A servidão involuntária: trabalho, educação e enraizamento em Simone Weil [The involuntary servitude: work, education and rooting in Simone Weil]
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Ágora Filosófica |
Texto Completo: | http://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/475 |
Resumo: | Neste artigo apresentamos uma introdução ao pensamento social da fi lósofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulação de trabalho e educação à luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operários, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuições refl exivas em favor da superação da opressão social imposta aos trabalhadores da produção, cuja “carne de trabalho” é por ela assumida como locus hermenêutico de uma radical reposição da questão sobre o sentido do humano. Na contramão da histórica divisão social do trabalho que promove a degradação do labor manual, Simone mostra que uma civilização não atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas mãos para edifi cá-la não levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressão civilizatória, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da produção os “alimentos” para a satisfação de suas necessidades humanas básicas, mas também sua plena inserção na vida do espírito, seja pela apropriação da cultura “clássica” e universal que lhes é sonegada, seja pela afi rmação da cultura – única e inestimável – enraizada em sua experiência vital. Em suma, a perspicácia subversiva do pensamento de Simone Weil está em mostrar que a opressão social não somente usurpa a dignidade de operários e camponeses, como empobrece a própria civilização, ao privá-la de uma espiritualidade que só pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores. |
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A servidão involuntária: trabalho, educação e enraizamento em Simone Weil [The involuntary servitude: work, education and rooting in Simone Weil]Neste artigo apresentamos uma introdução ao pensamento social da fi lósofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulação de trabalho e educação à luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operários, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuições refl exivas em favor da superação da opressão social imposta aos trabalhadores da produção, cuja “carne de trabalho” é por ela assumida como locus hermenêutico de uma radical reposição da questão sobre o sentido do humano. Na contramão da histórica divisão social do trabalho que promove a degradação do labor manual, Simone mostra que uma civilização não atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas mãos para edifi cá-la não levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressão civilizatória, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da produção os “alimentos” para a satisfação de suas necessidades humanas básicas, mas também sua plena inserção na vida do espírito, seja pela apropriação da cultura “clássica” e universal que lhes é sonegada, seja pela afi rmação da cultura – única e inestimável – enraizada em sua experiência vital. Em suma, a perspicácia subversiva do pensamento de Simone Weil está em mostrar que a opressão social não somente usurpa a dignidade de operários e camponeses, como empobrece a própria civilização, ao privá-la de uma espiritualidade que só pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores.Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)Santos, Luciano Costa2015-01-14info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/47510.25247/P1982-999X.2013.v1n2.p97-114Revista Ágora Filosófica; v. 1, n. 2 (2013): Levinas e a questão da Subjetividade; 97-1141982-999X1679-538510.25247/P1982-999X.2013.v1n2reponame:Revista Ágora Filosóficainstname:Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)instacron:UNICAPporhttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/475/382info:eu-repo/semantics/openAccess2020-08-04T10:42:22Zoai:ojs2.gavoa.unicap.br:article/475Revistahttp://www.unicap.br/ojs/index.php/agora/oai1982-999X1679-5385opendoar:null2020-08-04 10:42:23.856Revista Ágora Filosófica - Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)false |
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Neste artigo apresentamos uma introdução ao pensamento social da fi lósofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulação de trabalho e educação à luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operários, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuições refl exivas em favor da superação da opressão social imposta aos trabalhadores da produção, cuja “carne de trabalho” é por ela assumida como locus hermenêutico de uma radical reposição da questão sobre o sentido do humano. Na contramão da histórica divisão social do trabalho que promove a degradação do labor manual, Simone mostra que uma civilização não atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas mãos para edifi cá-la não levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressão civilizatória, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da produção os “alimentos” para a satisfação de suas necessidades humanas básicas, mas também sua plena inserção na vida do espírito, seja pela apropriação da cultura “clássica” e universal que lhes é sonegada, seja pela afi rmação da cultura – única e inestimável – enraizada em sua experiência vital. Em suma, a perspicácia subversiva do pensamento de Simone Weil está em mostrar que a opressão social não somente usurpa a dignidade de operários e camponeses, como empobrece a própria civilização, ao privá-la de uma espiritualidade que só pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores. |
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Neste artigo apresentamos uma introdução ao pensamento social da fi lósofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulação de trabalho e educação à luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operários, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuições refl exivas em favor da superação da opressão social imposta aos trabalhadores da produção, cuja “carne de trabalho” é por ela assumida como locus hermenêutico de uma radical reposição da questão sobre o sentido do humano. Na contramão da histórica divisão social do trabalho que promove a degradação do labor manual, Simone mostra que uma civilização não atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas mãos para edifi cá-la não levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressão civilizatória, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da produção os “alimentos” para a satisfação de suas necessidades humanas básicas, mas também sua plena inserção na vida do espírito, seja pela apropriação da cultura “clássica” e universal que lhes é sonegada, seja pela afi rmação da cultura – única e inestimável – enraizada em sua experiência vital. Em suma, a perspicácia subversiva do pensamento de Simone Weil está em mostrar que a opressão social não somente usurpa a dignidade de operários e camponeses, como empobrece a própria civilização, ao privá-la de uma espiritualidade que só pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores. |
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