ARS MORIENDI PARA O SÉCULO XXI

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: WILLIS, Rita Miranda
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Digital Unicesumar
Texto Completo: http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7680
Resumo: O homem sempre foi consciente de sua trajetória vital: Tempo de nascer, de crescer, de se reproduzir e inevitavelmente, de morrer. Os antigos ensinavam aos jovens a arte de se fazer amor e também a arte de morrer (ars moriendi). No século XV,diante de epidemias como a peste bubônica, ensinava-se mesmo às crianças a arte de morrer . Nessa época, havia a produção em massa de onze xilografias que eram distribuídas a preços irrisórios. Mesmo os iletrados podiam acompanhar o que se passava naquelas gravuras: o drama em que um dia ele seria o principal personagem. Onze xilografias mostravam um moribundo, na sua luta derradeira entre o bem e o mal. Era a ars moriendi que se tornava, na verdade, uma ars vivendi. Ao instruí-los como morrer, os adultos estavam também os ensinando a viver intensamente uma vida que iria se extinguir. Mas e a nossa cultura, o que nos oferece para preparar-nos para a morte? A sociedade moderna vê todos os aspectos naturais de nossa condição humana como problemas que precisam ser solucionados, isso inclui o sexo e a morte, que passaram de assuntos públicos a privados e secretos. Quem nos ensina a morrer hoje? No lugar da ars moriendi do século XV, nossa sociedade oferece a nós a pornografia e a negação de que a morte é natural, mas sim algo obsoleto que será um dia superado pela ciência médica. A boa morte hoje se limita a algo que seja indolor e sem perturbação visual ou feiúra. Com o advento da medicina hightech a morte tornou-se cada vez menos pessoal. O principal personagem do drama não é mais o moribundo, mas o médico e o agente funerário. Apesar de a morte ser tão corriqueira nas representações Holiwoodianas, nem por isso o homem moderno possui mais capacidade de lidar com esse fenômeno. Continuam a temer a visita derradeira do além assim como seus antepassados o faziam, porém a esse medo foi-se acrescentado um aspecto de negação da própria morte que reflete um pensamento de que “ a morte só acontece com os outros.” O objetivo do trabalho é comparar como nossos antepassados e a sociedade moderna encara a morte, a fim de que possamos quem sabe ousar uma mudança. Se a morte é nossa única certeza, porque não nos ocupamos mais dela? Porque a ocultamos em nossos hospitais, tentando ampliar indefinidamente um fim que com certeza virá? Preparando-nos para o episódio final de nossa saga, iremos em contrapartida nos preparar também para viver com intensidade os capítulos que nos são dados a protagonizar nessa terra. A relevância de se estudar a morte é a mudança que essas descobertas trarão aos vivos. A metodologia usada foi o estudo de bibliografias que dizem respeito à morte nos tempos antigos, especialmente na idade média, e também na sociedade moderna. Como resultados temos as 11 xilografias da ars moriendi, assim como sua explicação oral. Conclui-se que a ausência de uma forma de arte do morrer, uma preparação do homem para o seu final certo, deixou uma lacuna enorme em nossa sociedade. É preciso resgatar a dignidade e a necessidade do morrer como fato natural e não como uma falha técnica que possa ser superada. Resgatando a ars moriendi para que aprendamos a ars vivendi: A arte de se viver bem começa com a coragem de se preparar para o encontro com nossa doce inimiga: A morte.
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