Significados de velhice bem-sucedida segundo idosos : associações com deficit cognitivo, fragilidade e condições de saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Garcia, Tulia Fernanda Meira, 1974-
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1638084
Resumo: Orientador: Anita Liberalesso Neri
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spelling Significados de velhice bem-sucedida segundo idosos : associações com deficit cognitivo, fragilidade e condições de saúdeMeanings successful aging by brazilian ages people : associations with cognitive deficit, frailty and health conditionsEnvelhecimentoQualidade de vidaFelicidadeSaúde do idosoCogniçãoAgingQuality of lifeHappinessHealth of the agedCognitionOrientador: Anita Liberalesso NeriTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: Velhice bem-sucedida é um conceito multidimensional e uma condição humana complexa cujo principal foco é a boa adaptação em termos físicos, psicológicos e sociais. Objetivos: Foram realizados dois estudos com o propósito de (a) caracterizar o perfil de idosos recrutados na comunidade, considerando significados por eles atribuídos ao conceito "ser feliz na velhice¿ em linha de base (LB) e medidas de cognição, saúde e capacidade funcional observadas em estudo de seguimento (SG), 9 anos mais tarde, e (b) investigar associações entre fluência verbal na fala espontânea, indicada por número de palavras e número de ideias observadas em linha de base, e status cognitivo e fragilidade avaliados no seguimento após 9 anos. Método: Os estudos basearam-se em análises dos dados contidos nos bancos eletrônicos da LB (2008-2009) e do SG (2016-2018) dos Estudos FIBRA Campinas e Ermelino Matarazzo, com idosos nascidos entre 1 de janeiro de 1911 e 31 de dezembro de 1944. Da LB dos dois estudos foram selecionados idosos sem déficit cognitivo, conforme a pontuação média obtida no MEEM, considerando-se os anos de escolaridade, menos um desvio padrão. Esses idosos deveriam ter registros de respostas completas e inteligíveis ao item O que é ser feliz na velhice (em Campinas) e ao item O que é velhice saudável (em Ermelino Matarazzo), na linha de base. Do banco de dados do seguimento foram selecionados os que tinham esses registros na LB e registros completos das variáveis de interesse nos bancos de dados do SG. Por esses critérios, a amostra do estudo 1 ficou composta por 240 e a do estudo 2 por 127 idosos. As respostas aos itens abertos os dois conceitos compuseram o material bruto que foi submetido a análises de conteúdo, uma para cada estudo. Dela foram derivados o conteúdo e a frequência de ocorrência 4 temas e 11 categorias de significado, constitutivos de um modelo de base psicológica construído em pesquisas anteriores. No estudo 1, estudo de perfil, foi feita análise de conglomerados envolvendo os significados, gênero, idade, anos de escolaridade e valores indicativos das diferenças entre os desempenhos dos idosos em condições de saúde, cognição e fragilidade nas duas ondas de medida. No estudo 2, os conteúdos foram usados para a derivação de indicadores de fluência verbal na fala espontânea (número de ideias e número de categorias). Foram usadas análises de regressão logística univariada e multivariada para investigar as associações entre os indicadores de fluência verbal, gênero, idade e anos de escolaridade em LB e déficit cognitivo e fragilidade no SG. Resultados: Das análises de conteúdo foram derivados os temas saúde e funcionalidade, bem-estar psicológico, relações interpessoais e recursos materiais, e respectivas categorias. Da análise de conglomerados resultou uma estrutura em 3 agrupamentos, na qual o saúde e funcionalidade respondeu por 23,9% das associações, dependências em ABVD por 20,2% e relações interpessoais por 20,0%) Os grupos (G) 1 e 2 foram formados majoritariamente por idosos de 65 a 69 anos e por mulheres, com mais (G1) e com menos que 4 anos de escolaridade (G2). A maioria dos idosos melhorou ou permaneceu igual em ABVD, manteve a pontuação ou piorou em AIVD, relatou menos doenças e se manteve no mesmo nível de fragilidade. No G2, a maioria manteve ou melhorou em condições de saúde entre a LB e o SG. O G1 e o G2 diferiram quanto às ocorrência de menções ao tema saúde e funcionalidade em LB (mais no G1) e do tema bem-estar psicológico e relações interpessoais (mais no G2). O G3 diferiu do G1 e do G2 na composição (principalmente homens, idosos com 70 anos e mais e idosos com 5 ou mais anos de escolaridade), mas apresentou praticamente as mesmas associações observadas nos outros dois grupos. Como o G2, os idosos do G3 mencionaram menos o tema saúde e funcionalidade em LB do que os outros dois. Nos três grupos, houve tendência geral de piora na cognição entre a LB e o SG, assim como de condicionar velhice saudável e ser feliz na velhice à presença de boas condições de saúde e funcionalidade. Bem-estar psicológico e relações interpessoais estiveram entre os significados mais citados pelos G2 e G3. No estudo 2, observamos que os idosos com maior número de ideias na linha de base apresentaram menor chance de pontuação para comprometimento cognitivo (OR = 0,39; IC95% 0,22 - 0,69), e que maior número de ideias protegeu-os de pontuar para fragilidade nove anos depois (OR 0,66; IC95% 0,44 - 0,99). Os participantes mais velhos na linha de base apresentaram maior probabilidade de serem frágeis no seguimento (80 anos +: OR = 6,90; IC95% 1,44 - 33,0; 70 a 79 anos: OR 1,47; IC95% 0,72-2,97). Conclusões: Estudos de perfil não permitem fazer afirmações sobre relações de causa e efeito, mas a análise de conglomerados sugere a existência de associações entre percepções sobre a qualidade de vida e condições de saúde, bem-estar psicológico e sociabilidade vivenciadas pelos idosos. As associações observadas entre as condições de saúde e os temas derivados das respostas dos idosos, assim como a piora da cognição e das condições fragilidade, eram esperadas dada a idade da amostra. No estudo 2 observou-se que maior fluência verbal na fala espontânea teve potencial de proteger os idosos do comprometimento cognitivo e da fragilidade, mas que o envelhecimento atuou como fator de risco para a fragilidade, ou seja, medidas de fluência na fala espontânea podem ser usadas para prever comprometimento cognitivo e fragilidade em indivíduos mais velhos. Em conjunto, os dados dos dois estudos sugerem que os significados atribuídos por idosos a suas experiências de envelhecimento são um componente cognitivo e afetivo que interage com as condições objetivas de saúde, funcionalidade física e cognitiva e sociabilidade, podendo contribuir para melhor adaptação, ou velhice bem-sucedidaAbstract: Successful aging is a multidimensional concept and a complex human condition whose main focus is good adaptation in physical, psychological and social terms. Objectives: Two studies were conducted with the purpose of (a) characterizing the profile of elderly people recruited from the community, considering meanings attributed by them to the concept of 'being happy in old age' at baseline (LB) and measures of cognition, health and cognition observed in a follow-up study (SG) 9 years later, and (b) to investigate associations between verbal fluency in spontaneous speech, indicated by number of words and number of ideas observed at baseline, and cognitive status and frailty assessed in the follow-up after 9 years. Method: The studies were based on analysis of the data contained in the electronic databases of the baseline (2008-2009) and the follow-up (2016-2018) of the FIBRA Campinas and Ermelino Matarazzo Studies, with elderly people born between January 1, 1911 and December 31,1944. From the LB of the two studies, elderly without cognitive impairment were selected according to the mean MMSE score, considering the years of schooling, minus one standard deviation. These seniors should have records of complete and intelligible answers to the item "What is being happy in old age" (in Campinas) and the item "What is being healthy in old age" (in Ermelino Matarazzo), in the baseline. From the follow-up database, those with these records form LB and complete records of the variables of interest in the follow-up databasis were selected. By these criteria, the sample of study 1 was composed of 240 and that of study 2 by 127 elderly. Responses to the open items of the two concepts made up the raw material that underwent content analysis, one for each study. From it were derived the content and frequency of occurrence of 4 themes and 11 meaning categories, which make part of a psychological model built on previous research. In study 1, a profile study, cluster analysis was performed involving the meanings, gender, age, years of schooling and values indicative of the differences between the performance of the elderly in health conditions, cognition and fragility in the two measurement waves. In study 2, the contents were used to derive indicators of verbal fluency in spontaneous speech (number of ideas and number of categories). Univariate and multivariate logistic regression analyzes were used to investigate associations between indicators of verbal fluency, gender, age and years of schooling at baseline and cognitive deficit and fragility at follow-up. Results: From the content analyzes were derived the themes health and functionality, psychological well-being, interpersonal relationships and material resources, and respective categories. Cluster analysis resulted in a structure of 3 clusters, in which health and functionality accounted for 23.9% of associations, dependence on ABVD for 20.2% and interpersonal relationships for 20.0%). Groups (G) 1 and 2 were mostly comprised of 65- to 69-year-olds and women with more (G1) and less than 4 years of schooling (G2). Most older people improved or remained the same in ABVD, maintained the score or worsened in IADL, reported fewer diseases, and remained at the same level of frailty, form the baseline to the follow-up. In G2, most maintained or improved health conditions between baseline and follow-up, and G2 differed in the occurrence of mentions of health and functionality in baseline (more in G1) and psychological well-being and interpersonal relationships (more in G2). G3 differed from G1 and G2 in composition (mainly men, aged 70 and over and elderly with 5 or more years of schooling), but presented practically the same associations observed in the other two groups. Like G2, older people in G3 mentioned less health and functionality at baseline than the other two. In all three groups, there was a general tendency for cognition to worsen between baseline and follow-up, as well as to condition healthy old age and to be happy in old age with the presence of good health and functionality. Psychological well-being and interpersonal relationships were among the meanings most cited by G2 and G3. In study 2, there were observed that older people with more ideas at baseline had a lower chance of scoring for cognitive impairment (OR = 0.39; 95% CI 0.22 - 0.69), and that more ideas protected to score them for frailty nine years later (OR 0.66; 95% CI 0.44-0.99). Older participants at baseline were more likely to be fragile at follow-up (80 years +: OR = 6.90; 95% CI 1.44 - 33.0; 70 to 79 years: OR 1.47; 95% CI 0,72-2.97). Conclusions: Profile studies do not allow making statements about cause and effect relationships, but the cluster analysis suggests the existence of associations between perceptions about the quality of life and health conditions, psychological well-being and sociability experienced by the elderly. The associations between health conditions and themes, as well as worsening cognition and frailty conditions, were expected given the age of the sample. In study 2, it was observed that greater verbal fluency in spontaneous speech had the potential to protect the elderly from cognitive impairment and frailty, but aging acted as a risk factor for frailty, or, spontaneous speech fluency measures may be used to predict cognitive impairment and frailty in older individuals. Taken together, the data from the two studies suggest that the meanings attributed by the elderly to their aging experiences are a cognitive and affective component that interacts with objective health conditions, physical and cognitive functionality and sociability, and may contribute to better adaptation or old age. successfulDoutoradoGerontologiaDoutora em GerontologiaCAPES2014-01-P-03489, 2015-01-P-4352, 2016-P-1741[s.n.]Neri, Anita Liberalesso, 1946-Batistoni, Samila Sathler TavaresD'Elboux, Maria JoséRabelo, Doris FirminoWitter, CarlaUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências MédicasPrograma de Pós-Graduação em GerontologiaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASGarcia, Tulia Fernanda Meira, 1974-20192019-10-31T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (141 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1638084GARCIA, Tulia Fernanda Meira. Significados de velhice bem-sucedida segundo idosos: associações com deficit cognitivo, fragilidade e condições de saúde. 2019. 1 recurso online (141 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1638084. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1126238Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-03-02T09:56:08Zoai::1126238Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2020-03-02T09:56:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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