'Não há nada entre nós' : uma (im)possível tradição poética de mulheres no imaginário de Ana Cristina Cesar, Adília Lopes e Patti Smith

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Munhoz, Erica Martinelli, 1987-
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/14861
Resumo: Orientador: Cristina Henrique da Costa
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spelling 'Não há nada entre nós' : uma (im)possível tradição poética de mulheres no imaginário de Ana Cristina Cesar, Adília Lopes e Patti Smith'There is nothing between us' : a(n) (im)possible women's poetic tradition in the imaginary of Ana Cristina Cesar, Adília Lopes and Patti SmithCésar, Ana Cristina, 1952-1983Lopes, Adilia, 1960-PoesiaTradiçãoCrítica literária feministaCésar, Ana CristinaLopes, AdiliaPoetryTraditionFeminist literary criticismOrientador: Cristina Henrique da CostaTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: A ideia de tradição poética de mulheres representa hoje, no âmbito da crítica literária feminista, um tema problemático e não totalmente resolvido. A poesia escrita por autoras da segunda metade do século vinte, como Adília Lopes, Ana Cristina Cesar e Patti Smith, pode operar reconfigurações críticas e criativas do conceito. Nos anos 60, a primeira geração da crítica literária feminista encarava a tradição como uma força opressiva a ser combatida, mas a geração seguinte a recupera por meio do conceito de "female tradition" (Moers e Showalter). Tal proposta é, entretanto, problematizada pelos seus aspectos excludentes. No âmbito dos estudos literários, a indistinção entre tradição e cânone gera tensões e evidencia a instabilidade do conceito de tradição. Provenientes de contextos culturais distintos, as três poetas aqui estudadas compartilham, no entanto, importante relação com a contracultura e certa ambivalência entre pertencimento e marginalidade, o que confere à sua poesia um ponto de vista privilegiado para reflexões problematizantes a respeito da tradição. Ao investigar símbolos, metáforas e "imagens poéticas" (BACHELARD, 2016) na sua poesia, este trabalho espera lançar luz sobre o paradoxo em torno da "tradição de mulheres". Tal reflexão é guiada pela releitura crítica de dois conceitos fundamentais da ginocrítica: a "angústia de autoria" e a "matrilinhagem" (GILBERT e GUBAR, 1979). A investigação do símbolo do cisne enquanto figura da tradição poética dominante permitiu explorar relações ainda conflituosas com nomes da tradição, reconfigurando o conceito de "angústia de autoria". A identificação da imagem da "mãe literária" em tais relações não impediu, porém, a leitura crítica da noção idealizada de "matrilinhagem", cujos desdobramentos se desenvolveram a partir da dupla figura da bruxa. Lida, de um lado, como personagem histórica da opressão de gênero (a caça às bruxas representa um marco histórico de consequências simbólicas duradouras, recuperado pelo feminismo recente), e de outro como personagem mítica maléfica, a bruxa reúne uma das principais dicotomias da figura feminina: representada ambos como vilã e como vítima. Os diálogos entre a "imaginação material" (Bachelard) e o imaginário social historicamente estabelecido em torno da mulher criam ferramentas para uma leitura feminista das imagens do voo e velocidade em Ana Cristina Cesar, e dos desdobramentos do símbolo do fogo na poesia das três poetas em questão. As "águas compostas" de Bachelard, em diálogo com a imagem filosófica do phármakon, permitem ler em Adília Lopes a ambivalência das relações femininas, aprofundada nos três capítulos que exploram a intertextualidade entre as poetas e algumas de suas "predecessoras" (Bishop, Sexton e Plath). Tais relações sugerem uma interpretação problematizante da relação com as ditas "mães literárias". Por fim, três figuras femininas do mal (a femme fatale, Eva e a "musa cruel") identificadas na poesia de Cesar, Smith e Lopes, colocam em questão as máscaras identitárias femininas, a problemática da agência e da submissão, e mostram que, na sua poesia, as relações de poder que determinam a tradição são reconfiguradas de formas provocativasAbstract: The idea of a women’s literary tradition represents a problem not yet resolved by feminist literary criticism. The poetry written by women such as Adília Lopes, Ana Cristina Cesar and Patti Smith, in the last decades of the twentieth century, can work critical and creative reconfigurations of this concept. In the 1960s, the first generation of feminist literary critics understood tradition as an oppressive force to be resisted, but the next generation reclaimed it through the idea of a female tradition (Moers and Showalter). This concept was, however, challenged by the next generation for its exclusionary aspects. In literary studies, the indistinction between tradition and canon creates tensions and points towards an instability of the concept of tradition. Coming from different cultural backgrounds, the three poets in this study share, nonetheless, an important relationship with counterculture, as well as an ambivalent quality between marginality and belonging, which imbues their poetry with an interesting perspective towards tradition. Investigating symbols, metaphors and "poetic images" (BACHELARD, 2016) in such poetry, this research hopes to shed light on the paradoxes surrounding a "women’s tradition". This reflection is guided, here, by a critical re-reading of two main concepts in gynocriticism: the "anxiety of authorship" and "matrilineage" (GILBERT&GUBAR, 1979). Inquiries regarding the swan symbol as a figure of dominant poetic tradition enabled the exploration of conflict in the relationship with important names in literary tradition, rethinking the "anxiety of authorship". The recognition of the "literary mother" in such literary relationships did not prevent a critical reading of the idealized "matrilineage" concept, however, discussed further with the aid of the twofold figure of the witch. Read, on the one hand, as a historical character of gender oppression (the witch hunts represent a historical event with lasting symbolic consequences, as shown by recent feminism), and, on the other hand, as a mythical figure of evil, the witch encompasses one of the main dichotomies of the female figure: represented both as villain and as victim. Dialogues between the "material imagination" (Bachelard) and the historically constructed social imagery regarding women, became the tools for a feminist reading of the images of flight and speed in Ana Cristina Cesar, and the developments of the symbol of fire in all of their poetry. The "combined waters" (Bachelard), in dialogue with the philosophical image of the pharmakon, permitted a reading of the ambivalences in female relationships in Adília Lopes’ poetry. This last idea was further developed along the three chapters that explore intertextuality between the three poets studied here and some of their predecessors (Bishop, Sexton and Plath). These readings suggest a problematic interpretation of the relationship to the "literary mothers". Finally, three female figures of evil (the femme fatale, Eve, and the "cruel muse"), found in Cesar, Smith and Lopes’ poetry put to question identitarian masks of femininity and the problematics of agency and submission, as well as show that, in their poetry, the power relations that dictate tradition are reconfigured in provocative waysDoutoradoTeoria e Crítica LiteráriaDoutora em Teoria e História LiteráriaCNPQ164496/2018-1[s.n.]Costa, Cristina Henrique da, 1964-Chiara, Ana Cristina de RezendeBosi, VivianaSiscar, MarcosBieri, AndreaUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Teoria e História LiteráriaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASMunhoz, Erica Martinelli, 1987-20232023-09-15T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (487 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/14861MUNHOZ, Erica Martinelli. 'Não há nada entre nós' : uma (im)possível tradição poética de mulheres no imaginário de Ana Cristina Cesar, Adília Lopes e Patti Smith. 2023. 1 recurso online (487 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/14861. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1372872porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-01-25T14:51:40Zoai::1372872Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2024-01-25T14:51:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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