Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Eduardo Rodrigues
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: https://repositorio.unb.br/handle/10482/39555
https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210
Resumo: O mundo está diante de acontecimentos sem precedentes por conta da pandemia de coronavírus. Começou na China, passou por todos os continentes, chegou ao Brasil. É um vírus que age em escala global, mas que apresenta consequências diferentes pelos países onde passa. Pretende-se aqui discutir sobre como o contexto pandêmico está realçando os traços da necropolítica estabelecida em relação a população negra, em especial aqui sobre as populações quilombolas. Para tal, será realizada uma descrição acerca do conceito de necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe, para com esse pano de fundo analisar os dados sobre os casos de adoecidos/as pelo coronavírus no Brasil como um todo e em comunidades quilombolas, percebendo uma discrepância sobre as taxas de letalidade entre quilombolas e não quilombolas, diferença essa que aponta que um indivíduo de quilombo adoecido pelo coronavírus tem cerca de 3 vezes mais chance de morrer do que um indivíduo não quilombola. Os dados serão extraídos de boletins epidemiológicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Com a visualização desse cenário, algumas hipóteses sobre o motivo dessa diferença serão postas, mas o importante é que a necropolítica está presente em qualquer uma das hipóteses. Assim, o deixar morrer que Mbembe trabalha sobre o conceito aqui discutido e aplicado no cenário brasileiro, pode vir a representar o maior genocídio da população quilombola no Brasil desde o período escravocrata. Por fim, pretende-se apresentar alguns cenários para o pós-pandemia e como as comunidades quilombolas podem interagir em cada cenário apresentado.
id UNB_ded389c4866f3b765ae899afa85396cd
oai_identifier_str oai:repositorio.unb.br:10482/39555
network_acronym_str UNB
network_name_str Repositório Institucional da UnB
repository_id_str
spelling Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileirasNecropolitics, coronavirus and the case of Brazilian quilombola communitiesNecropolítica, coronavírus y el caso de las comunidades quilombolas brasileñasComunidades quilombolasCoronavírusGenocídioNeoliberalismoO mundo está diante de acontecimentos sem precedentes por conta da pandemia de coronavírus. Começou na China, passou por todos os continentes, chegou ao Brasil. É um vírus que age em escala global, mas que apresenta consequências diferentes pelos países onde passa. Pretende-se aqui discutir sobre como o contexto pandêmico está realçando os traços da necropolítica estabelecida em relação a população negra, em especial aqui sobre as populações quilombolas. Para tal, será realizada uma descrição acerca do conceito de necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe, para com esse pano de fundo analisar os dados sobre os casos de adoecidos/as pelo coronavírus no Brasil como um todo e em comunidades quilombolas, percebendo uma discrepância sobre as taxas de letalidade entre quilombolas e não quilombolas, diferença essa que aponta que um indivíduo de quilombo adoecido pelo coronavírus tem cerca de 3 vezes mais chance de morrer do que um indivíduo não quilombola. Os dados serão extraídos de boletins epidemiológicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Com a visualização desse cenário, algumas hipóteses sobre o motivo dessa diferença serão postas, mas o importante é que a necropolítica está presente em qualquer uma das hipóteses. Assim, o deixar morrer que Mbembe trabalha sobre o conceito aqui discutido e aplicado no cenário brasileiro, pode vir a representar o maior genocídio da população quilombola no Brasil desde o período escravocrata. Por fim, pretende-se apresentar alguns cenários para o pós-pandemia e como as comunidades quilombolas podem interagir em cada cenário apresentado.The world is facing unprecedented events because of the coronavirus pandemic. It started in China, went to all continents, arrived in Brazil. It is a virus that acts on a global scale, but has different consequences in the countries where does it go. It is intended here to discuss how the pandemic context is highlighting the traces of the established necropolitics in relation to the black population, especially here about quilombola populations. For such, will be head a description of the concept of necropolitics from the Cameroonian philosopher Achille Mbembe, towards that backdrop to analyze the data about the cases of coronavirus patients in Brazil as a whole and in quilombola communities, realizing a discrepancy about the lethality rates between quilombolas and non-quilombolas, a difference that points out that a sick quilombola with the coronavirus has about 3 times more chance of dying than a non-quilombola person. The data will be extracted from epidemiological bulletins provided by the Ministry of Health and by the National Coordination of Articulation of Black Rural Quilombola Communities (CONAQ). With the visualization of this scenario, some hypotheses about the reason for this difference will be put, but the important is that the necropolitics is present in any of them hypotheses. Thus, the let die that Mbembe concept discussed and applied here in the Brazilian scenario, may represent the biggest genocide of the quilombola population in Brazil since the slave period. Finally, it is intended to present some scenarios for the post-pandemic and how quilombola communities can interact in each scenario displayed.El mundo está delante de acontecimientos sin precedentes debido a la pandemia del coronavírus. Comenzó en China, pasó por todos los continentes, llegó a Brasil. Es un virus que actúa en escala global, pero que presenta consecuencias diferentes por los países donde pasa. Aquí se pretende discutir sobre como el contexto pandémico está realzando los trazos de la necropolítica establecida hacia la población negra, en especial sobre las poblaciones quilombolas. Para ello, será realiza una descripción acerca del concepto de necropolítica del filósofo camerunes Achille Mbembe, para con ese paño de fondo analizar los datos sobre los casos de infectados/das por el coronavírus en Brasil cómo uno todo y en comunidades quilombolas, percibiendo una discrepancia sobre las tasas de letalidad entre quilombolas y no quilombolas, diferencia aquella que indica que un individuo de quilombo infectado por el coronavírus tiene cerca de 3 veces más oportunidad de morir del que un individuo no quilombola. Los datos son extraídos de boletines epidemiológicos disponibilizados por el Ministerio de la Salud y por la Coordinación Nacional de Articulación de las Comunidades Negras Rurales Quilombolas (CONAQ). Con la visualización de ese escenario, algunas hipótesis sobre el motivo de esa diferencia serán planteadas, pero lo importante es que la necropolítica está presente en cualquiera de las hipótesis. Así, el dejar morir que Mbembe trabaja sobre el concepto aquí discutido y aplicado en el escenario brasileño, puede venir a representar el mayor genocidio de la población quilombola en Brasil desde el periodo escravocrata. Finalmente, se pretende presentar algunos escenarios para la post-pandemia y como las comunidades quilombolas pueden interactuar en cada escenario presentado.Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares - CEAM2020-10-19T17:03:18Z2020-10-19T17:03:18Z2020-08-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfSANTOS, Eduardo Rodrigues. Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras. Revista do CEAM, v. 6, n. 1, p. 114-124, 25 ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/31856. Acesso em: 19 out. 2020.https://repositorio.unb.br/handle/10482/39555https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210Revista CEAM - (CC BY) - Este trabalho está licensiado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Fonte: https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/31856. Acesso em: 19 out. 2020.info:eu-repo/semantics/openAccessSantos, Eduardo Rodriguesporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-05-27T00:00:34Zoai:repositorio.unb.br:10482/39555Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-05-27T00:00:34Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
Necropolitics, coronavirus and the case of Brazilian quilombola communities
Necropolítica, coronavírus y el caso de las comunidades quilombolas brasileñas
title Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
spellingShingle Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
Santos, Eduardo Rodrigues
Comunidades quilombolas
Coronavírus
Genocídio
Neoliberalismo
title_short Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
title_full Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
title_fullStr Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
title_full_unstemmed Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
title_sort Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras
author Santos, Eduardo Rodrigues
author_facet Santos, Eduardo Rodrigues
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, Eduardo Rodrigues
dc.subject.por.fl_str_mv Comunidades quilombolas
Coronavírus
Genocídio
Neoliberalismo
topic Comunidades quilombolas
Coronavírus
Genocídio
Neoliberalismo
description O mundo está diante de acontecimentos sem precedentes por conta da pandemia de coronavírus. Começou na China, passou por todos os continentes, chegou ao Brasil. É um vírus que age em escala global, mas que apresenta consequências diferentes pelos países onde passa. Pretende-se aqui discutir sobre como o contexto pandêmico está realçando os traços da necropolítica estabelecida em relação a população negra, em especial aqui sobre as populações quilombolas. Para tal, será realizada uma descrição acerca do conceito de necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe, para com esse pano de fundo analisar os dados sobre os casos de adoecidos/as pelo coronavírus no Brasil como um todo e em comunidades quilombolas, percebendo uma discrepância sobre as taxas de letalidade entre quilombolas e não quilombolas, diferença essa que aponta que um indivíduo de quilombo adoecido pelo coronavírus tem cerca de 3 vezes mais chance de morrer do que um indivíduo não quilombola. Os dados serão extraídos de boletins epidemiológicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Com a visualização desse cenário, algumas hipóteses sobre o motivo dessa diferença serão postas, mas o importante é que a necropolítica está presente em qualquer uma das hipóteses. Assim, o deixar morrer que Mbembe trabalha sobre o conceito aqui discutido e aplicado no cenário brasileiro, pode vir a representar o maior genocídio da população quilombola no Brasil desde o período escravocrata. Por fim, pretende-se apresentar alguns cenários para o pós-pandemia e como as comunidades quilombolas podem interagir em cada cenário apresentado.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-10-19T17:03:18Z
2020-10-19T17:03:18Z
2020-08-25
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv SANTOS, Eduardo Rodrigues. Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras. Revista do CEAM, v. 6, n. 1, p. 114-124, 25 ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/31856. Acesso em: 19 out. 2020.
https://repositorio.unb.br/handle/10482/39555
https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210
identifier_str_mv SANTOS, Eduardo Rodrigues. Necropolítica, coronavírus e o caso das comunidades quilombolas brasileiras. Revista do CEAM, v. 6, n. 1, p. 114-124, 25 ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/31856. Acesso em: 19 out. 2020.
url https://repositorio.unb.br/handle/10482/39555
https://doi.org/10.5281/zenodo.3957210
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares - CEAM
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares - CEAM
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UnB
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Repositório Institucional da UnB
collection Repositório Institucional da UnB
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@unb.br
_version_ 1810580797919330304