“Cara de empregada doméstica”: Discursos sobre os corpos de mulheres negras no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fontana, Mónica G. Zoppi
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Cestari, Mariana Jafet
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Rua (Campinas. Online)
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8638265
Resumo: O trabalho analisa a construção discursiva dos estereótipos de mulheres negras no Brasil, com foco na discriminação da figura da empregada doméstica. Com base na teoria da Análise de Discurso, filiada às pesquisas que têm como principal autor Michel Pêcheux, em diálogo com a produção teórica da socióloga feminista negra Lélia Gonzalez, o corpus da pesquisa é composto por textos veiculados nos meios de comunicação brasileiros em torno de duas polêmicas com repercussão significativa em 2013: a aprovação da PEC 66-2012, apelidada “ PEC das empregadas domésticas” , projeto que estendeu aos empregados domésticos direitos já garantidos aos demais trabalhadores formais no país, e o programa federal “Mais Médicos”, que tem como objetivo contratar médicos para atuarem em cidades com carência no serviço básico de saúde. O enunciado que provoca as análises foi a declaração nas redes sociais de uma jornalista sobre o programa “Mais Médicos”: "Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Será que são médicas mesmo?". Perguntamo-nos sobre como são construídos historicamente os sentidos para a designação “cara de empregada doméstica”, percorrendo redes de memórias em que os corpos das mulheres negras são significados (e disputados em seus sentidos) nos discursos da escravidão e do colonialismo, da construção da identidade nacional no mito da democracia racial e dos movimentos sociais contemporâneos de mulheres negras. Considerando que a luta ideológica se dá também no terreno da linguagem, disputando os significantes e produzindo regimes de enunciabilidade e visibilidade, analisamos também os deslocamentos e equívocos que afetam essa designação nas condições atuais de produção e circulação dos discursos sobre “empregadas domésticas” no espaço público e político brasileiro.
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