Um lugar ao sol : utopia e sofrimento no empreendedorismo popular paulistano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Henrique Bosso da, 1982-
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/4431
Resumo: Orientador: Angela Maria Carneiro Araújo
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spelling Um lugar ao sol : utopia e sofrimento no empreendedorismo popular paulistanoA place in the sun : utopia and sorrow in popular entrepreneurship in São PauloEmpreendedorismoTrabalho e famíliaCultura popularPeriferiasPentecostalismoRelações entre geraçõesEntrepreneurshipWork and familyPopular culturePeripheriesPentecostalismIntergenerational relationsOrientador: Angela Maria Carneiro AraújoTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: As várias crises que afligiram o Brasil nos últimos anos descortinaram relações de insegurança no mercado de trabalho e trouxeram para o primeiro plano a noção de "empreendedorismo". Especialmente a partir dos anos 2010, o tema tem polarizado opiniões que não se limitam à economia, em que tanto aparecem a defesa de um modo de vida autônomo, quanto a denúncia de formas de desregulamentação do trabalho. O empreendedorismo, seja por necessidade ou por convicção, passou a ser percebido em diferentes contextos, como a escola, a família e a indústria cultural, interligados por representar uma alternativa para situações de desemprego e uma renovada subjetividade popular por vezes insubmissa. De modo que, a uma cultura popular historicamente movida por soluções individualistas para situações de sobrevivência ou busca por autonomia, reúnem-se preceitos globalizados de empreendedorismo enquanto racionalização. O objetivo desta tese é descrever o processo em curso de formação de um empreendedorismo de caráter popular, em que elementos de experiência da vida sem salário estruturam modos de vida e estabelecem relações ambíguas com as imposições de modernização. No choque entre a mobilidade social dos últimos anos e a consciência da precariedade do mercado de trabalho, sob o guarda-chuva do anseio contemporâneo por autorrealização, técnicas de autoajuda fomentam a individualização do sofrimento, conformando assim uma estrutura de sentimentos de alcance global em que o avanço da tecnologia revigora e viabiliza formas sofisticadas de autogerenciamento. Dando consequência ao discurso, a formação socioeducativa para os mais jovens estimula a ruptura com o espaço de experiência popular, baseado nos saberes práticos, e ressignifica a noção de mérito, que deixa de assentar-se em critérios objetivos para consagrar atributos abstratos. Por outro lado, o discurso atinge também uma geração anterior de pessoas exauridas por uma vida de trabalho subordinado e receosas quanto ao futuro; estas veem no empreendedorismo uma nova oportunidade de autorrealização, mas cuja adaptação aos novos parâmetros frequentemente lhes traz frustração. Dois vetores de estímulo ao empreendedorismo especialmente destacados aqui são os negócios de impacto social e a Teologia da Prosperidade, que fazem adaptações discursivas específicas para seus públicos. O empreendedorismo popular se posiciona assim no âmago das contradições envolvendo a conservação da família e dos costumes e a renovação da utopia do trabalho através da racionalidade empreendedora. A abordagem metodológica do problema de pesquisa se baseou em etnografia conduzida entre 2017 e 2021 na zona sul de São Paulo em eventos, cultos religiosos e ruas de comércio; entrevistas em profundidade com trabalhadores por conta própria, assalariados que exerciam também outras atividades para complementar a renda e empreendedores; e acompanhamento de redes sociais e mercadorias culturais, reunindo extensa pesquisa empírica e utilização da teoria para identificar modos de vida e seus conflitos, cujas referências se encontram nos trabalhos de Michael Burawoy, E. P. Thompson e Raymond Williams. Como conclusão, afirma-se que o autogerenciamento aponta tanto para a recusa do sofrimento quanto para uma renovada utopia de liberdade às custas da cidadania regulada, fomentando uma sociedade de empreendedoresAbstract: The various crises that have afflicted Brazil in recent years have revealed relations of insecurity in the labor market and brought to the fore the notion of "entrepreneurship". Especially since 2010s, this topic has polarized opinions that are not limited to the economy, in which both the defense of an autonomous way of life and the denunciation of forms of deregulation of work appear. Entrepreneurship, whether out of necessity or out of conviction, came to be perceived in different interconnected contexts, such as school, family and the cultural industry, as they represent an alternative to situations of unemployment and a renewed, sometimes unsubmissive, popular subjectivity. Thus, a popular culture historically moved by individualistic solutions to situations of survival or search for autonomy is joined by globalized precepts of entrepreneurship as rationalization. The objective of this thesis is to describe the ongoing process of formation of an entrepreneurship of popular character, in which elements of the experience of wageless life structure ways of life and establish ambiguous relationships with the impositions of modernization. In the clash between the social mobility of recent years and the awareness of the precariousness of the job market, under the umbrella of the contemporary yearning for self-realization, self-help techniques foster the individualization of suffering, thus forming a structure of feelings of global reach in which the advances in technology reinvigorate and enable sophisticated forms of self-management. Giving consequence to the discourse, socio-educational training for the youngest encourages a rupture with the space of popular experience, based on practical knowledge, and gives new meaning to the notion of merit, which is no longer based on objective criteria to and starts to promote abstract attributes. On the other hand, the discourse also reaches a previous generation of people exhausted by a life of subordinate work and fearful about the future; they see in entrepreneurship a new opportunity for self-realization, but whose adaptation to the new parameters often brings them frustration. Two vectors to encourage entrepreneurship especially highlighted here are social businesses and Prosperity Theology, which make specific discursive adaptations for their audiences. Popular entrepreneurship is thus positioned at the heart of the contradictions involving the conservation of family and customs and the renewal of the utopia of work through entrepreneurial rationality. The methodological approach to the research issue was based on an ethnography developed between 2017 and 2021 in the south periphery of São Paulo at events, religious services and shopping streets; in-depth interviews with self-employed workers, waged employees who also performed other activities to supplement their income and entrepreneurs; and monitoring of social networks and cultural commodities, bringing together extensive empirical research and the use of theory to identify ways of life and their conflicts, whose references are found in the works of Michael Burawoy, E. P. Thompson and Raymond Williams. As a conclusion, this thesis states that self-management points both to the refusal of suffering and to a renewed utopia of freedom at the expense of regulated citizenship, fostering a society of entrepreneursDoutoradoCiências SociaisDoutor em Ciências SociaisCAPES88887.499103/2020-00[s.n.]Araújo, Angela Maria Carneiro, 1952-Guimarães, Nadya AraujoRui, TanieleRizek, Cibele SalibaCatini, Carolina de RoigUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Ciências SociaisUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASCosta, Henrique Bosso da, 1982-20222022-04-08T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf1 recurso online (278 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/4431COSTA, Henrique Bosso da. Um lugar ao sol: utopia e sofrimento no empreendedorismo popular paulistano. 2022. 1 recurso online (278 p.) 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