“A violência virtuosa” e a construção do militar torturador no Brasil : um retrato sociológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Castro, Jeferson Martins de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: https://repositorio.unb.br/handle/10482/45031
Resumo: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia, 2022.
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spelling “A violência virtuosa” e a construção do militar torturador no Brasil : um retrato sociológicoMilitar torturadorDitadura militar - BrasilTorturaHabitusTese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia, 2022.O objetivo geral deste estudo é a construção do retrato sociológico do militar torturador no Brasil – considerando somente aquele das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Somente assim poderemos de fato desvendar e compreender os mecanismos e institucionalidades estruturais e estruturantes das práticas de tortura no período, entre 1964 e 1985, quando estivemos sob uma ditadura militar. Optamos por nos deter e nos limitar aos militares devido ao protagonismo político destes na história republicana do país. Isso posto, o presente estudo trata da construção e da validação de um quadro teórico que se escora fundamentalmente no argumento da existência de uma afinidade eletiva, no sentido weberiano, entre o habitus da maldade e o habitus militar, desdobramento disposicional do espírito militar. E partindo disso, dada a possibilidade engendrada pelos quadros de sentido do contexto da ditadura, é que teria se instanciado as práticas da repressão, extermínio e tortura, cujos resultados foram a produção prática do mal banal. Para compreender tais quadros de sentido é que colocamos como objetivo desse trabalho a pretensão de engendrar o retrato sociológico do militar torturador, agente da tortura durante o regime militar, bem como compreender melhor a ideologia do regime que legitimou tais práticas. O objetivo é portanto, problematizar a vilanização bem como o anacronismo sócio-histórico que costuma recair sobre os militares torturadores, defendendo uma perspectiva que dê a esses atores o seu devido contexto e disposições. Também buscamos dar ao mal o seu devido caráter de fato social. Com isso, terminamos por trazer o debate sobre a moralidade para dentro da sociologia ao desvelar a tortura como um fato moral e logo, como parte da tessitura da realidade social, não para sucumbir ao fatalismo nem ao determinismo mas para daí sim poder fazer face ao problema como um dado da realidade social.The general objective of this study is the construction of the sociological portrait of the military torturer in Brazil – considering only that of the Armed Forces (Army, Navy and Air Force). Only in this way can we really unravel and understand the structural and structuring mechanisms and institutionalities of torture practices in the period between 1964 and 1985, when we were under a military dictatorship. We chose to stop and limit ourselves to the military due to their political protagonism in the republican history of the country.The present study is focus on the construction and validation of a theoretical framework supported fundamentally by the existence of an elective affinity argument, taking in consideration a Weberian sense, between the malevolent and military habitus, a dispositional unfolding of the military spirit. Starting from the possibility caused by the frameworks of meaning in the context of the dictatorship, the practices of repression, extermination and torture were instantiated, resulting in the practical production of banal vile. To understand such forms of meaning, the objective of this study the design sociological of the torturer military, agent of torture during the military regime, as well as better understanding the regime's ideology that legitimized such practices. The objective is, therefore, to problematize the villainy as well as the socio-historical anachronism that usually falls on military torturers, defending a perspective that gives these actors their proper context and dispositions. We also seek to give the “evil” its proper character as a social fact. Furthermore, we end up bringing the debate on morality into sociology by revealing torture as a moral fact and, therefore, as part of the social reality, not to succumb to fatalism or determinism, but bringing this problematic as a internal data of the social reality.L'objectif général de cette étude est la construction du portrait sociologique du tortionnaire militaire au Brésil – en considérant uniquement celui des forces armées (armée, marine et aviation). Ce n'est qu'ainsi que nous pourrons vraiment démêler et comprendre les mécanismes structurels et structurants et les institutionnalités des pratiques de torture dans la période entre 1964 et 1985, lorsque nous étions sous une dictature militaire. Nous avons choisi d'arrêter et de nous limiter aux militaires en raison de leur protagonisme politique dans l'histoire républicaine du pays. La présente étude porte sur la construction et la validation d'un cadre théorique qui s'appuie fondamentalement sur l'argument de l'existence d'une affinité élective, au sens wébérien, entre l'habitus du mal et l'habitus militaire, déploiement dispositionnel de l'esprit militaire. Et à partir de là, étant donné la possibilité engendrée par les cadres de sens dans le contexte de la dictature, les pratiques de répression, d'extermination et de torture auraient été instanciées, dont les résultats étaient la production pratique du mal banal. Afin de comprendre de tels cadres de sens, nous posons comme objectif de ce travail l'intention d'engendrer le portrait sociologique du militaire tortionnaire, agent de torture sous le régime militaire, ainsi que de mieux comprendre l'idéologie du régime qui a légitimé de telles pratiques. L'objectif est donc de problématiser la méchanceté ainsi que l'anachronisme socio-historique qui retombe habituellement sur les tortionnaires militaires, en défendant une perspective qui donne à ces acteurs leur contexte et leurs dispositions propres. Nous cherchons aussi à donner au mal son caractère propre de fait social. Avec cela, on finit par faire entrer le débat sur la morale dans la sociologie en révélant la torture comme un fait moral et, donc, comme faisant partie du tissu de la réalité sociale, non pas pour succomber au fatalisme ou au déterminisme, mais pour pouvoir affronter le problème comme une donnée de la réalité sociale.Instituto de Ciências Sociais (ICS)Departamento de Sociologia (ICS SOL)Programa de Pós-Graduação em SociologiaCoelho, Maria Francisca Pinheirojefersonunb@gmail.comCastro, Jeferson Martins de2022-10-13T17:27:16Z2022-10-13T17:27:16Z2022-10-132022-07-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCASTRO, Jeferson Martins de. “A violência virtuosa” e a construção do militar torturador no Brasil: um retrato sociológico. 2022. 271 f., il. Tese (Doutorado em Sociologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.https://repositorio.unb.br/handle/10482/45031A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2024-06-07T07:34:08Zoai:repositorio.unb.br:10482/45031Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2024-06-07T07:34:08Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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