Sujeitos em movimento: possibilidades de superação da pobreza em um acampamento Sem Terra
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Título da fonte: | Revista Desenvolvimento Social (Online) |
Texto Completo: | https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/rds/article/view/1592 |
Resumo: | O ideário neoliberal norteia as mudanças ocorridas, desde a década de 80, nos processos de organização da produção e atuação do Estado. No Brasil, este distanciamento do Estado da regulação capital/trabalho e do atendimento das demandas sociais, também é observado na hegemonia do modelo agroexportador. Este resulta no aumento ainda maior da concentração fundiária, na conseqüente degradação das comunidades campesinas, constituindo-se em uma ameaça às possibilidades de soberania alimentar do país. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST - coloca em discussão as contradições existentes neste modelo, na medida em que não apenas denuncia, mas busca soluções para as diversas formas de injustiças e exclusão social ocasionadas por este modelo. Para isto, busca associar reforma agrária à sustentabilidade. Entre as dimensões da sustentabilidade temos: a dimensão social, enfatizando o combate à discriminação e à reprodução da pobreza; a dimensão cultural promovendo a diversidade e identidade culturais e a dimensão ambiental que prevê a manutenção da integridade ecológica por meio da prevenção da poluição, do cuidado na utilização de recursos naturais e da preservação da diversidade. Assim, a sustentabilidade torna-se uma ousada proposta, pois sinaliza a necessidade de reformulação dos debates tradicionais de desenvolvimento, propondo o envolvimento de princípios e dimensões de forma indissociável. O presente trabalho foi realizado em um acampamento do MST, no município de Ribeirão Preto, SP, através de abordagem qualitativa de cunho etnográfico. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas de julho a outubro de 2006. A análise dos dados foi feita através do método análise de conteúdos. Buscou-se observar como os acampados lidam com as diferenças de gênero, geração, origem campesina e urbana, como eles superam as dificuldades que elas proporcionam e de que maneira estas relações podem fortalecer o grupo na luta contra as diversas manifestações de pobreza numa perspectiva sustentável. Observou-se que uma das principais melhorias na qualidade de vida diz respeito à valorização do trabalhador quanto à capacidade de organizar e liderar ações em busca de seus ideais. Sentem-se encorajados a transcenderem os afazeres do trabalho braçal tornando-se sujeitos ativos no seu processo de emancipação. Entretanto, a permanência de práticas conservadoras, incompreensão acerca dos valores dos jovens acampados e a proximidade com a cidade de Ribeirão Preto são potenciais dificultadores deste processo de emancipação. Ainda assim, a luta pela reforma agrária atrelada à sustentabilidade permite aos acampados compreenderem-se enquanto sujeitos de direitos conquistando melhores condições de vida, bem como construindo laços comunitários que possibilitam relações de reciprocidade que favorecem a superação da pobreza e da deficiência alimentar. |
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