A gramatização do apurinã no século XIX : língua, sujeito e espaço

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bezerra, Diego Michel Nascimento, 1984-
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1642204
Resumo: Orientadores: Ana Cláudia Fernandes Ferreira, Carolina Maria Rodríguez Zuccolillo
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spelling A gramatização do apurinã no século XIX : língua, sujeito e espaçoThe grammatization of the apurinã in the 19th century : language, subject and spaceGramática comparada e geral - GramatizaçãoLinguagem e línguasSujeito (Psicanálise)EspaçoLínguas aruaquesGrammatizationLanguage and languagesSubject (Psychoanalysis)SpaceApurinãOrientadores: Ana Cláudia Fernandes Ferreira, Carolina Maria Rodríguez ZuccolilloTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: Este trabalho tem como objeto de investigação a gramatização da língua apurinã (pup?kary sãkyri) que é falada originalmente ao longo do rio Purus, entre os estados brasileiros do Acre e do Amazonas. O início da gramatização dessa língua pode ser datado a partir da segunda metade do século XIX. Ele se dá a partir do contato entre indígenas e ocidentais na conjuntura imperial brasileira. Nesse período, expedições oficiais e científicas e uma estação missionária cumpriram um papel determinante no reconhecimento deste rio, bem como na divulgação de suas particularidades ao resto do mundo. Diante da necessidade de dizer o desconhecido, essas expedições e essa missão aportaram informações cartográficas, etnográficas e linguísticas. Nestes registros são descritas distintas sociedades indígenas, suas línguas e suas ocupações, o que faz deles materiais incontornáveis para compreender a interpretação do ocidental. Nos anais desse reconhecimento, palavras de origem indígena dessa região foram evocadas para designar lugares, povos, seres e objetos. Nos anais desse reconhecimento, fatos das línguas autóctones começam a compor o corpo de um trabalho de descrição. Diante deste objeto de investigação, visamos reconstituir as formas pelas quais a língua originária da sociedade apurinã se torna produto na reflexão ocidental, compreendo que saberes (o que), que sujeitos (quem) e que espacialidades (onde) estiveram em jogo no início de sua gramatização. A elaboração desse objetivo se apoia no horizonte teórico da História das Ideias Linguísticas (HIL) e da Análise de Discurso (AD), no qual propomos uma abordagem materialista das ideias sobre a língua apurinã produzidas pelo homem branco. Daquele horizonte, exploramos a noção de gramatização (AUROUX, [1992] 2014) como processo pelo qual uma língua é descrita e instrumentada. Deste, exploramos as reflexões de Pêcheux (2014a) e de Rodriguez-Alcalá (2011, 2019) sobre a constituição das evidências do sentido, do sujeito e do espaço enquanto resultados de processos simbólicos e políticos que se operam na história. Para operacionalizar as leituras, adotamos as noções de discrepância (PÊCHEUX, 2014a) e de metalinguagem (AUTHIER-REVUZ, 1998; 1999) tanto para caracterizar o espaço de memória que determina a produção da imagem dessa língua quanto para caracterizar os pontos de autonímia. A montagem do corpus se deu em torno de um arquivo de textos do século XIX que contivessem os itens lexicais Purus e apurinã, observando seus distintos registros ortográficos. A partir disso, foram agrupados para análise três relatórios de militares, dois relatos de um viajante naturalista e a gramática/vocabulário de um catequista. Procedemos a uma leitura acerca da formulação de discursos sobre os espaços, os sujeitos e as línguas relacionadas aos primeiros momentos do contato do ocidental com o apurinã. Constatamos que a imagem do apurinã, nesta conjuntura, se inicia pela unidade da palavra indígena no cerne de uma prática etnográfica e cartográfica e prossegue com as primeiras categorizações gramaticais e com a organização de uma nomenclatura do apurinã. A análise dos documentos revela o espraiamento gradativo do olhar e do avanço colonizador no Purus que produz um discurso das descobertas no e pelo qual se formulam os primeiros saberes linguísticos do apurinãAbstract: This work has as object of investigation the grammatization of the Apurinã language (pup?kary sãkyri) which is originally spoken along the Purus River, between the Brazilian states of Acre and Amazonas. The beginning of the grammatization of this language can be dated from the second half of the 19th century. It takes place through contact between Indians and Westerners in Imperial Brazilian. During this period, official and scientific expeditions and a missionary station played a decisive role in the recognition of this river, as well as in the dissemination of its particularities to the rest of the world. Faced with the need to tell the unknown, these expeditions and this mission provided cartographic, ethnographic and linguistic information. These records describe different indigenous societies, their languages and their occupations, which makes them essential materials to understand the interpretation of the Westerner. In the annals of this recognition, words of indigenous origin in this region were evoked to designate places, peoples, beings and objects. In the annals of this recognition, facts from indigenous languages begin to compose the body of a work of description. Given this object of investigation, we aimed to reconstitute the ways in which the original language of the Apurinã society becomes a product of Western reflection, understanding which knowledges (what), which subjects (who) and which spatialities (where) were at play in the beginning of its grammatization. The elaboration of this objective is based on the theoretical horizon of the History of Linguistic Ideas and of Discourse Analysis, in which we propose a materialist approach to the ideas on the Apurinã language produced by the white man. From that horizon, we explored the notion of grammatization (AUROUX, [1992] 2014) as a process by which a language is described and instrumented. Therefrom, we explored the reflections of Pêcheux (2014a) and Rodriguez-Alcalá (2011; 2019) on the constitution of evidence of sense, subject and space as results of symbolic and political processes that operate in history. To operationalize the readings, we adopted the notions of discrepancy (PÊCHEUX, 2014a) and metalanguage (AUTHIER-REVUZ, 1998; 1999) both to characterize the space of memory that determines the production of the image of this language and to characterize the points of autonimy. The corpus was assembled by an archive of texts from the 19th century that contained the lexical items Purus and apurinã, observing their distinct orthographic records. Therefrom, three reports from military personnel, two reports from a naturalist traveler and the grammar/vocabulary of a catechist were grouped for analysis. We proceeded to a reading on the formulation of discourses on the spaces, subjects and languages related to the first moments of the Westerner’s contact with Apurinã. We found that the image of apurinã, at this juncture, begins with the unity of the indigenous word at the heart of an ethnographic and cartographic practice and continues with the first grammatical categorizations and the organization of a nomenclature of apurinã. The analysis of the documents reveals the gradual spread of the gaze and the colonizing advance on the Purus, which produces a discourse of discoveries in and through which the first linguistic knowledges on Apurinã are formulatedDoutoradoLingüísticaDoutor em LinguísticaCNPQ142167/2017[s.n.]Ferreira, Ana Cláudia Fernandes, 1973-Rodríguez-Alcalá, Carolina, 1964-Aquino, José Edicarlos deBorges, Águeda Aparecida da CruzNunes, José HortaPessoa, Fátima Cristina da CostaUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em LinguísticaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASBezerra, Diego Michel Nascimento, 1984-20212021-08-16T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (285 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1642204BEZERRA, Diego Michel Nascimento. A gramatização do apurinã no século XIX : língua, sujeito e espaço. 2021. 1 recurso online (285 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1642204. 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