Contribuições do complexo estranhamento para a crítica da heteronormatividade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Djonatan Kaic Ribeiro de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/49881
Resumo: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Serviço Social, Programa de Pós-Graduação em Política Social, 2023.
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spelling Contribuições do complexo estranhamento para a crítica da heteronormatividadeTeoria socialSexualidadeHeteronormatividadeTese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Serviço Social, Programa de Pós-Graduação em Política Social, 2023.Esta pesquisa buscou delinear, a partir do complexo do estranhamento em Karl Marx e Georg Lukács, uma contribuição teórico-metodológica da tradição marxista à crítica do processo de naturalização da sexualidade, por meio da análise sobre como o debate acerca da “sexualidade” aparece na problemática do estranhamento nas obras “Manuscritos Econômicos-Filosóficos”, de Marx, e “Para uma Ontologia do Ser Social”, de Lukács. Objetivamos demonstrar que o complexo do estranhamento oferece uma contribuição aos estudos críticos da sexualidade, pois permite apreender a construção social da sexualidade tratada em termos de estranhamento, ou seja, uma contradição que acompanha o desenvolvimento e o progresso do ser social, expressada nos conflitos de interesse entre a ordem socioeconômica e sexual. Contudo, a abordagem de Marx e Lukács torna-se problemática ao partirem do princípio de que o sexo biológico é a matéria-prima de ordem natural e irrevogável para a produção social da sexualidade humana. Assim, os autores não conseguem problematizar a produção social da “natureza do sexo biológico”, revelando uma visão essencialista para o debate da sexualidade. Contudo, o diálogo com os estudos críticos do gênero e sexualidade possibilitou demonstrar como se constituiu socialmente a produção do “sexo biológico”, das “verdades” científicas sobre o corpo, da instituição de uma política da diferença sexual, que sedimenta a heteronormatividade, como um metabolismo ontológico entre sexo, gênero e sexualidade. O diálogo entre a abordagem marxista e os estudos críticos de gênero e sexualidade foram marcados por essa tensão: o sexo biológico não pode ser tomado como natureza irrevogável da produção social da sexualidade, pois já está acometido da sua construção social como natureza. Nesse sentido, confrontamos a abordagem da sexualidade em Marx e Lukács no que se refere à ausência da crítica de que a base biológica é tomada por interesses ideológicos marcados pela normatividade, matriz que forja as categorias históricas “homem e mulher” por um modelo binário e heterossexual, como uma base fixa e imutável de gênero e sexualidade. Isso ocorre ao mesmo tempo em que se toma o referencial do estranhamento para fundamentar a construção social da heterossexualidade enquanto um projeto da modernidade-colonial-capitalista, na qual o “sexo” biológico avança na construção da diferença sexual e da generalização do dispositivo da sexualidade e demarca a forma como a heterossexualidade se impôs como legalidade no gênero humano. O modelo “civilizatório” do capitalismo toma o sexo biológico como regulador dos corpos, dos gêneros e da sexualidade. Assim, o processo de naturalização da sexualidade esconde o caráter social do “sexo” e o social aparece como “natureza”, cujo processo de naturalização é um tipo de estranhamento. Desse modo, chegamos à síntese do “estranhamento sexual” como uma crítica aos processos de naturalização da heterossexualidade, desenvolvida por um conjunto de intervenções humanas e pela criação de um conjunto de “verdades” sobre o sexo que normatiza a sexualidade humana.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).This research is looking to permeate the complex of estrangement between Karl Marx and Georg Lukács, a methodological and theorethical contribution from the marxist's tradition to the critic of the process of naturalization on sexuality. Through the analysis of how the debate of sexuality appears on the problematic of alienation, found on "the economic and philosophic manuscript of 1844" by Marx and "ontology of social being" by Lukács, showing that the alienation complex contributes to the critical studies of sexuality, allowing an in depth comprehension around the social construct of sexuality based of the terms of alienation, in other words, a contradiction that follows the development and progress of the social being, conveyed in the conflict of interests between the socioeconomic and sexual order. However, the approach of marx and lukács becomes problematic when the assumption of biological sex is the starting material of the natural order and irrevocable to the social production on human sexuality. For that reason both authors cannot discuss the social production on the "nature of biological sex", revealing then an essentialist vision of the sexuality debate. Nonetheless the dialogue between the critical studies of gender and sexuality allowed the possibility of understanding, socially, how the production of "biological sex", the "scientific truth" about the body, the establishment of the policy of sexual differentiation that ingrains the heteronormativity, as an ontological metabolism regarding sex, gender and sexuality. The dialogue between the marxist approach and the critical studies about gender and sexuality is branded by this strain where the biological sex cannot be taken as an irrevocable nature on the social production of sexuality, because it is already stricken, by nature, by its own social construct. For that matter the clash between Lukács's approach and Marx's approach on sexuality regarding the lack of critic stating that the biological foundation is engraved in ideological interests is deep-rooted on normativity, a matrix that forges the historical categorization of "man and woman", in a heterosexual and binary concept, as a fixed and immutable ground regarding gender and sexuality. At the same time that the reference of alienation is used to fundament the social construction of heterosexuality as a product of a modernist,colonialist and capitalist project stating that the biological "sex" supports the construction of the sexual differentiation and the generalization on the mechanism of sexuality, it also delimits how heterosexuality imposes itself as the legitimacy of human gender. The "civilizaton" process of capitalism takes for itself biological sex as the regulator of bodies, genders and sexuality. Therefore the naturalization process of sexuality hides the social aspect of "sex", as it is presented as nature, taking it's naturalization processes as a form of alienation, arriving then, in a synthesis about how sexual alienation criticizes the naturalization processes of heterosexuality that are developed by a set of truths and interventions,both human, about sex, ending in a standardization of human sexuality.Esta investigación buscó delinear, a partir del complejo de alienación descrito en las obras de Karl Marx y Georg Lukács, una contribución teórico-metodológica de la tradición marxista a la crítica del proceso de naturalización de la sexualidad. Mediante el análisis acerca de cómo el debate sobre la "sexualidad" aparece ante la problemática de la alienación en las obras "Manuscritos económicos y filosóficos", de Marx, y "Ontología del ser social", de Lukács, se demuestra que el complejo de la alienación ofrece una contribución a los estudios críticos acerca de la sexualidad, porque permite aprehender la construcción social de la sexualidad tratada en términos de alienación, es decir, una contradicción que acompaña el desarrollo y progreso del ser social, expresada en los conflictos de intereses entre el orden socioeconómico y sexual. Sin embargo, el enfoque de Marx y Lukács se vuelve problemático al partir del supuesto que el sexo biológico es la materia prima del orden natural y es irrevocable para la producción social de la sexualidad humana. Por lo tanto, los autores no logran problematizar la producción social de la "naturaleza del sexo biológico", mostrando una visión esencialista para el debate de la sexualidad. No obstante, el diálogo con estudios críticos de género y sexualidad permitió demostrar cómo se constituía socialmente la producción de "sexo biológico", de las "verdades" científicas sobre el cuerpo, de la institución de una política de distinción sexual, que consolida la heteronormatividad, como un metabolismo ontológico entre sexo, género y sexualidad. El diálogo entre el enfoque marxista y los estudios críticos de género y sexualidad estuvo marcado por esta tensión: el sexo biológico no puede ser tomado como una naturaleza irrevocable de la producción social de la sexualidad, porque ya está afectado por su construcción social como naturaleza. En este sentido, el enfoque de la sexualidad en Marx y Lukács se confronta con respecto a la ausencia de crítica de que la base biológica es tomada por intereses ideológicos marcados por la normatividad, una matriz que forja las categorías históricas "hombre y mujer" por un modelo binario y heterosexual, como una base fija e inmutable de género y sexualidad. Al mismo tiempo que se toma la referencia de alienación para fundamentar la construcción social de la heterosexualidad como un proyecto de la modernidad colonial-capitalista, en la que el "sexo" biológico impulsa la construcción de la diferencia sexual y la generalización del dispositivo de la sexualidad, y demarca la forma en que la heterosexualidad se impuso como legalidad en la raza humana. El modelo "civilizador" del capitalismo toma el sexo biológico como regulador de los cuerpos, los géneros y la sexualidad. Así, el proceso de naturalización de la sexualidad oculta el carácter social del "sexo" y lo social en cambio se muestra como "naturaleza", cuyo proceso de naturalización es una clase de alienación. Así, se llega a la síntesis de la "alienación sexual" como crítica a los procesos de naturalización de la heterosexualidad, desarrollados por un conjunto de intervenciones humanas y la creación de un conjunto de "verdades" acerca del sexo, que estandariza la sexualidad humana.Instituto de Ciências Humanas (ICH)Departamento de Serviço Social (ICH SER)Programa de Pós-Graduação em Política SocialGhiraldelli, ReginaldoSouza, Djonatan Kaic Ribeiro de2024-08-14T20:04:36Z2024-08-14T20:04:36Z2024-08-142023-04-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSOUZA, Djonatan Kaic Ribeiro de. Contribuições do complexo estranhamento para a crítica da heteronormatividade. 2023. 162 f. Tese (Doutorado em Política Social) — Universidade de Brasília, Brasília, 2023.http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/49881A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2024-08-14T20:04:36Zoai:repositorio.unb.br:10482/49881Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2024-08-14T20:04:36Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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