Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Juliene Cristian Silva
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
Texto Completo: https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/5376
Resumo: Um dos ganhos do Movimento Indígena nos anos 1970 foi a consolidação de um ativismo específico, nas malhas do Brasil (BANIWA, 2006). Por meio dele, os indígenas puderam articular uma mobilização estético-política aguerrida, cujas bases perpassam a destruição da história única. Tomando as dimensões histórico-culturais e sociopolíticas desse fio condutor, o estudo trata de uma interpretação teórico-crítica, que discute os elementos epistemológicos da elaboração do indígena brasileiro formulados pelas políticas indigenista e indianista, lançando luzes sob a política indígena, que busca reconfigurar o imaginário coletivo e subverter a naturalização das narrativas logocêntricas (MUNDURUKU, 1999, 2000, 2004; 2006, 2008, 2010, 2012; POTIGUARA 2004; JEKUPÉ, 2003). No plano do método, o corpus considerou o mapa dos rastros da cobiça do Estado brasileiro, de caráter catequizador e integracionalista, petrificados numa tradição política composta pelas ordens de despejo linguístico, cultural, territorial e ontológico (VIVEIROS DE CASTRO, 2002; COELHO, 2006). Ao fazer isso, os dados evidenciam uma avaliação da política indianista enveredada pelo discurso de acomodação aos destinos fictício, utópico, apocalíptico e invisível, adentrando nas linhas de fuga e reversão operacionadas pelos modernistas. Os seus desdobramentos compreendem a nova história indígena, que envolve a questão da autoria e do protagonismo, aqui, (re) pensada sob os termos do substrato político pedagógico e do debate intercultural aberto nos anos 1980-1990. Essa leitura aponta que a política indigenista, em grande medida, pôs em prática as referidas ordens de despejo para a extinção física e simbólica dos povos indígenas, e nos interstícios deixou escapar a autoria (CUNHA; VIVEIROS DE CASTRO, 1985; CLASTRES, 1978). Esvazia-se, portanto, o discurso falacioso de invisibilidade e silenciamento, fomentado, inclusive, pela política indianista, de cunho romântico e Pré-Modernista que deu seguimento à barbárie. Para além disto, contribui com o acervo de produções de temática indígena para o Laboratório de Edição Fábrica de Letras no Programa de Crítica Cultural, e, na formação continuada de estudantes e professores, como um chamariz que realça o discurso contra -hegemônico ao revisitar a história indígena e reconhecer formas de ação dos próprios sujeitos a fim de fazer circular a criatividade e a memória ancestral frente ao discurso único que os invade.
id UNEB-8_3fb2b9c71dade57e5cb3b5d72f064927
oai_identifier_str oai:saberaberto.uneb.br:20.500.11896/5376
network_acronym_str UNEB-8
network_name_str Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
repository_id_str
spelling Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejoWritings of "Indigenous": Aesthetic-Political Ways of Fighting and Overcoming Eviction OrdersDebates contemporâneosCrítica CulturalReversãoUm dos ganhos do Movimento Indígena nos anos 1970 foi a consolidação de um ativismo específico, nas malhas do Brasil (BANIWA, 2006). Por meio dele, os indígenas puderam articular uma mobilização estético-política aguerrida, cujas bases perpassam a destruição da história única. Tomando as dimensões histórico-culturais e sociopolíticas desse fio condutor, o estudo trata de uma interpretação teórico-crítica, que discute os elementos epistemológicos da elaboração do indígena brasileiro formulados pelas políticas indigenista e indianista, lançando luzes sob a política indígena, que busca reconfigurar o imaginário coletivo e subverter a naturalização das narrativas logocêntricas (MUNDURUKU, 1999, 2000, 2004; 2006, 2008, 2010, 2012; POTIGUARA 2004; JEKUPÉ, 2003). No plano do método, o corpus considerou o mapa dos rastros da cobiça do Estado brasileiro, de caráter catequizador e integracionalista, petrificados numa tradição política composta pelas ordens de despejo linguístico, cultural, territorial e ontológico (VIVEIROS DE CASTRO, 2002; COELHO, 2006). Ao fazer isso, os dados evidenciam uma avaliação da política indianista enveredada pelo discurso de acomodação aos destinos fictício, utópico, apocalíptico e invisível, adentrando nas linhas de fuga e reversão operacionadas pelos modernistas. Os seus desdobramentos compreendem a nova história indígena, que envolve a questão da autoria e do protagonismo, aqui, (re) pensada sob os termos do substrato político pedagógico e do debate intercultural aberto nos anos 1980-1990. Essa leitura aponta que a política indigenista, em grande medida, pôs em prática as referidas ordens de despejo para a extinção física e simbólica dos povos indígenas, e nos interstícios deixou escapar a autoria (CUNHA; VIVEIROS DE CASTRO, 1985; CLASTRES, 1978). Esvazia-se, portanto, o discurso falacioso de invisibilidade e silenciamento, fomentado, inclusive, pela política indianista, de cunho romântico e Pré-Modernista que deu seguimento à barbárie. Para além disto, contribui com o acervo de produções de temática indígena para o Laboratório de Edição Fábrica de Letras no Programa de Crítica Cultural, e, na formação continuada de estudantes e professores, como um chamariz que realça o discurso contra -hegemônico ao revisitar a história indígena e reconhecer formas de ação dos próprios sujeitos a fim de fazer circular a criatividade e a memória ancestral frente ao discurso único que os invade.L’un des gains du Mouvement Indigène dans les années 1970 au Brésil a été la consolidation de l’activisme spécifique (BANIWA, 2006). C’est ainsi que les indigènes ont pu articuler une mobilisation esthétique¬politique, dont les bases passent à travers de la destruction de l’histoire unique. Compte tenu les dimensions historico¬culturelles et sociopolitiques de ce fil conducteur, l’étude porte sur une interprétation critique et théorique, qui aborde les éléments épistémologiques de l’élaboration des peuples indigènes brésiliens formulés par les politiques autochtone e indianista, en accord avec la politique autochtone, qui cherche à reconfigurer l’imaginaire collectif et à subvertir la naturalisation des récits logocentriques (MUNDURUKU, 1999, 2000, 2004; 2006, 2008, 2010, 2012; POTIGUARA 2004; JEKUPÉ, 2003). Dans le plan de la méthode, le corpus a considéré les traces de la convoitise de l’État brésilien, du catéchisme et du caractère intégrationnaliste, pétrifié dans une tradition politique composée par des ordres d’expulsion linguistique, culturelle, territoriale et ontologique (VIVEIROS DE CASTRO, 2002; COELHO, 2006). Les données en question mettent en évidence l’évaluation de la Politique Indianista, basée sur le discours d’accommodement aux destinations fictives, utopiques, apocalyptiques et invisibles, opérationnalisées par les modernistes. Ses déroulements comprennent la nouvelle histoire autochtone, qui implique la question du protagonisme, ici, (re) pensée selon les termes du substrat politico-pédagogique et le débat interculturel ouvert dans les années 1980-1990. Cette lecture fait signe vers la politique autochtone, au sens large du terme, mise en pratique par les ordonnances d’expulsion mentionnées dans le but de l’extinction physique et symbolique des peuples indigènes, que dans les interstices ont laissé échapper le protagonisme (CUNHA; VIVEIROS DE CASTRO, 1985; CLASTRES, 1978). C’est l’absence du discours fallacieux de l’invisibilité et du silence, favorisé par la politique indianista, d’une nature romantique et pré-moderniste, qui ont donné suíte à la barbarie. Au dela, cette recherche contribue à la collection des Productions sur la thèmatique basée sur les indigènes, pour le laboratoire d’Édition de l’Usine de Lettres dans le Programme de Critique Culturelle, dans la formation continue des étudiants et des enseignants, dans le but de contrecarrer le discours hégémonique tout en revisitant l’histoire autochtone et en reconnaissant les différentes formes d’actions des sujets eux-mêmes afin de faire circuler la créativité et la mémoire ancestrale face au discours unique envahisseur.Universidade do Estado da BahiaPrograma de Pós-Graduação em Crítica CulturalSantos, Osmar Moreira dosLima, Maria Nazaré Mota dePinto, Juliene Cristian Silva2024-05-07T11:30:10Z2024-05-07T11:30:10Z2019-06-03info:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdfPINTO, Juliene Cristian Silva. Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo. Orientador: Osmar Moreira dos Santos. 2019. 285f. Dissertação(Mestrado em Crítica Cultural). Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Alagoinhas, 2019.https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/5376porinfo:eu-repo/semantics/openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/reponame:Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEBinstname:Universidade do Estado da Bahia (UNEB)instacron:UNEB2024-05-09T03:00:17Zoai:saberaberto.uneb.br:20.500.11896/5376Repositório InstitucionalPUBhttps://saberaberto.uneb.br/server/oai/requestrepositorio@uneb.br || sisb@uneb.bropendoar:2024-05-09T03:00:17Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)false
dc.title.none.fl_str_mv Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
Writings of "Indigenous": Aesthetic-Political Ways of Fighting and Overcoming Eviction Orders
title Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
spellingShingle Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
Pinto, Juliene Cristian Silva
Debates contemporâneos
Crítica Cultural
Reversão
title_short Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
title_full Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
title_fullStr Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
title_full_unstemmed Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
title_sort Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo
author Pinto, Juliene Cristian Silva
author_facet Pinto, Juliene Cristian Silva
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Santos, Osmar Moreira dos
Lima, Maria Nazaré Mota de
dc.contributor.author.fl_str_mv Pinto, Juliene Cristian Silva
dc.subject.por.fl_str_mv Debates contemporâneos
Crítica Cultural
Reversão
topic Debates contemporâneos
Crítica Cultural
Reversão
description Um dos ganhos do Movimento Indígena nos anos 1970 foi a consolidação de um ativismo específico, nas malhas do Brasil (BANIWA, 2006). Por meio dele, os indígenas puderam articular uma mobilização estético-política aguerrida, cujas bases perpassam a destruição da história única. Tomando as dimensões histórico-culturais e sociopolíticas desse fio condutor, o estudo trata de uma interpretação teórico-crítica, que discute os elementos epistemológicos da elaboração do indígena brasileiro formulados pelas políticas indigenista e indianista, lançando luzes sob a política indígena, que busca reconfigurar o imaginário coletivo e subverter a naturalização das narrativas logocêntricas (MUNDURUKU, 1999, 2000, 2004; 2006, 2008, 2010, 2012; POTIGUARA 2004; JEKUPÉ, 2003). No plano do método, o corpus considerou o mapa dos rastros da cobiça do Estado brasileiro, de caráter catequizador e integracionalista, petrificados numa tradição política composta pelas ordens de despejo linguístico, cultural, territorial e ontológico (VIVEIROS DE CASTRO, 2002; COELHO, 2006). Ao fazer isso, os dados evidenciam uma avaliação da política indianista enveredada pelo discurso de acomodação aos destinos fictício, utópico, apocalíptico e invisível, adentrando nas linhas de fuga e reversão operacionadas pelos modernistas. Os seus desdobramentos compreendem a nova história indígena, que envolve a questão da autoria e do protagonismo, aqui, (re) pensada sob os termos do substrato político pedagógico e do debate intercultural aberto nos anos 1980-1990. Essa leitura aponta que a política indigenista, em grande medida, pôs em prática as referidas ordens de despejo para a extinção física e simbólica dos povos indígenas, e nos interstícios deixou escapar a autoria (CUNHA; VIVEIROS DE CASTRO, 1985; CLASTRES, 1978). Esvazia-se, portanto, o discurso falacioso de invisibilidade e silenciamento, fomentado, inclusive, pela política indianista, de cunho romântico e Pré-Modernista que deu seguimento à barbárie. Para além disto, contribui com o acervo de produções de temática indígena para o Laboratório de Edição Fábrica de Letras no Programa de Crítica Cultural, e, na formação continuada de estudantes e professores, como um chamariz que realça o discurso contra -hegemônico ao revisitar a história indígena e reconhecer formas de ação dos próprios sujeitos a fim de fazer circular a criatividade e a memória ancestral frente ao discurso único que os invade.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-06-03
2024-05-07T11:30:10Z
2024-05-07T11:30:10Z
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv PINTO, Juliene Cristian Silva. Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo. Orientador: Osmar Moreira dos Santos. 2019. 285f. Dissertação(Mestrado em Crítica Cultural). Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Alagoinhas, 2019.
https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/5376
identifier_str_mv PINTO, Juliene Cristian Silva. Escrituras de “índio”: modos estético­políticos de combater e superar as ordens de despejo. Orientador: Osmar Moreira dos Santos. 2019. 285f. Dissertação(Mestrado em Crítica Cultural). Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Alagoinhas, 2019.
url https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/5376
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado da Bahia
Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural
publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado da Bahia
Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
instname:Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
instacron:UNEB
instname_str Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
instacron_str UNEB
institution UNEB
reponame_str Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
collection Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
repository.name.fl_str_mv Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@uneb.br || sisb@uneb.br
_version_ 1802131148273352704