PROJETO CUIDANDO DE MIM: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COM MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

• Autor(a) principal: RUZZON, Juliana
• Data de Publicação: 2005
• Outros Autores: BELTRAME, Paula Dota, FIGUEIREDO, Maria Alice, MICHELS, Michelli Aparecida, VANTEL, Silvana da
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Digital Unicesumar
• Texto Completo: http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7253
• topic: Violência domestica; Mulheres vitimas de violência; Psicologia social

A violência seja ela física, psicológica ou sexual é um instrumento de controle sobre o outro; é um meio de coagir, de submeter o outro ao domínio. Mulheres vítimas de violência não podem contribuir plenamente com seu trabalho e criatividade se estiverem sobrecarregadas com as marcas físicas ou psicológicas deixadas pelos atos violentos. Este trabalho é resultado do estágio básico desenvolvido nas disciplinas de psicologia social e psicologia da saúde, do segundo ano do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Maringá - CESUMAR, em parceria com uma instituição que assiste crianças e mulheres vítimas de violência. A partir da inserção inicial e de observações do contexto local, elaborou-se um projeto de participação social, cujos objetivos eram: a) conhecer o que pensam e sentem as mulheres vítimas de violência; b) contribuir, ainda que singelamente, com algumas reflexões juntamente com aquelas mulheres sobre suas condições de vitimizadas. Foi utilizado como recurso de aproximação, conversação e interação com o grupo de mulheres oficinas de embelezamento feminino (cuidados com a pele, cabelo, unhas, receitas caseiras para alguns desses cuidados). A idéia central era que aquelas mulheres tivessem a oportunidade de sentirem-se bonita externamente, o que já seria um motivo para buscarem resgatar alguma beleza interna, por ora perdida. Como disse uma das participantes: “quem diria que um dia eu ia ficar tão bonita”. As participantes das oficinas eram mulheres que estavam na sala de espera para atendimento psicológico. Os referenciais teóricos de suporte foram sobre psicologia social-comunitária, violência doméstica e grupos operativos. Os resultados alcançados foram duplos, por um lado pode-se disponibilizar um partilhar, entre as mulheres, de dificuldades cotidianas e discussões, ainda que muito tímidas, de possibilidades de mudanças (quanto mais se viam embelezadas externamente, mais disposição pareciam ter para pensar suas condições de vitimizadas), por outro lado as estagiárias secundaristas tiveram a oportunidade de ver a realidade cotidiana de outro modo, ou seja, puderam sair de seus espaços privados e perceber que assuntos que pareciam tão distantes delas, que só acompanhavam nos jornais e telejornais estavam tão próximos, e que a psicologia ainda tem muito por construir.