O emprego de vírgula como um recurso discursivo na escrita do português clássico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Yano, Cynthia
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Estudos Linguísticos
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8647152
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo compreender melhor o funcionamento do sistema de pontuação do português, dos séculos XVI ao XIX, focalizando o emprego de vírgula antes de orações completivas verbais. A escolha desse contexto de uso da vírgula não foi fortuita e se deu pela variação no uso de vírgula observada em textos literários escritos e publicados na época, e pela dificuldade dos gramáticos, até o início do século XVIII, em definir a distinção entre as orações completivas e relativas e, portanto, o uso de vírgula nesses tipos de construções também.Para tanto, foi selecionado um corpus composto por 14 textos de autores portugueses nascidos no mesmo período, do século XVI ao XIX. E, após a análise dos dados, observou-se que a maioria das orações tinha como regente um verbo do tipo dicendi, ou de pensamento, típicos de discurso relatado. Isso levou à hipótese de que a vírgula possuía uma função a mais, de introduzir um discurso relatado - além das já descritas pelos gramáticos -, corroborada pelo fato de, nos mesmos textos, haver ocorrências com dois pontos, já descritos como tendo a função primeira de introduzir citações, precedidos pelos mesmos verbos. Além de introduzir um relato, o uso de vírgula nos textos quinhentistas, embora à primeira vista pareça aleatório, poderia ser motivado pela presença ou não de um elemento interpolado, um sujeito ou uma oração, seguindo o verbo.Ademais, notou-se que, a partir do século XVIII, há uma queda progressiva na porcentagem de ocorrências com orações completivas precedidas por vírgula, quando tal uso não-convencional da vírgula teria caído em desuso. Ou seja, apesar do que as gramáticas da época mostram e alguns estudos, como o de Rocha (1997), afirmam, o modo de empregar a vírgula teria sofrido modificações desde a primeira metade do século XVIII.
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