Usuários de crack e/ou similares na área central de Belém-PA: microterritorialidade e precariedade no espaço público

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Alan Pereira
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Carvalho, Rayanne de Souza
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP
Texto Completo: https://periodicos.unifap.br/index.php/pracs/article/view/7003
Resumo: O presente artigo tem por objetivo compreender as microterritorialidades dos usuários de crack e/ou similares, as práticas e estratégias de apropriação de pequenos fragmentos do espaço público, a partir de experiências de campo que delineiam as formas do habitar de usuários de crack e/ou similares no espaço público do bairro da Campina em Belém-PA. As reflexões intentadas se ancoram nas proposições de Souza (1995, 2013) acerca dos “nanoterritórios” e da abordagem microterritorial na geografia, suas aproximações com a etnografia (TURRA NETO, 2013), entendendo a microterritorialidade enquanto táticas cotidianas inventivas ou bricolagens nos termos de Certeau (1998). Ao longo do trabalho desenvolvido, identificou-se que os pontos onde se estabeleciam as cenas de uso de crack e/ou similares apresentavam um caráter de espaço público anêmico, com um encolhimento de margens de manobra, deterioração da sociabilidade e da civilidade, com aparência de “abandono” ou com uma diminuição da frequência com que são visitados. As cenas mais estáveis se estabeleciam em locais de repouso de pessoas em situação de rua. A microterritorialidade dos usuários de crack e/ou similares evidencia uma estratégia cíclica e móvel (SOUZA, 1995), onde as ocupações e o estabelecimento de cenas de uso de drogas ocorriam de maneira expressiva pela noite, momento em que o comércio estava fechado e o bairro se esvaziava. Já o caráter móvel se evidencia pelo deslocamento de cenas, dependendo de fatores como denúncias de moradores do bairro e incursões policiais, elementos naturais ou mesmo ações por parte do Estado. De maneira concreta a microterritorialização dos sujeitos se evidencia por sua presença, mas também por suas “extensões”, seus pertences. Mesmo nos horários diurnos, onde os sujeitos podem estar ausentes dos locais ocupados, se expressam limites, onde muitas pessoas possuem receio de atravessar tais locais e, sobretudo, de permanecer neles.
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