Ogó: encruzilhadas de uma história das masculinidades e sexualidades negras na diáspora atlântica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Universitas Humanas |
Texto Completo: | https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/universitashumanas/article/view/2923 |
Resumo: | O projeto luso-europeu de colonização do Brasil, além de proporcionar o encontro com o “outro” (ameríndios e africanos), provocou inúmeros imbricamentos históricos entre o Novo e o Velho mundo, integrantes de círculos culturais completamente divergentes. No Brasil Colonial, as concepções de sexo, sexualidade, erotismo e valores morais de ambos configuraram uma intensa colisão sociocultural em um ambiente classificado por Gilberto Freyre como “ambiente de intoxicação sexual”. O ambicioso projeto mercantil de colonização dos trópicos, movido pela larga utilização do trabalho escravo compulsório, segundo o sociólogo, seria um dos elementos responsáveis pela promoção da depravação e libertinagem sexual dos colonos e colonizados; depravação esta ferrenhamente combatida entre os séculos XVI e XVIII pela Igreja Católica e seu aparelho inquisitorial, que reprimiam e tentavam disciplinar as práticas sexuais coloniais, consideradas extremamente pecaminosas. A cultura cristã-católica de repressão das relações afetivo-sexuais contribuiu de forma decisiva para a transformação do erotismo e da sexualidade em assuntos tabus em nossa sociedade, sempre evitados e rejeitados socialmente através dos tempos. No processo de colonização e escravização de africanos e afro-brasileiros no Brasil é onde se encontram as possíveis origens dos mitos e estereótipos relacionados ao erotismo e à sexualidade do homem negro, como sua hipersexualidade e macrofalia hipotéticas, presentes no imaginário coletivo até nossa atualidade. As violentas tentativas de desumanização, zoomorfização, coisificação e animalização dos corpos de homens negros na diáspora africana através do tráfico humano transatlântico, que acabou desencadeando processos de (re)invenções de suas respectivas identidades, masculinidades e sexualidades, é o foco das discussões que serão desenvolvidas neste artigo. PALAVRAS-CHAVE: Homem Negro; Colonialismo; Sexualidade. |
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Ogó: encruzilhadas de uma história das masculinidades e sexualidades negras na diáspora atlânticaO projeto luso-europeu de colonização do Brasil, além de proporcionar o encontro com o “outro” (ameríndios e africanos), provocou inúmeros imbricamentos históricos entre o Novo e o Velho mundo, integrantes de círculos culturais completamente divergentes. No Brasil Colonial, as concepções de sexo, sexualidade, erotismo e valores morais de ambos configuraram uma intensa colisão sociocultural em um ambiente classificado por Gilberto Freyre como “ambiente de intoxicação sexual”. O ambicioso projeto mercantil de colonização dos trópicos, movido pela larga utilização do trabalho escravo compulsório, segundo o sociólogo, seria um dos elementos responsáveis pela promoção da depravação e libertinagem sexual dos colonos e colonizados; depravação esta ferrenhamente combatida entre os séculos XVI e XVIII pela Igreja Católica e seu aparelho inquisitorial, que reprimiam e tentavam disciplinar as práticas sexuais coloniais, consideradas extremamente pecaminosas. A cultura cristã-católica de repressão das relações afetivo-sexuais contribuiu de forma decisiva para a transformação do erotismo e da sexualidade em assuntos tabus em nossa sociedade, sempre evitados e rejeitados socialmente através dos tempos. No processo de colonização e escravização de africanos e afro-brasileiros no Brasil é onde se encontram as possíveis origens dos mitos e estereótipos relacionados ao erotismo e à sexualidade do homem negro, como sua hipersexualidade e macrofalia hipotéticas, presentes no imaginário coletivo até nossa atualidade. As violentas tentativas de desumanização, zoomorfização, coisificação e animalização dos corpos de homens negros na diáspora africana através do tráfico humano transatlântico, que acabou desencadeando processos de (re)invenções de suas respectivas identidades, masculinidades e sexualidades, é o foco das discussões que serão desenvolvidas neste artigo. PALAVRAS-CHAVE: Homem Negro; Colonialismo; Sexualidade.UniCEUBNúcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afrobrasileiros (AFROUNEB)Santos, Daniel Dos2014-12-18info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/universitashumanas/article/view/292310.5102/univhum.v11i1.2923Universitas Humanas (encerrada); v. 11, n. 1 (2014)2175-74881984-9419reponame:Universitas Humanasinstname:Centro de Ensino de Brasília (UNICEUB)instacron:UNICEUBporhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/universitashumanas/article/view/2923/2454info:eu-repo/semantics/openAccess2014-12-18T09:33:25Zoai:oai.uniceub.emnuvens.com.br:article/2923Revistahttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/universitashumanasPRIhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/universitashumanas/oaiatendimento.seer@uniceub.br || leandro.jesus@uniceub.br1984-94192175-7488opendoar:2014-12-18T09:33:25Universitas Humanas - Centro de Ensino de Brasília (UNICEUB)false |
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