O BRANQUEAMENTO ENQUANTO PROJETO BRASILEIRO DE NAÇÃO E SEUS REFLEXOS EM NARRATIVAS DE MULHERES NEGRAS SUBALTERNIZADAS
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132022000100180 |
Resumo: | RESUMO Partindo do quadro teórico oferecido pela Análise da Narrativa, este trabalho busca analisar e descrever narrativas de histórias de vida de mulheres negras, pobres, atendidas por programas socioassistenciais, observando as maneiras pelas quais essas mulheres constroem suas identidades e operam discursivamente com determinados aspectos normativos instituídos socialmente acerca do atravessamento “raça” - sobretudo os discursos acerca de uma suposta “ausência de racismo” e o ideal hegemônico de “branqueamento”. Utilizando a entrevista qualitativa como ferramenta de pesquisa, os resultados apontaram para um imbricamento entre os atravessamentos “raça”, “gênero” e “classe social”, comprovando a necessidade apontada pelas teorias interseccionais de gênero em geral e pelo feminismo negro contemporâneo em particular de se considerar o sujeito social sempre interseccionado por tais atravessamentos. Considerando ainda que em todas as entrevistas a existência do racismo é afirmada, coloca-se em questão o mito da democracia racial existente no senso comum e, ainda, ratifica-se a importância atribuída pelo feminismo negro acerca da necessidade de observação de experiências enunciadas por outros lugares de fala subalternizados, distantes das posições hegemônicas. Ademais, em todas as entrevistas analisadas, sobretudo nas avaliações que emergiram nas narrativas, a questão da cor da pele foi performada como um “estigma”, um traço profundamente depreciativo, alicerçado na naturalização da branquitude. No entanto, se nas narrativas de mulheres com idade mais avançada a ideologia do branqueamento não é questionada, nas “avaliações” das narrativas analisadas provenientes de entrevistadas mais jovens observamos o branqueamento hegemônico concorrendo com novos elementos, caracterizados por estabelecer fissuras significativas sobre aspectos normativos acerca da negritude. |
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O BRANQUEAMENTO ENQUANTO PROJETO BRASILEIRO DE NAÇÃO E SEUS REFLEXOS EM NARRATIVAS DE MULHERES NEGRAS SUBALTERNIZADASanálise da narrativanegritudebranqueamentogêneroRESUMO Partindo do quadro teórico oferecido pela Análise da Narrativa, este trabalho busca analisar e descrever narrativas de histórias de vida de mulheres negras, pobres, atendidas por programas socioassistenciais, observando as maneiras pelas quais essas mulheres constroem suas identidades e operam discursivamente com determinados aspectos normativos instituídos socialmente acerca do atravessamento “raça” - sobretudo os discursos acerca de uma suposta “ausência de racismo” e o ideal hegemônico de “branqueamento”. Utilizando a entrevista qualitativa como ferramenta de pesquisa, os resultados apontaram para um imbricamento entre os atravessamentos “raça”, “gênero” e “classe social”, comprovando a necessidade apontada pelas teorias interseccionais de gênero em geral e pelo feminismo negro contemporâneo em particular de se considerar o sujeito social sempre interseccionado por tais atravessamentos. Considerando ainda que em todas as entrevistas a existência do racismo é afirmada, coloca-se em questão o mito da democracia racial existente no senso comum e, ainda, ratifica-se a importância atribuída pelo feminismo negro acerca da necessidade de observação de experiências enunciadas por outros lugares de fala subalternizados, distantes das posições hegemônicas. Ademais, em todas as entrevistas analisadas, sobretudo nas avaliações que emergiram nas narrativas, a questão da cor da pele foi performada como um “estigma”, um traço profundamente depreciativo, alicerçado na naturalização da branquitude. No entanto, se nas narrativas de mulheres com idade mais avançada a ideologia do branqueamento não é questionada, nas “avaliações” das narrativas analisadas provenientes de entrevistadas mais jovens observamos o branqueamento hegemônico concorrendo com novos elementos, caracterizados por estabelecer fissuras significativas sobre aspectos normativos acerca da negritude.UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)2022-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132022000100180Trabalhos em Linguística Aplicada v.61 n.1 2022reponame:Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMP10.1590/010318131178591620220210info:eu-repo/semantics/openAccessLima,Fábio Fernandopor2022-06-14T00:00:00Zoai:scielo:S0103-18132022000100180Revistahttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tlaPUBhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/oaispublic@iel.unicamp.br2175-764X0103-1813opendoar:2022-11-08T14:23:57.341883Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false |
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