Privatização da velhice e violência contra pessoas idosas : ouvindo idosos e cuidadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Estevam, Érica Aparecida, 1985-
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1636069
Resumo: Orientadores: Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, Rafael Afonso da Silva
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spelling Privatização da velhice e violência contra pessoas idosas : ouvindo idosos e cuidadoresPrivatization of old age ad violence against elderly people : listening to elderly people and caregiversIdososCuidadoresSaúde do idosoViolênciaViolência domésticaAgedCaregiversElderly healthViolenceDomestic violenceOrientadores: Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, Rafael Afonso da SilvaDissertação (mestrado profissional) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: Introdução: As inovações científico-tecnológicas e as transformações socioeconômicas associadas à melhoria da qualidade de vida refletiram no aumento da longevidade. No Brasil, essas mudanças impactaram e trouxeram alterações no perfil demográfico e epidemiológico, produzindo demandas que implicaram em novas formas de cuidado, em especial aos cuidados prolongados e à atenção domiciliar. As questões contemporâneas envolvendo o envelhecimento, violência interpessoal e doméstica têm se ampliado. Relações familiares desgastadas, situação de dependência, dificuldades financeiras, isolamento social, fatores culturais e socioeconômicos, distribuição de heranças e migração dos jovens são apontados como fatores que elevam o risco de violência contra idosos. Objetivo: A presente pesquisa teve como objetivo geral caracterizar e avaliar a privatização dos espaços domésticos, bem como a ocorrência de situações de violência contra pessoas idosas encaminhadas ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social do município de Mogi Guaçu/SP, no período de julho a dezembro de 2017. Métodos: Estudo descritivo, quantitativo e qualitativo, com entrevistas realizadas no domicílio face a face com a pesquisadora, totalizando 54 entrevistas (29 cuidadores e 25 idosos). Foram consideradas as características sociodemográficas, de condições de vida e saúde das famílias, utilizando-se dados dos Prontuários de Atendimento Social. Foram aplicados instrumentos validados: aos cuidadores para verificação de sinais ou suspeita de violência e aos idosos, indícios de violência (Caregiver Abuse Screen e Hwalek-Sengstock Elder Abuse Screening Test), o Self-Reporting Questionnaire e o Mini Exame do Estado Mental. Questões disparadoras definidas previamente também foram usadas como roteiro para entrevistas. Resultados: Observou-se que os encaminhamentos são realizados principalmente pelo Centro de Referência de Assistência Social (26/90; 28,9%), serviços de saúde (23/90; 25,5%), Ministério Público (11/90; 12,2%) e Disque Direitos Humanos (10/90; 11,1%). A negligência representou o principal tipo de violência (31/90; 34,4%). Dos idosos que sofreram violência, 60% (54/90) era do sexo feminino e 71,1% (64/90) tinha idade ? 70 anos, 70% (63/90) residiam em imóvel próprio e, na composição familiar, as situações mais frequentes foram: residir com filhos/cônjuge (17,8%; 16/90), apenas com filhos (16,7%; 15/90), sozinho (a) (14,4%, 13/90) e apenas com cônjuge (12,2%; 11/90); em 33,3% (30/90) dos casos a renda do idoso era a única do domicílio e 37,8% (34/90) haviam realizado empréstimo bancário à época da pesquisa. Os principais equipamentos da rede que atendiam as famílias eram UBS/CREAS (27,8%; 25/90), UBS/CRAS/CREAS (13,3%; 12/90). No tocante às condições de saúde, 78% (70/90) dos idosos referiu uso de medicamentos e, em média, tomavam 4,8 medicamentos por dia; em 51,1% (46/90) dos lares havia a presença de pessoas com deficiência e 55,6% (50/90) referiram que algum familiar era usuário de álcool e/ou drogas. Dados relativos aos cuidadores também foram considerados e, entre eles quase 80% (70/90) apresentavam algum problema de saúde, sendo depressão o mais mencionado. Aplicou-se o instrumento o H-S/EAST nos idosos para verificar indícios de violência, tendo sido positivo em 84% (21/25) dos casos; o SRQ-20 foi aplicado aos cuidadores para verificação de Transtorno Mental Comum, com indicação de 55,2% (16/29), e o CASE, aplicado aos cuidadores para verificação de sinais ou suspeita de violência, apresentou risco aumentado de 62,1% (18/29). A pesquisa em seu desdobramento qualitativo coletou um conjunto de narrativas que, quando realizadas no domicílio, nos permitiram apreender situações que as famílias vivenciam e que são próprias de seus cotidianos. Foram identificadas quatro categorias que possibilitaram melhor compreensão das relações entre cuidadores e idosos: sobre algumas condições que cercam os cuidados, relações familiares, autonomia do idoso e do cuidador, e violência. Deste estudo decorrem discussões que sobre a privatização da velhice e do cuidado, desresponsabilizarão pública, naturalização de discursos, redução da autonomia do idoso e do cuidador em uma esfera ética e política, as disputas e diferentes projetos de autonomia, todas trazem à tona a realidade avassaladora de uma "dupla vulnerabilidade" e a impertinência de julgamentos morais e a impossibilidade de soluções fáceis. Conclusão: Os dados apresentados se revelam importantes para o planejamento de intervenções visando a melhoria nas condições de saúde e de trabalho dos cuidadores, e oferecem subsídios para a formulação de políticas públicas de proteção e promoção à saúde de cuidadores e idosos no município de Mogi Guaçu/SP e de outras localidades com realidades similaresAbstract: Introduction: Scientific-technological innovations and socioeconomic transformations associated to quality life improvement reflected in the increase of longevity. In Brazil, these changes have impacted and brought changes to the demographic and epidemiological profile, creating demands that imply new forms of care, especially long-term care, and home care. Contemporary issues involving aging, interpersonal and domestic violence have widened. Consuming family relationships, dependence situation, financial difficulties, social isolation, cultural and socioeconomic factors, inheritance distribution and youth migration are pointed out as factors that increase the violence risk against the elderly. Objective: The present study had as a general objective to characterize and evaluate the privatization of domestic spaces, as well as the violence occurrence situations against elderly people referred to the Specialized Reference Center for Social Assistance of Mogi Guaçu/SP, from July to December 2017. Methods: Descriptive, quantitative and qualitative study, with interviews conducted in household face to face with the researcher, totaling 54 interviews (29 caregivers and 25 elderly). Socio-demographic characteristics, living conditions, and families'health were taken into account, using data from Social Attention Records. Validated instruments were applied: to caregivers for signs or suspected violence and to elderly, evidence of violence (Caregiver Abuse Screen and Hwalek-Sengstock Elder Abuse Screening Test), Self-Reporting Questionnaire and Mini-Mental State Exam. Previously defined triggering issues were also used as a roadmap for interviews. Results: It was observed that referrals are mainly performed by the Social Assistance Reference Center (26/90, 28,9%), health services (23/90, 25,5%), Public Prosecutor's Office (11/90; 12,2%) and Dial Human Rights (10/90, 11,1%). Negligence represented the main type of violence (31/90, 34,4%). Among elderlies who suffered violence, 60% (54/90) were female and 71,1% (64/90) were aged ? 70 years, 70% (63/90) lived in their own property and in a family composition (17,8%, 16/90), the most common situations were: live with children/spouse (17,8%; 16/90) live with children (16,7%, 15/90), alone (14,4%, 13/90) and only with spouse (12,2%, 11/90); in 33,3% (30/90) of the cases the elderly's income was the only one in the household and 37,8% (34/90) had a bank loan at the time of the survey. The main equipment of health network that served the families were UBS / CREAS (27,8%, 25/90), UBS / CRAS / CREAS (13,3%, 12/90). Regarding health conditions, 78% (70/90) of elderly reported using medication and, on average, took 4,8 medications per day; in 51,1% (46/90) of homes, there were people with disabilities and 55,6% (50/90) reported that some family members were alcohol and/or users. Data on caregivers were also considered, and among them, almost 80% (70/90) had some health problem, whereas depression was the most mentioned. H-S / EAST instrument was applied in the elderly to verify evidence of violence, and it was positive in 84% (21/25) of the cases; SRQ-20 was applied to caregivers to check for Common Mental Disorder, indicating 55,2% (16/29), and CASE, applied to caregivers for signs or suspicion of violence, presented an increased risk of 62,1% (18/29). The research in its qualitative development collected a set of narratives that, when carried out at home, allowed us to apprehend situations that families experience and that are specific to their daily lives. Four categories were identified that enabled a better understanding of relationships between caregivers and elderly: on some conditions that surround care, family relationships, elderly and caregiver autonomy, and violence. From this study arises discussions about privatization of elderly and care, public lack of responsibility , speeches naturalization, reduction of elderly and caregiver autonomy in an ethical and political sphere, disputes and different autonomy projects, all of them bring to light the reality overwhelming of a "double vulnerability" and impertinence of moral judgments and impossibility of easy solutions. Conclusion: The presented data are important for planning interventions aimed at improving health and work conditions of caregivers, and offer subsidies for public policies formulation for caregivers, elderly health protection in Mogi Guaçu/SP, and other locations with similar situationsMestradoEpidemiologiaMestra em Saúde Coletiva, Política e Gestão em Saúde[s.n.]Francisco, Priscila Maria Stolses Bergamo, 1973-Silva, Rafael Afonso da, 1979-Sacardo, Daniele PompeiSouza, Irene DuarteUniversidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências MédicasPrograma de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Política e Gestão em SaúdeUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASEstevam, Érica Aparecida, 1985-20192019-02-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf1 recurso online (167 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1636069ESTEVAM, Érica Aparecida. Privatização da velhice e violência contra pessoas idosas: ouvindo idosos e cuidadores. 2019. 1 recurso online (167 p.) Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1636069. Acesso em: 15 mai. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1087943Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-05-21T15:42:25Zoai::1087943Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2019-05-21T15:42:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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