O cisco e a ostra : Augustina Bessa-Luis biogrofa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Filizola, Anamaria
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1599916
Resumo: Orientador: Haquira Osakabe
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spelling O cisco e a ostra : Augustina Bessa-Luis biogrofaThe dust and the oyster: Augustina Luis biographerBessa-Luis, Augustina, 1922-Biografia (como forma literária)Literatura portuguesa - Séc. XXBessa-Luis, Augustina - 1922-Biography as a literary formPortuguese literatureOrientador: Haquira OsakabeTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: Este trabalho analisa as cinco biografias escritas pela romancista portuguesa Agustina Bessa-Luís, a saber: Santo António (1973), Florbela Espanca - a vida e a obra (1979), Sebastião José (1981), Longos dias têm cem anos - presença de Vieira da Silva (1982) e Martha Telles - o castelo que irás e não voltarás (1986). O interesse pelo traço biográfico, manifestado em O susto (1958), romance à clefcujos personagens são inspirados nos poetas Teixeira de Pascoaes e Femando Pessoa, vai se tomar mais evidente após a publicação de Santo António. Tal livro marca uma nova fase na obra da Autora, em que predomina a pesquisa histórica para dar conta de um passado mais longínquo, não alcançado pela memória, seja em romances à elef ou não, e em ensaios. A presença do traço biográfico nessa produção, além das próprias biografias, justifica a pesquisa que busca identificar quais as marcas caracterizadoras desse discurso não ficcional. O trabalho se organiza em três partes. A primeira consiste dum estudo abrangente da obra da Autora, incluindo os ensaios, seguido de um levantamento do estado da arte do discurso biográfico, com o objetivo de estabelecer um protocolo de leitura das biografias. A segunda parte aborda os já citados cinco textos na ordem cronológica em que foram publicados, analisando-se o processo criador das biografias, as quais se apresentam com formatos e enfoques diferentes, mas com marcas comuns, entre as quais destacam-se: a) insatisfação com a produção existente a respeito do sujeito biografado, evidenciando-se aí uma falta que deverá ser suprida pela escritura da biografia em causa; b) desobediência a uma ordem cronológica linear da narrativa, em que o mesmo fato é evocado em diferentes momentos da vida narrada e da narração, resultando numa abertura do texto a diferentes interpretações de ações ou fatos acontecidos na vida do sujeito biografado; c) predileção por documentos escritos pelo biografado como cartas, bilhetes, poemas, sermões, discursos, que se apresentam como meios autênticos de expressão do ser. Mais importante, porém, é que a citação desse discurso do Outro dá ensejo à criação do texto agustiniano, de tal modo que aquela produção se toma parte indissolúvel do discurso da Autora. O resultado dado a ler revela o interesse provocado pelo sujeito biográfico, cuja vida se apresenta como um enigma a ser decifrado, ou como adivinha a ser demonstrada pela biógrafa que desempenha um papel de detetive, à procura de pistas que levem a completar o quebra-cabeça a ser resolvido. O desenho formado pelas peças reunidas, no entanto, é mutável, não prevalecendo nenhuma conclusão fechada, de modo que o sujeito biográfico não se apresenta ao leitor como mitificado com complacência ou radicalismo: é a sua condição humana complexa que é dada a conhecer. Assim, não ficam de fora as fraquezas, os vícios, os defeitos, ao lado das realizações que tomaram a pessoa um sujeito biográfico. Nesse sentido, determinados acontecimentos, ou sua falta, são identificados pela Autora como a "prova da existência" desses indivíduos, ou, como o momento em que sua força plástica é reconhecida publicamente. A terceira parte é a conclusão. Reitera-se o processo criativo da escrita das biografias, diferente da criação ficcional, e conclui-se que, se a obra ficcional de Agustina Bessa-Luís é reconhecida pela crítica como ficcionista, o mesmo não acontece com seus trabalhos de cunho ensaístico em geral e biográfico em particular. No entanto, não deixa de haver uma recognição de seu trabalho de biógrafa, pois das cinco biografias, apenas a de Santo António é fruto de sua vontade, as demais lhe são todas encomendadasAbstract: The present work analyzes the five biographies written by the Portuguese novelist Agustina Bessa-Luís, namely: Santo António (1973), Florbela Espanca - a vida e a obra (1979), Sebastião José (1981), Longos dias têm cem anos - presença de Vieira da Silva (1982) and Martha Telles - o castelo que irás e não voltarás (1986). The interest in the biographical trace manifested in O Susto (1958), an 'à ele! novel whose characters are inspired on the poets Teixeira Soares and Fernando Pessoa, becomes more evident after the publication of Santo António. This book stands as the landmark of a new phase in the Author' s life characterized by the dominance of historical research in order to account for a more distant past, not reached by memory, either in novels - 'à elef' or not - or in essays. The presence of the biographical trace in this production, apart from the biographies themselves, justifies the present research as a step toward the identification of the characterizing marks of this non-fictional discourse. The present work is organized in three parts. The first consists of a comprehensive study of the Author' s work, including her essays, followed by a state of the art research focusing on the biographical discourse aiming at establishing a reading protocol for those biographies. The second part deals with the five above-mentioned texts in chronological order according to their date of publication, analyzing the creative process of biographies, which present themselves in different formats and approaches, nonetheless sharing some marks among which we can point out: a) dissatisfaction with the available production about the biographee, thus evidencing a gap that will be filled in by the writing of the biography in case; b) disregard for a linear chronological order of the narrative, in which the same fact is evoked in different moments of the narrated life and of the narration, leaving the text open to different interpretations of actions or facts that happened in the biographee's life; c) preference for documents written by the biographee such as letters, notes, poems, sermons, speeches, that present themselves as genuine ways of expressing the being. More important, however, is that the citation of this discourse of the Other allows for the creation of the Agustinian text, so much so that that production becomes an indiscerptible part of the Author' s discourse. The result offered for reading reveals the interest raised by the biographee, whose life presents itself as an enigma to be solved, or as a riddle to be demonstrated by the biographer who performs the role of a detective, looking for clues that lead to the completion of a jigsaw puzz1e. The picture formed by the reunited pieces, however, is changeable, not prevailing any closed conclusion, in such a way that the biographee is not presented to the reader as mythicized with complacency or radicalism: it is their complex human condition that is made known. Thus, weaknesses, vices, flaws are not left out and are presented side by side with the achievements that turned the person into a biographee. In this sense, certain events - or the lack of them - are identified by the Author as the 'proof of existence' of these individuaIs or as the moment in which their plastic force is publicly recognized. The third part is the conclusion. The creative process of biography writing is reaffirmed as different from the fictional creation and we conclude that, if the fictional work of Agustina Bessa-Luís is recognized by the critics as fictionist, the same does not happen with her essay-type works in general and her biographic-type works in particular. Nevertheless, this does not invalidate the recognition of her work as a biographer for, out ofthe five biographies, the one of Santo António is a product of her own wish, whereas the others had alI been ordered.DoutoradoTeoria e Crítica LiteráriaDoutor em Teoria e História Literária[s.n.]Osakabe, Haquira, 1939-2008Muhana, Adma FadulBelline, Ana Helena CizottoGotlib, Nádia BattellaOliveira, Paulo Fernando da Motta deUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Teoria e História LiteráriaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFilizola, Anamaria20002000-07-31T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf320 p.(Broch.)https://hdl.handle.net/20.500.12733/1599916FILIZOLA, Anamaria. O cisco e a ostra: Augustina Bessa-Luis biogrofa. 2000. 320 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. 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