O valor na ontologia lukácsiana : alcances e limites

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Van der Laan, Murillo Augusto de Souza, 1985-
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1639219
Resumo: Orientador: Jesus José Ranieri
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spelling O valor na ontologia lukácsiana : alcances e limitesValue in lukacsian ontology : contributions and limitsLukács, György, 1885-1971Filosofia marxistaOntologiaValor (Economia)Economia marxistaMarxist philosophyOntologyValue (Economy)Marxian economicsOrientador: Jesus José RanieriTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: A presente tese tem como objetivo realizar uma discussão sobre os alcances e limites da teoria do valor avançada por György Lukács, em sua obra Para uma ontologia do ser social, publicada postumamente. Acompanhando as interpretações desse trabalho e inspirando-nos, sobretudo, nas breves considerações de Peter Hudis e na incisiva crítica imanente de István Mészáros ¿ mas apresentando algumas diferenças menores para com essas interpretações ¿, argumentamos que a leitura lukácsiana da teoria do valor de Marx contrasta com a própria perspectiva marxiana, o que termina por ter um impacto negativo em todo o arcabouço teórico da Ontologia. Na base da reprodução do ser social, teorizada na obra póstuma de Lukács, encontramos a generalização, para todas as formações sociais, da teoria do valor marxiana e com ela de aspectos que, a nosso ver, são específicos da produção capitalista: o caráter indiretamente social da produção, a opacidade das valorações econômicas, a compulsão da redução do tempo de trabalho e a categoria tempo de trabalho socialmente necessário. Essa generalização indevida resulta em uma ruptura com a própria demanda lukácsiana por uma abordagem radicalmente histórica. É colocada em movimento, ademais, atribuindo um papel central às trocas de mercadorias no processo histórico de desenvolvimento do ser social, em um desdobramento que levaria, necessariamente, o ser social a uma unificação. Nesse sentido, argumentamos que Lukács dá continuidade à análise a-histórica do ser social recorrendo ao anacronismo de imputar características capitalistas às trocas pré-capitalistas para justificar um suposto movimento necessário e compulsório de redução do tempo de trabalho. Assim, além de romper com o princípio da historicidade, Lukács rompe também com outra demanda por ele mesmo delineada na Ontologia: a abordagem anti-teleológica do movimento do ser social. Esses problemas reaparecem, por fim, na perspectiva de estranhamento e de emancipação humana avançadas por Lukács. Aqui, reencontramos a afirmação da validade a-histórica da teoria do valor marxiana e a compulsoriedade da redução do tempo de trabalho que dão um caráter insuperavelmente heterônomo ao âmbito econômico ¿ não obstante a possibilidade, afirmada na Ontologia, de mitigar seus efeitos. Com isso, argumentamos que, além de contrastar com a própria perspectiva marxiana sobre a qual procura se apoiar, Lukács rebaixa a ideia de emancipação humana e a capacidade da práxis, sobretudo em sua dimensão coletiva. A despeito de tais problemas, encontramos também na Ontologia uma perspectiva de totalidade que articula de maneira profícua natureza, indivíduo e sociedade, recorrendo a uma abordagem co-evolutiva entre ser inorgânico, ser orgânico e ser social e a uma interação entre subjetividade e objetividade ¿ o que tem importância contemporânea, mas que é comprometida pela interpretação que Lukács faz da teoria do valor-trabalho de MarxAbstract: This dissertation aims to discuss the analytical extent and limits of György Lukács¿ theory of value in his work The Ontology of Social Being, published after his death. Following the literature on this and drawing from Peter Hudis¿ brief considerations and István Mészáros¿ sharp immanent critique ¿ but also taking some distance from these interpretations ¿ we argue that Lukács¿ reading of Marx¿s labour theory of value contrasts with the Marxian perspective itself, which impacts negatively in the whole theoretical approach of the Ontology. In the base of social reproduction, as theorized in Lukács¿ posthumous work, we find a generalization of the labour theory of value to all social formations. With such generalization comes the imputation of specific aspects of capitalist production to the whole of social being: the indirect character of social production; the opacity of economic valuations; the compulsion to reduce labour time; and the category of socially necessary labour time. In this sense, Lukács¿ position departs from his own demand, in the Ontology, of a radically historical approach to the social being. His perspective, furthermore, is put in movement by the central role ascribed by Lukács to commodity exchange in the historical development of social being, which would take, necessarily, to its unification. Following this, we argue that the Ontology continues its a-historical analysis of the social being resorting to an anachronical attribution of capitalistic determinations to pre-capitalist exchanges, in order to justify an assumed necessary and compulsory movement of reduction of labour time. Therefore, besides departing from his historical perspective, Lukács departs also from another of his demands in the Ontology: the anti-teleological approach to the movement of the social being. Finally, these problems reappear when the Ontology addresses alienation and emancipation in the social being. Here we reencounter the a-historical extension of Marxian labour theory of value to all social formations and the compulsion to reduce labour time. This ascribes an insurmountable heteronomous character to the economic complex ¿ despite the possibility of mitigate its effects in an emancipated society. We argue, therefore, that besides contrasting with the Marxian perspective from which Lukács tries to support his own conclusions, he also demotes the idea of human emancipation and power of praxis, especially in its collective dimension. Despite these problems, there is in the Ontology a perspective of totality that articulates in a fruitful way nature, individual and society, subjectivity and objectivity, putting forward a co-evolutional approach between inorganic, organic and social beings. These fruitful aspects, nevertheless, are compromised by Lukács¿ interpretation of Marx¿s labour theory of valueDoutoradoSociologiaDoutor em SociologiaCAPES2016/17054-4)FAPESP2014/10520-4[s.n.]Ranieri, Jesus José, 1965-Antunes, RicardoCavalcante, SávioMedeiros, João Leonardo GomesDeo, AndersonUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 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