Apresentação
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos Pagu (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644655 |
Resumo: | A despeito de sua natureza quase fictícia, diz Ella Shohat, os tropos raciais exercem influência real no mundo. Seu artigo apresenta uma série de questões que vão ser retomadas e aprofundadas em outras áreas culturais, a respeito da importância mais do que alegórica da cara, da cor, do corpo. Laura Moutinho, comparando o escritor sul-africano John Coetzee e o brasileiro Nelson Rodrigues, sugere que o exemplo brasileiro de exclusão do negro se funda numa incorporação dele, por contraste com o exemplo sul-africano no qual, até a época recente do pósapartheid (1996), o modelo era o enquistamento dos negros. E deixa no ar uma questão intrigante: o processo que se desenrola hoje na África do Sul é semelhante ao processo histórico brasileiro, com os sinais de gênero invertidos? Isto é, são os negros e as brancas que vão produzir uma descendência mulata no país? Já Osmundo de Araújo Pinho, tratando do coração da tradição brasileira – o contexto baiano – se pergunta sobre o “mestiço ontologizado”: Em nome da clareza e da justiça seria desejável vê- lo deposto? Sua tentativa de resposta passa pela análise de dois tipos novos no panteão das figuras étnicas carimbadas da história baiana: o “Brau” e a “Beleza Negra”. As formas tradicionais de resistência africana na cidade poderiam então, a exemplo do que ocorre na África do Sul, produzir um efeito do sexo negativo para as mulheres ou para a feminilidade? Pode ser, diz Osmundo, mas o artigo de Tiago de Melo Gomes mostra também que o consumo da cultura negra é bem mais antigo e esteve bem estabelecido no Rio de Janeiro: o “efeito do sexo” nas ruas cariocas era também percebido como um “efeito de raça” – como se não fosse possível dissociar um do outro. Essa associação vai ser mostrada também no artigo de Luiz Gustavo Freitas Rossi sobre Jorge Amado. Ângela Figueiredo vai tentar é uma disjunção: os analistas sociais repetiram durante tanto tempo que negros e pobreza estão associados no país que o surgimento de uma classe média negra os tomou de surpresa. Pioneira na análise dessa classe, Ângela mostra as ambivalências enfrentadas pelos seus integrantes nas relações cotidianas com brancos que ainda os vêem com espanto. |
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