O "Cemitério dos Vivos" de Lima Barreto : o quilombo literário contra o manicômio-senzala

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rufino, Vinicius Rosini, 1990-
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/7979
Resumo: Orientador: Francisco Foot Hardman
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spelling O "Cemitério dos Vivos" de Lima Barreto : o quilombo literário contra o manicômio-senzalaO "Cemitério dos Vivos" of Lima Barreto : the literary quilombo against the asylum-senzalaBarreto, Lima, 1881-1922. O Cemitério dos VivosLoucuraRacismoHospitais psiquiatricosBarreto, Lima - O cemitério dos vivosFollyRacismAsylumOrientador: Francisco Foot HardmanDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: Este é um trabalho de pesquisa acadêmico, sobre o escritor carioca Lima Barreto (1881-1922), o qual pode ser lido como uma dissertação, inserida no campo dos Estudos Literários. Seu objeto de estudo delimita-se a partir do romance inacabado O Cemitério dos Vivos (publicado postumamente pela primeira vez em 1953), o qual começa a ser escrito após a segunda internação de seu autor no Hospício (Hospital Nacional de Alienados), entre dezembro de 1919 e fevereiro de 1920. Esta obra é permeada por várias passagens autobiográficas. E conta a história (em primeira pessoa, através da voz de seu narrador-personagem, o qual narra de dentro do Hospício) de Vicente Mascarenhas, negro, funcionário público, que abdicou de se tornar doutor, e sonhou em consolidar-se como escritor, para combater, no campo literário, a ideologia hegemônica de teorias científicas raciais racistas e criminalistas de seu tempo e seus conceitos validadores e legitimadores de uma ordem social desigual, a rebaixarem, postularem e afirmarem pretensa "inferioridade" e "suscetibilidade ao crime" de indivíduos negroafricanos, perante indivíduos brancos, de origem europeia. Uma Sociedade Racista, do Estupro, Machista, Negacionista, Capitalista, Positivista, Homofóbica, Normótica, Fascista, intolerante à existência, à vida, às manifestações culturais e religiosidade de matriz negroafricana e indígena-brasileira, do povo trabalhador, assim como às de outras "minorias", que representam, esmagadoramente, a maioria da população. Nesse sentido o romance decodifica um sofisticado, perverso, brutal e cínico sistema de dominação mantido pelo consenso e consentimento e pela coerção e coação de um Estado Penal Nacional (na forma de República Federativa "Figurativa" do Brasil), o qual consubstancia e manifesta a Ideologia Racista, através de seus agentes e instituições de controle e dominação sociais, públicos, privados e "paralelos". E, enquanto uma instituição do Estado, o Hospício, coordenado pela Psiquiatria (saber, campo científico e Ideologia), e os médicos-psiquiatras, agentes que operacionalizam e são partes deste sistema, é uma peça fundamental para o funcionamento e manutenção deste mecanismo social, de arranjo societário sectário, vil e totalitário. Um dos objetivos desta dissertação, que também pode ser lida, em parte, como um ensaio autobiográfico, é, através de "espelho contra espelho", com "reflexos" da minha história pessoal, espelhar e espalhar a revolta; e demonstrar como tudo isso se articula na prática e se desenvolve no cotidiano das relações sociais, em pequena, média e grande escala. Isso, não só fora compreendido, como sentido por Lima Barreto, autodeclarado "escritor negro", é o que demonstra a sua obra, a qual, a partir do campo literário (espaço de resistência, "brecha" e "fissura", não totalmente colonizado pelas Oligarquias e pela Burguesia Racistas), delimita seu local de fala, estrutura, articula e hasteia uma bandeira, e levanta um "Quilombo", literário, de onde trava seu combate e resiste, não só contra o Manicômio-Senzala e seus agentes – mas contra o Racismo e o que ele representa – enquanto elemento estruturante fundamental da sociedade de classes capitalista-burguesa do BrasilAbstract: This is an academic research work, about the writer from Rio de Janeiro, Lima Barreto (1881- 1922), a dissertation inserted in the field of Literary Studies. Its object of study is delimited from the unfinished novel O Cemitério dos Vivos (published posthumously for the first time in 1953), which started to be written after the author’s second hospitalization in the asylum "Hospital Nacional de Alienados", between December of 1919 and February 1920. This work is permeated by several autobiographical passages. Wicht tells the story (in first person, through the voice of its narrator-character, who narrates from inside the Asylum), of Vicente Mascarenhas, a black civil servant, who abdicated from becoming a doutor and dreamed of consolidating himself as a writer, to fight in the literary field, the hegemonic criminal sciences and race theories of its time, ideologically racists, as well as their validating and legitimizing concepts of an unequal social order, to demote and postulate affirmations of an alleged "inferiority" and "susceptibility to crime" of black-African individuals towards white individuals of European origin. A Racist, Rapist, Male Chauvinist, Negationist, Capitalist, Positivist, Homophobic, Normotic and Fascist Society, intolerant of existence, of life, cultural manifestations and the religiosity of people with black-African and indigenous-Brazilian ancestry, of the black working people, as well as those of other "social minorities", who overwhelmingly represent the majority of its population. In this sense, the novel decodes a sophisticated, perverse, brutal and cynical system of domination, maintained by consensus and consent and by the coercion and compulsion of a National Penal State (in the form of the "Figurative" Federative Republic of Brazil), which embodies and manifests these Racist ideologies, through its agents and its institutions for social control and domination, of the public, private and unofficial. And, as an institution of the State, the Asylum, coordinated by the Psychiatry (as knowledge, scientific field and Ideology), and its psychiatrists, agents that operate and are part of this system, is a fundamental piece for the functioning and maintenance of this social mechanism of vile and totalitarian sectarian division of society. One of the objectives of this dissertation, which can also be read, in part, as an autobiographical essay, is, through "mirror against mirror", with "reflections" of my personal history, to spread the revolt through the looking glass; and demonstrate how all this is articulated through practice and developed in our daily life social relations, on a small, medium and large scale. This, not only was understood, as felt by Lima Barreto, self-declared a "black writer", is what his work demonstrates, which, from the literary field (space of resistance, "gap" and "fissure", not totally colonized by the Oligarchies and the Racist Bourgeoisie), delimits its place of speech, structure, articulates and raise a flag, as well as a literary "Quilombo", from where it fights and resists, not only against the Asylum-Senzala and its agents – but against Racism and what it represents – as a fundamental structuring element of the capitalist-bourgeois class society in BrazilMestradoTeoria e Crítica LiteráriaMestre em Teoria e Crítica LiteráriaCAPES88887.351699/2019-00[s.n.]Hardman, Francisco Foot, 1952-Granja, LuciaCerqueira, RodrigoUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Teoria e História LiteráriaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASRufino, Vinicius Rosini, 1990-20222022-12-16T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf1 recurso online (88 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/7979RUFINO, Vinicius Rosini. O "Cemitério dos Vivos" de Lima Barreto: o quilombo literário contra o manicômio-senzala. 2022. 1 recurso online (88 p.) Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/7979. 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