Metamorfismo da fácies granulito em 570-580 Ma no Complexo Granulítico Porangatu, centro do Brasil : implicações para a evolução do Lineamento transbrasiliano
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Data de Publicação: | 2017 |
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Tipo de documento: | Artigo |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | http://repositorio.unb.br/handle/10482/30973 http://dx.doi.org/10.1590/2317-4889201720160097 |
Resumo: | O Complexo Granulítico Porangatu está exposto na porção central da Província Tocantins, do Neoproterozoico, no centro do Brasil, ao longo da fronteira entre o Cinturão Brasília, a leste, e o Cinturão Araguaia, a oeste. Esta região faz parte do sistema de cisalhamento transcontinental Transbrasiliano-Kandi. O complexo inclui enderbitos e charnockitos ricos em granada, gnaisses de alto grau metamórfico, bem como lentes de granada granulitos máficos ou granada anfibolitos, e charnockitos anatéticos in situ, o qual forma corpos alongados na direção NNE-SSW, ao longo da Zona de Cisalhamento Talismã (ZCT). Esse conjunto de rochas representam suítes de rochas ortoderivadas de afinidade cálcio-alcalina e pequenas contribuições de basaltos tholeíticos e paragnaisses aluminosos. O quadro estrutural registra componentes de cavalgamento relacionados provavelmente com os estágios iniciais de uma colisão oblíqua durante a evolução dos orógenos Brasilianos do Neoproterozoico e pode ser compreendido como envolvendo um sistema colisional de dois blocos crustais, inicialmente com componentes de cavalgamento que evoluiu em sua fase final para um sistema transcorrente com cinemática dextral. Isso levou à intensa imbricação, geração de foliação milonítica, lineação de estiramento, bandamento tectônico e rotação de estruturas e minerais. A deformação dúctil heterogênea e progressiva foi acompanhada por reequilíbrio metamórfico no Neoproterozoico tardio, que atingiu condições metamórficas máximas na fácies granulito a temperatura e pressão acima de 850ºC e 10 kbar, respectivamente, em ambiente quase anidro, atingindo a anatexia. As análises U-Pb SHRIMP em zircão realizadas em duas amostras de rochas selecionadas indicaram idade combinada de 580 ± 7 Ma para um charnockito e 548 ± 48 Ma para um granulito máfico do qual o charnockito foi derivado. O granulito máfico contém cristais de zircão datados de 2,1 Ga, indicando protólito ígneo do Paleoproterozoico envolvidos no metamorfismo de alto grau no Neoproterozoico. Além disso, os grãos de zircão mais antigos herdados de 3,1 e 2,0 Ga (idades 207Pb/206Pb) em charnockito também confirma a existência de material Arqueano e Paleoproterozoico nesta região, possivelmente derivado do Maciço de Goiás. Um grão de zircão herdado de 0,88 Ga é sugestivo de derivação do Arco Magmático de Goiás. Essa idade neoproterozoica para o metamorfismo de alto grau é substancialmente mais jovem do que a relatada para outros granulitos do Cinturão Brasília (cerca de 0,65 Ga), sugerindo que o Complexo Granulítico Porangatu está mais provavelmente associado à evolução do Cinturão Araguaia mais jovem. Os novos dados de campo, estruturais, petrográficos, e geocronológicos, sugerem que o Complexo Granulítico Porangatu foi envolvido em uma expressiva zona de cisalhamento transcorrente dúctil estabelecida em alta temperatura, que justapôs unidades de rochas de diferentes idades (Arqueano, Paleoproterozoico, Neoproterozoico), naturezas e níveis crustais (crosta continental inferior e média) fortemente retrabalhadas nos estágios finais da orogenia Brasiliano e representam as raízes expostas do Orógeno Tocantins. |
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Metamorfismo da fácies granulito em 570-580 Ma no Complexo Granulítico Porangatu, centro do Brasil : implicações para a evolução do Lineamento transbrasilianoGranulite-facies metamorphism at ca. 570-580 Ma in the Porangatu Granulite Complex, central Brazil : implications for the evolution of the transbrasiliano LineamentRochas metamórficasGeocronologiaLineamento transbrasilianoO Complexo Granulítico Porangatu está exposto na porção central da Província Tocantins, do Neoproterozoico, no centro do Brasil, ao longo da fronteira entre o Cinturão Brasília, a leste, e o Cinturão Araguaia, a oeste. Esta região faz parte do sistema de cisalhamento transcontinental Transbrasiliano-Kandi. O complexo inclui enderbitos e charnockitos ricos em granada, gnaisses de alto grau metamórfico, bem como lentes de granada granulitos máficos ou granada anfibolitos, e charnockitos anatéticos in situ, o qual forma corpos alongados na direção NNE-SSW, ao longo da Zona de Cisalhamento Talismã (ZCT). Esse conjunto de rochas representam suítes de rochas ortoderivadas de afinidade cálcio-alcalina e pequenas contribuições de basaltos tholeíticos e paragnaisses aluminosos. O quadro estrutural registra componentes de cavalgamento relacionados provavelmente com os estágios iniciais de uma colisão oblíqua durante a evolução dos orógenos Brasilianos do Neoproterozoico e pode ser compreendido como envolvendo um sistema colisional de dois blocos crustais, inicialmente com componentes de cavalgamento que evoluiu em sua fase final para um sistema transcorrente com cinemática dextral. Isso levou à intensa imbricação, geração de foliação milonítica, lineação de estiramento, bandamento tectônico e rotação de estruturas e minerais. A deformação dúctil heterogênea e progressiva foi acompanhada por reequilíbrio metamórfico no Neoproterozoico tardio, que atingiu condições metamórficas máximas na fácies granulito a temperatura e pressão acima de 850ºC e 10 kbar, respectivamente, em ambiente quase anidro, atingindo a anatexia. As análises U-Pb SHRIMP em zircão realizadas em duas amostras de rochas selecionadas indicaram idade combinada de 580 ± 7 Ma para um charnockito e 548 ± 48 Ma para um granulito máfico do qual o charnockito foi derivado. O granulito máfico contém cristais de zircão datados de 2,1 Ga, indicando protólito ígneo do Paleoproterozoico envolvidos no metamorfismo de alto grau no Neoproterozoico. Além disso, os grãos de zircão mais antigos herdados de 3,1 e 2,0 Ga (idades 207Pb/206Pb) em charnockito também confirma a existência de material Arqueano e Paleoproterozoico nesta região, possivelmente derivado do Maciço de Goiás. Um grão de zircão herdado de 0,88 Ga é sugestivo de derivação do Arco Magmático de Goiás. Essa idade neoproterozoica para o metamorfismo de alto grau é substancialmente mais jovem do que a relatada para outros granulitos do Cinturão Brasília (cerca de 0,65 Ga), sugerindo que o Complexo Granulítico Porangatu está mais provavelmente associado à evolução do Cinturão Araguaia mais jovem. Os novos dados de campo, estruturais, petrográficos, e geocronológicos, sugerem que o Complexo Granulítico Porangatu foi envolvido em uma expressiva zona de cisalhamento transcorrente dúctil estabelecida em alta temperatura, que justapôs unidades de rochas de diferentes idades (Arqueano, Paleoproterozoico, Neoproterozoico), naturezas e níveis crustais (crosta continental inferior e média) fortemente retrabalhadas nos estágios finais da orogenia Brasiliano e representam as raízes expostas do Orógeno Tocantins.The Porangatu Granulite Complex is exposed in the central part of the Neoproterozoic Tocantins province in central Brazil, along the boundary between the Brasília Belt to the east and the Araguaia Belt to the west. This is part of the transcontinental Transbrasiliano-Kandi shear system. The complex includes garnet-rich enderbite and charnockite, high-grade gneisses as well as lenses of garnet-bearing mafic granulite or amphibolites, and in situ anatectic charnockite, elongated in the NNE-SSW direction along the Talismã Shear Zone (TSZ). These rocks represent suites of ortho-derived rocks of calc-alkaline affinity and small contributions of tholeiitic basalts and aluminous paragneisses. The structural framework records thrust components probably related to the early stages of an oblique collision during the evolution of Neoproterozoic Brasiliano orogens, and can be understood as involving a collisional system of two crustal blocks, initially with thrust components which in its final stage evolved to a transcurrent system with dextral movement. This led to intense imbrication, generation of mylonitic foliation, stretching lineation, tectonic banding and rotation of structures and minerals. The heterogeneous and progressive ductile deformation was accompanied by metamorphic re-equilibrium in late Neoproterozoic time. Granulite facies conditions reached a metamorphic maximum at temperature and pressure above 850°C and 10 kbar, in an almost anhydrous environment, with or without anatexis. Zircon U-Pb SHRIMP analyses for two selected rock samples indicated the combined age of 580 ± 7 Ma for a charnockite and 548 ± 48 Ma for a mafic granulite from which the charnockite is throught to have been derived. The mafic granulite contains zircon grains of ca. 2.1 Ga, indicating Paleoproterozoic igneous protoliths involved in Neoproterozoic high-grade metamorphism. In addition, older inherited zircon grains of ca. 3.1 and 2.0 Ga (207Pb/206Pb ages) in charnockite also confirm the existence of older Archaean and Paleoproterozoic material in this region, possibly derived from the Goiás Massif. A 0.88 Ga inherited zircon grain is suggestive of derivation from the Goiás Magmatic Arc. This Neoproterozoic age for the high-grade metamorphism is substantially younger than those reported for other granulites in the Brasília Belt (ca. 0.65 Ga), suggesting that the Porangatu Granulite Complex is more probably associated with the evolution of the younger Araguaia Belt. The new field, structural, petrographic and geochronological data suggest that the Porangatu Granulite Complex was involved in a high-temperature ductile strike-slip shear zone juxtaposing terrains of different ages (Archaean, Paleoproterozoic, Neoproterozoic), crustal nature and level (lower and middle continental crust), strongly reworked during the final stages of the Brasiliano orogeny, and represents the exposed roots of the Tocantins orogen.Sociedade Brasileira de Geologia2018-01-04T19:15:56Z2018-01-04T19:15:56Z2017-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfGORAYEB, Paulo Sergio de Sousa et al. Metamorfismo da fácies granulito em 570-580 Ma no Complexo Granulítico Porangatu, centro do Brasil: implicações para a evolução do Lineamento transbrasiliano. Brazilian Journal of Geology, São Paulo, v. 47, n. 2, p. 327-344, abr./jun. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-48892017000200327&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 5 jan. 2018. doi: http://dx.doi.org/10.1590/2317-4889201720160097.http://repositorio.unb.br/handle/10482/30973http://dx.doi.org/10.1590/2317-4889201720160097Brazilian Journal of Geology - Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons (CC BY 4.0). Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-48892017000200327&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 5 jan. 2018.info:eu-repo/semantics/openAccessGorayeb, Paulo Sergio de SousaPimentel, Marcio MartinsArmstrong, RichardGalarza, Marco Antonioporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-05-27T00:23:04Zoai:repositorio.unb.br:10482/30973Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-05-27T00:23:04Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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O Complexo Granulítico Porangatu está exposto na porção central da Província Tocantins, do Neoproterozoico, no centro do Brasil, ao longo da fronteira entre o Cinturão Brasília, a leste, e o Cinturão Araguaia, a oeste. Esta região faz parte do sistema de cisalhamento transcontinental Transbrasiliano-Kandi. O complexo inclui enderbitos e charnockitos ricos em granada, gnaisses de alto grau metamórfico, bem como lentes de granada granulitos máficos ou granada anfibolitos, e charnockitos anatéticos in situ, o qual forma corpos alongados na direção NNE-SSW, ao longo da Zona de Cisalhamento Talismã (ZCT). Esse conjunto de rochas representam suítes de rochas ortoderivadas de afinidade cálcio-alcalina e pequenas contribuições de basaltos tholeíticos e paragnaisses aluminosos. O quadro estrutural registra componentes de cavalgamento relacionados provavelmente com os estágios iniciais de uma colisão oblíqua durante a evolução dos orógenos Brasilianos do Neoproterozoico e pode ser compreendido como envolvendo um sistema colisional de dois blocos crustais, inicialmente com componentes de cavalgamento que evoluiu em sua fase final para um sistema transcorrente com cinemática dextral. Isso levou à intensa imbricação, geração de foliação milonítica, lineação de estiramento, bandamento tectônico e rotação de estruturas e minerais. A deformação dúctil heterogênea e progressiva foi acompanhada por reequilíbrio metamórfico no Neoproterozoico tardio, que atingiu condições metamórficas máximas na fácies granulito a temperatura e pressão acima de 850ºC e 10 kbar, respectivamente, em ambiente quase anidro, atingindo a anatexia. As análises U-Pb SHRIMP em zircão realizadas em duas amostras de rochas selecionadas indicaram idade combinada de 580 ± 7 Ma para um charnockito e 548 ± 48 Ma para um granulito máfico do qual o charnockito foi derivado. O granulito máfico contém cristais de zircão datados de 2,1 Ga, indicando protólito ígneo do Paleoproterozoico envolvidos no metamorfismo de alto grau no Neoproterozoico. Além disso, os grãos de zircão mais antigos herdados de 3,1 e 2,0 Ga (idades 207Pb/206Pb) em charnockito também confirma a existência de material Arqueano e Paleoproterozoico nesta região, possivelmente derivado do Maciço de Goiás. Um grão de zircão herdado de 0,88 Ga é sugestivo de derivação do Arco Magmático de Goiás. Essa idade neoproterozoica para o metamorfismo de alto grau é substancialmente mais jovem do que a relatada para outros granulitos do Cinturão Brasília (cerca de 0,65 Ga), sugerindo que o Complexo Granulítico Porangatu está mais provavelmente associado à evolução do Cinturão Araguaia mais jovem. Os novos dados de campo, estruturais, petrográficos, e geocronológicos, sugerem que o Complexo Granulítico Porangatu foi envolvido em uma expressiva zona de cisalhamento transcorrente dúctil estabelecida em alta temperatura, que justapôs unidades de rochas de diferentes idades (Arqueano, Paleoproterozoico, Neoproterozoico), naturezas e níveis crustais (crosta continental inferior e média) fortemente retrabalhadas nos estágios finais da orogenia Brasiliano e representam as raízes expostas do Orógeno Tocantins. |
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