Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: COSTA, Juliana Barbosa da
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Grau Zero
Texto Completo: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/4802
Resumo: O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre dois romances, o primeiro Robinson Crusoé escrito por Daniel Defoe em 1719 quando as navegações marítimas começavam a ganhar destaque, e o segundo romance, Foe (1986), escrito por J.M. Coetzee, um escritor pós-colonial sul-africano. O segundo romance surge como releitura do primeiro a partir da perspectiva de uma personagem-narradora que desconstrói a narrativa e o narrador Crusoé, que, no primeiro romance, é representado como sendo corajoso, inventivo e mantedor dos preceitos religiosos mesmo isolado em uma ilha deserta. Por outro lado, em Foe, romance considerado uma releitura pós-colonial de Robinson Crusoe, questões como o apagamento da voz e da alteridade – do outro colonial e do outro feminino – são postos em evidência. Além disso, o personagem Friday, inicialmente retratado como o indígena passivo, submisso ao “senhor” branco, retratado como débil por ser incapaz de aprender a língua inglesa instruída por Crusoé, em Foe essa questão é retomada e posta em cheque pela narradora Susan, que descobre que o motivo da impossibilidade de fala de Friday, se deve ao fato do mesmo ter tido sua língua arrancada. Por outro lado, Susan se mostra incapaz de ler as diversas formas de comunicação demonstradas por Friday, que se expressa por meio de gestos e de mímicas, trazendo a tona a reflexão a cerca da impossibilidade de representação do outro, e da importância de ouvir as diferentes perspectivas e pontos de vistas. Para discutir sobre questões relacionadas ao pós-colonialismo contaremos com as proposições de Said (1995), Bonnici (2000) e Memmi (2007), em acréscimo, contaremos com Spivak (1985) para debater a respeito do silenciamento de alguns sujeitos, em detrimento da centralização da narrativa de outras. [Recebido: 20 dez. 2017 – Aceito: 14 fev. 2018]
id UNEB-7_fb336e52de89ac861a35d377b0ddfe7f
oai_identifier_str oai:ojs.revistas.uneb.br:article/4802
network_acronym_str UNEB-7
network_name_str Grau Zero
repository_id_str
spelling Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e FridayReleituraPós-colonialismoCrusoéFoeO presente artigo tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre dois romances, o primeiro Robinson Crusoé escrito por Daniel Defoe em 1719 quando as navegações marítimas começavam a ganhar destaque, e o segundo romance, Foe (1986), escrito por J.M. Coetzee, um escritor pós-colonial sul-africano. O segundo romance surge como releitura do primeiro a partir da perspectiva de uma personagem-narradora que desconstrói a narrativa e o narrador Crusoé, que, no primeiro romance, é representado como sendo corajoso, inventivo e mantedor dos preceitos religiosos mesmo isolado em uma ilha deserta. Por outro lado, em Foe, romance considerado uma releitura pós-colonial de Robinson Crusoe, questões como o apagamento da voz e da alteridade – do outro colonial e do outro feminino – são postos em evidência. Além disso, o personagem Friday, inicialmente retratado como o indígena passivo, submisso ao “senhor” branco, retratado como débil por ser incapaz de aprender a língua inglesa instruída por Crusoé, em Foe essa questão é retomada e posta em cheque pela narradora Susan, que descobre que o motivo da impossibilidade de fala de Friday, se deve ao fato do mesmo ter tido sua língua arrancada. Por outro lado, Susan se mostra incapaz de ler as diversas formas de comunicação demonstradas por Friday, que se expressa por meio de gestos e de mímicas, trazendo a tona a reflexão a cerca da impossibilidade de representação do outro, e da importância de ouvir as diferentes perspectivas e pontos de vistas. Para discutir sobre questões relacionadas ao pós-colonialismo contaremos com as proposições de Said (1995), Bonnici (2000) e Memmi (2007), em acréscimo, contaremos com Spivak (1985) para debater a respeito do silenciamento de alguns sujeitos, em detrimento da centralização da narrativa de outras. [Recebido: 20 dez. 2017 – Aceito: 14 fev. 2018]Fábrica de Letras do Pós-Crítica/UNEB2018-04-09info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo avaliado pelos Paresapplication/pdfhttps://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/480210.30620/gz.v6n1.p43Grau Zero – Revista de Crítica Cultural; v. 6 n. 1 (2018): Literatura, Resistência e Revolução; 43-572318-7085reponame:Grau Zeroinstname:Universidade do Estado da Bahia (UNEB)instacron:UNEBporhttps://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/4802/3034Copyright (c) 2018 Grau Zero – Revista de Crítica Culturalhttps://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessCOSTA, Juliana Barbosa da2023-07-15T19:56:18Zoai:ojs.revistas.uneb.br:article/4802Revistahttps://revistas.uneb.br/index.php/grauzeroPUBhttps://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/oaijfelix@uneb.br || grauzero.uneb@gmail.com || fabricadeletras.uneb@gmail.com2318-70852318-7085opendoar:2023-07-15T19:56:18Grau Zero - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)false
dc.title.none.fl_str_mv Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
title Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
spellingShingle Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
COSTA, Juliana Barbosa da
Releitura
Pós-colonialismo
Crusoé
Foe
title_short Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
title_full Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
title_fullStr Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
title_full_unstemmed Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
title_sort Análise comparada entre os romances Robinson Crusoé de Daniel Defoe e Foe de J. M. Coetzee: o lugar de fala, as relações de poder sob as perspectivas de Susan e Friday
author COSTA, Juliana Barbosa da
author_facet COSTA, Juliana Barbosa da
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv COSTA, Juliana Barbosa da
dc.subject.por.fl_str_mv Releitura
Pós-colonialismo
Crusoé
Foe
topic Releitura
Pós-colonialismo
Crusoé
Foe
description O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre dois romances, o primeiro Robinson Crusoé escrito por Daniel Defoe em 1719 quando as navegações marítimas começavam a ganhar destaque, e o segundo romance, Foe (1986), escrito por J.M. Coetzee, um escritor pós-colonial sul-africano. O segundo romance surge como releitura do primeiro a partir da perspectiva de uma personagem-narradora que desconstrói a narrativa e o narrador Crusoé, que, no primeiro romance, é representado como sendo corajoso, inventivo e mantedor dos preceitos religiosos mesmo isolado em uma ilha deserta. Por outro lado, em Foe, romance considerado uma releitura pós-colonial de Robinson Crusoe, questões como o apagamento da voz e da alteridade – do outro colonial e do outro feminino – são postos em evidência. Além disso, o personagem Friday, inicialmente retratado como o indígena passivo, submisso ao “senhor” branco, retratado como débil por ser incapaz de aprender a língua inglesa instruída por Crusoé, em Foe essa questão é retomada e posta em cheque pela narradora Susan, que descobre que o motivo da impossibilidade de fala de Friday, se deve ao fato do mesmo ter tido sua língua arrancada. Por outro lado, Susan se mostra incapaz de ler as diversas formas de comunicação demonstradas por Friday, que se expressa por meio de gestos e de mímicas, trazendo a tona a reflexão a cerca da impossibilidade de representação do outro, e da importância de ouvir as diferentes perspectivas e pontos de vistas. Para discutir sobre questões relacionadas ao pós-colonialismo contaremos com as proposições de Said (1995), Bonnici (2000) e Memmi (2007), em acréscimo, contaremos com Spivak (1985) para debater a respeito do silenciamento de alguns sujeitos, em detrimento da centralização da narrativa de outras. [Recebido: 20 dez. 2017 – Aceito: 14 fev. 2018]
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-04-09
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Artigo avaliado pelos Pares
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/4802
10.30620/gz.v6n1.p43
url https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/4802
identifier_str_mv 10.30620/gz.v6n1.p43
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/4802/3034
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2018 Grau Zero – Revista de Crítica Cultural
https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2018 Grau Zero – Revista de Crítica Cultural
https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Fábrica de Letras do Pós-Crítica/UNEB
publisher.none.fl_str_mv Fábrica de Letras do Pós-Crítica/UNEB
dc.source.none.fl_str_mv Grau Zero – Revista de Crítica Cultural; v. 6 n. 1 (2018): Literatura, Resistência e Revolução; 43-57
2318-7085
reponame:Grau Zero
instname:Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
instacron:UNEB
instname_str Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
instacron_str UNEB
institution UNEB
reponame_str Grau Zero
collection Grau Zero
repository.name.fl_str_mv Grau Zero - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
repository.mail.fl_str_mv jfelix@uneb.br || grauzero.uneb@gmail.com || fabricadeletras.uneb@gmail.com
_version_ 1797041771439456256