ORALIDADE, VÍDEO E FOTOGRAFIAS - FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA E DA IDENTIDADE NO MUNICÍPIO DE SANTA FÉ - PARANÁ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: TEIXEIRA, Joubert Paulo
Data de Publicação: 2005
Outros Autores: PELEGRINI, Sandra De Cássia Araújo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Digital Unicesumar
Texto Completo: http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7244
Resumo: Ao longo de nossa pesquisa de Iniciação Científica objetivamos buscar indícios da construção da identidade na cidade de Santa Fé/Pr nos documentos fotográficos, pois à fotografia, como outros tipos de documentos, não pode ser negada como indício de processos históricos. Estes podem ter suas versões reconstruídas pelo historiador. Mas, não transitamos somente entre os documentos visuais (fotografia e filme), mas também pela oralidade santafeense. Em termos metodológicos, consideramos necessário distinguir os tipos de documentos visuais utilizados: de um lado temos o filme e fotografias produzidas pela imobiliária que loteou os terrenos da cidade no início da colonização, com função propagandística; de outro lado temos as fotografias produzidas pelos primeiros moradores realizadas com motivações diferenciadas. Ambas as formas de registro fotográfico e suas respectivas representações surgem no campo simbólico e se destinam a ele, mas embora sejam distintas entre si, se entrecruzam. Devemos lembrar que as identidades, enquanto bens simbólicos originam-se nas experiências reais, conquistadas em espaços comuns de sociabilidade – como a igreja, o campo de futebol, os salões de festas, as vendas. As identidades, construídas a partir do diferente, criam representações comuns que perpassam os registros fotográficos, o filme da imobiliária, registros orais que buscamos interpretar por meio da pesquisa histórica. Ao analisarmos esses registros, percebemos a criação da imagem de uma terra fértil, na qual se colhe tudo o que se planta. Como vemos no filme produzido pela imobiliária, “o café era rei”. Relatos demonstram a chegada de imigrantes à cidade, atraídos pela fama da fertilidade do solo. Produções desse gênero, idealizadas pelos primeiros colonizadores e pela imobiliária Carezzato e França, tendem a vincular a ocupação da região a um “plano patriótico” e a imagem de uma empresa agenciadora da “prosperidade ao povo”, sendo por isso “abençoada por Deus”. Embora não pretendamos mensurar a repercussão dessas imagens entre a população de Santa Fé, percebemos tanto nos relatos quanto nas fotografias certa ênfase na fraternidade entre os membros da comunidade local. Nos relatos vemos uma quase oposição entre o tempo vivido por eles, quando os rumos da cidade estavam em suas mãos, com o tempo atual, onde sua voz não é mais ativa. Concluímos, portanto que em Santa Fé a construção de certos símbolos comuns tedem a ser destacados. A união, a luta pelo progresso, a coragem dos primeiros moradores, a religiosidade são alguns desses símbolos que identificam certos grupos com a própria cidade. Essa construção de uma “identidade santafeense” parece advir de um discurso que visa legitimar tal visão do social e busca estendê-la a todos os cidadãos do referido Município. Contudo, tal percepção nos induziu a questionar em que medida esse aparente “consenso social” ocorreu. Qual a abrangência desse discurso e sua relação com a construção da identidade paraense e nacional brasileira. Por fim, devemos ter em conta também que as identidades não são imutáveis. Ela é permanentente re-elaborada pelos atores sociais a partir de distintos parâmetros. A construção da identidade está vinculada a interpretação do tempo/espaço, este também transforma a identidade, sendo, portanto uma via de mão dupla, não necessariamente equilibrada.
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