O cronista, o menino, o mentiroso e outros heróis : Graciliano Ramos e o Estado Novo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Monteiro Filho, Edmar, 1959-
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1634770
Resumo: Orientador: Alfredo Cesar Barbosa de Melo
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spelling O cronista, o menino, o mentiroso e outros heróis : Graciliano Ramos e o Estado NovoThe chronicler, the boy, the liar and other heroes : Graciliano Ramos and the Estado NovoRamos, Graciliano, 1892-1953Politica e literatura - BrasilBrasil - História - Estado Novo - 1937-1945Ramos, GracilianoPolitics and literature - BrazilBrazil - History - New State - 1937-1945Orientador: Alfredo Cesar Barbosa de MeloTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: Graciliano Ramos produziu uma expressiva parcela de sua obra entre 1937 e 1945, período que coincide com a vigência do Estado Novo no Brasil. Com exceção de Vidas Secas, publicado em 1938, poucos meses depois do golpe que levou Getúlio Vargas ao poder, e de Infância, lançado no apagar das luzes do regime ditatorial, esses escritos mereceram e ainda hoje merecem poucas atenções da crítica literária, que, em geral, considera esses textos como de menor qualidade. Em consequência, os estudos que abordaram as relações entre um dos mais importantes escritores da literatura brasileira e um momento de profundas transformações nos campos social e político no país restringiram-se tão somente à polêmica sobre as contribuições de Graciliano para o periódico varguista Cultura Política, ignorando aquilo que o escritor criou sob a influência da censura e das ideias em voga. A partir da análise de Histórias de Alexandre, A Terra dos Meninos Pelados, Pequena História da República, dos contos surgidos no período, dos capítulos de Infância, investigados cronologicamente, e das crônicas, especialmente os conjuntos versando sobre o cangaço, a literatura nordestina e os quadros publicados nas páginas de Cultura Política, é possível enriquecer a compreensão das escolhas literárias de Graciliano, principalmente no que diz respeito à opção preferencial pelos temas ligados à denúncia da precária realidade do sertão do Nordeste. Dentro dos limites permitidos pelo controle policial, o escritor criticou o descaso histórico para com sua região natal, bem como os erros de uma modernização incapaz de desfazer a gritante desigualdade entre o Nordeste empobrecido e o Sudeste industrializado. Nesse sentido, fez coro com antigos apelos da sociedade brasileira, assim como com a ideologia estadonovista e seus projetos de integração territorial e valorização da realidade nacional. Graciliano dirige ao sertão e ao sertanejo um olhar carregado de ambiguidades, mesclando compaixão e desconfiança, ternura e mágoa, revelando, sobretudo, uma profunda descrença quanto à capacidade de a região avançar rumo à modernidade sem a interferência de um Estado que promovesse a integração nacional e sem a tutela de uma classe ilustrada. A produção de Graciliano durante o Estado Novo revela um escritor profundamente tocado pela injustiça, personificada nas estruturas arcaicas do poder e numa ignorância ancestral, resistente aos avanços do progresso. Assim, ao denunciar um estado de coisas que clama por mudanças, o autor faz dessa importante parcela de sua obra uma profissão de fé no poder do conhecimento e da literatura como armas para promover a transformação da realidadeAbstract: Graciliano Ramos produced an expressive part of his work between 1937 and 1945, a period that coincides with the "New State" in Brazil. With the exception of Vidas Secas, published in 1938, a few months after the coup that brought Getúlio Vargas to power, and of Infância, published in the end of the dictatorial regime, these writings deserved and still deserve few attentions from literary criticism, which, in general, considers these texts as of lower quality. As a result, the studies that dealt with the relations between one of the most important writers of Brazilian literature and a moment of profound transformations in the social and political fields in this country were restricted only to the controversy about the contributions of Graciliano to the varguista newspaper Cultura Política, ignoring what the writer produced under the influence of censorship and influenced by this period. From the analysis of Histórias de Alexandre, A Terra dos Meninos Pelados, Pequena História da República, of the tales created in that period, the chapters of Infância, and from the reading of chronicles, especially the groups dealing with cangaço, northeastern literature and the articles published in the pages of Cultura Política, it is possible to enrich the comprehension of Graciliano's literary choices, especially with regard to his preference for themes related to the denunciation of the precarious reality of the northeastern backwoods. Within the limits allowed by police control, the writer criticized the historical neglect of his native region, as well as the errors of a modernization incapable of undoing the blatant inequality between the impoverished Northeast and the industrialized Southeast. In this sense, his ideas converge with the old appeals of Brazilian society, as well as with the New State¿s ideology and its projects of territorial integration and valorization of the national reality. Graciliano directs to the backwoods and to the people of the backwoods a look full of ambiguities, mixing compassion and distrust, tenderness and grief, revealing a deep disbelief as to the region's ability to advance towards the modernity without the interference of a state that promotes the national integration and without the tutelage of an enlightened class. Graciliano's production during the New State reveals a writer deeply touched by injustice, personified in the archaic structures of power and an ancestral ignorance, resistant to the advances of progress. Thus, in denouncing a state of things that calls for change, the author turns this important part of his work into a profession of faith in the power of knowledge and literature as weapons to promote the transformation of realityDoutoradoTeoria e Crítica LiteráriaDoutor em Teoria e História LiteráriaCNPQ159185/2014-9[s.n.]Melo, Alfredo Cesar Barbosa de, 1979-Salla, Thiago MioMarques, PedroBerriel, Carlos Eduardo OrnelasSilva Filho, João Paulo Lima eUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Teoria e História LiteráriaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASMonteiro Filho, Edmar, 1959-20182018-08-03T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (296 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1634770MONTEIRO FILHO, Edmar. O cronista, o menino, o mentiroso e outros heróis: Graciliano Ramos e o Estado Novo. 2018. 1 recurso online (296 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1634770. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1061686Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-11-28T14:19:41Zoai::1061686Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2018-11-28T14:19:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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