of seeds consumed by the marsupial Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) in four cerrado sites in central Brazil. Faecal analysis indicated that this mammal feeds on seeds of pioneer plant species of Melastomataceae (Miconia albicans (Sw.) Triana, M. cuspidata Naudin, M. ferruginata DC., M. pepericarpa DC., M. pohliana Cogn. and Ossaea congestiflora (Naudin) Cogn.), Solanaceae (one unidentified species), and Viscaceae (Phoradendron perrottetii (DC.) Eichler, mistletoe). We recorded the highest reported rate of fruit consumption for Gracilinanus, with about 45% of the scats containing seeds and 86% containing items derived from fruits (N = 422). With the exception of O. congestiflora, the remaining seed species tested did not suffer negative effects on germination rates after passing through the marsupial guts. The analysis of intraspecific variation in the total number of Miconia seeds found in scats indicated that females defecate a significantly greater number of seeds (mean±EP = 21.7±3.8) than males (14.4±3.0) (F = 26.32; P < 0.0001). The factor season was also significant (F=452.22; P<0.0001) as well as the interaction between sex and season (F=30.10; P < 0.0001). Both females and males increased their fruit consumption in the dry season, but in the rainy season females had more seeds than males in their faeces. Later during this season, we observed a higher number of Miconia seeds defecated by reproductive females (24.7±6.6) compared to non-reproductive females (12.9±2.8) (P = 0.031). Our results indicate that G. agilis feeds selectively on Melastomataceae, which suggests these plants play an important role in the diet of this marsupial in relation to energy and water demands, especially during the dry-cool season.Sociedade Botânica do Brasil2017-12-07T04:56:24Z2017-12-07T04:56:24Z2011-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfCAMARGO, Nícholas Ferreira de et al. Frugivoria e potencial dispersão de sementes pelo marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) em áreas de Cerrado no Brasil central. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 25, n. 3, p. 646-656, jul./set. 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-33062011000300018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062011000300018&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 12 jan. 2021.http://repositorio.unb.br/handle/10482/28035https://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062011000300018Acta Botanica Brasilica - Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons (CC BY NC 4.0). Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062011000300018&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 12 jan. 2021.info:eu-repo/semantics/openAccessCamargo, Nícholas Ferreira deCruz, Ramatis Machado ScarponiRibeiro, Juliana FernandesVieira, Emerson Monteiroporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2024-10-21T15:16:47Zoai:repositorio.unb.br:10482/28035Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2024-10-21T15:16:47Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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CAMARGO, Nícholas Ferreira de et al. Frugivoria e potencial dispersão de sementes pelo marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) em áreas de Cerrado no Brasil central. Acta Botanica Brasilica, Feira de Santana, v. 25, n. 3, p. 646-656, jul./set. 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-33062011000300018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062011000300018&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 12 jan. 2021. http://repositorio.unb.br/handle/10482/28035 https://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062011000300018 |
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